Desde novembro de 2019, quem circula pela RS-437 entre Nova Roma do Sul e Antônio Prado não encontra mais as máquinas que trabalhavam na pavimentação da rodovia. As obras, contratadas pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), haviam começado em outubro de 2017 e previam o asfaltamento de 13 quilômetros em dois anos, com custo de cerca de R$ 14 milhões. Uma vez concluída, a estrada servirá de alternativa à RS-122 para motoristas que se deslocam entre Antônio Prado e Farroupilha, por isso a pavimentação é uma demanda antiga dos municípios da região.
O motivo da paralisação, segundo o prefeito de Antônio Prado, Juarez Santinon (MDB), é a falta de pagamento por parte do governo do Estado à empresa Matt Construtora, responsável pela obra. Em 2017 e 2018, segundo ele, foram empregados R$ 8 milhões na obra, mas nenhum recurso a mais foi destinado no ano passado.
— Muda o governo e muda a prioridade. Nos dois anos do governo Sartori, foram empregados R$ 4 milhões ao ano. No ano passado, não foram colocados recursos, mas a empresa foi tocando a obra até quase o fim do ano. O atual governo não colocou a obra no caixa único do Estado, como a gestão de Sartori — explica Santinon, que se reuniu com representantes do Daer e da Casa Civil do Estado na última segunda-feira (17) para discutir o assunto.
Nos dois anos em que esteve em obras, a maior parte do projeto chegou a ser executada, com o alargamento, construção de sistemas de drenagem e construção da sub-base da rodovia em um total de 11 quilômetros. Com a paralisação, porém, o trânsito na rodovia ficou praticamente inviável, já que as pedras que devem formar o subsolo da estrada são grandes. Além disso, um trecho de 1,5 quilômetro em Antônio Prado não recebeu nenhuma intervenção devido à necessidade de adequações no projeto, e a manutenção é garantida por meio de um termo de cooperação técnica firmado entre prefeitura e Estado.
— O que foi feito está se perdendo. Tem que andar a 30 km/h para conseguir passar ali — afirma um motorista que passa todos os dias pela rodovia e prefere não se identificar.
Para continuar a obra, o Estado busca recursos em outras fontes. De acordo com Santinon, já estão garantidos cerca de R$ 2,5 milhões da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), imposto cobrado sobre os combustíveis pelo governo federal e compartilhado com os estados. A expectativa é de que a liberação dos recursos ocorra ainda no primeiro trimestre, após trâmites internos no governo do Estado. O recurso, no entanto, ainda é insuficiente para a conclusão das obras. Por isso, a expectativa é encaminhar o empenho de mais recursos da Cide para os próximos meses.
O proprietário da Matt Construtora, João Picolotto, disse estar em viagem e, por isso, não tem acompanhado o assunto. A reportagem não conseguiu contato com o representante da empresa que tem acompanhado o caso. O Daer também foi procurado, mas não havia dado retorno até o meio-dia desta quarta-feira (19).