Imaginem cem, duzentas, trezentas pessoas, por meses seguidos, envolvidas na produção de fantasias, carros alegóricos, samba enredo, ensaios de bateria. Um compasso lento e cadenciado que, com o passar das semanas, assume o ritmo frenético dos tamborins em janeiro e fevereiro até a explosão do desfile no Carnaval. O entra e sai do barracão, a troca de turno das costureiras, o toque do ritmista, o balé da passista... Toda essa movimentação nas comunidades cessou em 2017, quando a administração municipal cancelou o repasse para a realização da festa de momo em Caxias do Sul. Foi um duro golpe nas entidades.
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Em vez da agitação, o vazio tomou as sedes da maioria das agremiações, o pó cobriu os adereços, os instrumentos silenciaram e o abandono predominou. A falta de apoio do poder público impregnou de tristeza os integrantes, que se desmobilizaram. Foram poucas as escolas de samba que mantiveram alguma atividade no período.
Passados três anos, o aceno de apoio da gestão, que assumiu a prefeitura depois do impeachment de Daniel Guerra, veio como um alento para alguns dirigentes. A proposta de um evento na Rua Plácido de Castro, mesmo que não atenda ao desejo das escolas por um desfile, enche de ânimo quem pretende que a folia retome – pelo menos em parte – o espaço perdido para os blocos. Mas há entre os foliões aqueles que só voltarão ao Carnaval em 2021, quando o município deverá ter desfiles e competição entre as escolas.
A reportagem percorreu os barracões de seis escolas ativas nas últimas semanas (duas outras escolas chegaram a marcar para receber a reportagem mas uma desmarcou e outra não atendeu) – a cidade já teve em torno de 20 entidades atuantes. Em meio aos cenários de abandono, permanecem a nostalgia e o sonho de voltar a desfilar.
"Quando estávamos na melhor hora, aconteceu de parar"
Joia do bairro Mariani, a Pérola Negra talvez tenha sido a que se manteve mais organizada nesse período entre as escolas de samba visitadas. É que o fim do Carnaval de rua não significou o fechamento do barracão. Pelo contrário, a agremiação manteve os portões abertos e não só aos moradores do entorno, mas a quem quisesse entrar. Aos domingos, quem chegar vai encontrar roda de samba. E, para as crianças, em dois dias da semana, tem oficina de música.
Seu Salésio Evangelista Macedo, 67 anos, e a esposa dele, Joana dos Santos Macedo, 61, receberam a reportagem em uma tarde de sexta-feira. O pequeno salão estava arrumado, com a mesinha ocupada pelos músicos centralizada e cadeiras dispostas ao redor. A copa e a cozinha também estavam impecáveis. Em uma das peças, os instrumentos perfilados descansavam à espera do próximo encontro com os ritmistas. Em outras duas salas, partes de fantasias, com suas penas, plumas e paetês, que nem chegaram a serem usadas. Mesmo guardadas, muitas peças se estragaram, contou seu Salésio. Cismada com a presença do fotógrafo, dona Joana disse que “escola não mostra fantasia”e que o material que puder ser reaproveitado será usado na apresentação do dia. No pátio do barracão, descansava a estrutura dos carros que no passado carregaram alegorias luxuosas e com o passar do tempo se impregnaram de ferrugem.
– Trabalhamos o ano todo aqui. Temos um projeto com as crianças “Juntos na diversidade da Serra Gaúcha” – conta orgulhoso seu Salésio.
O projeto já teve 24 alunos, atualmente são 18, dos oito aos 18 anos. Eles têm palestra e aulas de percussão, teclado e flauta. A ideia, neste ano, é incluir o violão. Aos domingos, tem clube do samba. Ambas as atividades são abertas a qualquer pessoa, sem custo de entrada. A única fonte de arrecadação da escola é a venda de bebidas e lanches. O dinheiro serve para repor mercadorias e pagar a conta de luz.
– Quando estávamos na melhor hora, melhorando o Carnaval de Caxias, aconteceu de parar (corte de verba pública). Agora que vamos fazer esse desfile, vamos ter que tirar dinheiro de algum lugar – comentou o dirigente.
"O povo fica desanimado, dispersa"
Com a sede interditada, a Incríveis do Ritmo teve que improvisar. A área verde do bairro Pioneiro, onde fica o pequeno barracão, na Rua Luís Francescuti, passou a ser o palco das festas de Carnaval. Assim, a escola de samba não se deu por vencida e a cada fevereiro dos últimos três anos promoveu eventos na comunidade.
– Estamos fazendo no molde que adaptamos de 2017 para cá, que é um Carnaval parado (sem desfile), em que a gente traz atrações, grupo de pagode, rap, funk e apresentação da bateria da escola – disse o presidente, Solano dos Santos Garcez, 36.
Parte dos materiais que estavam guardados foram retirados de uma peça e postos no salão para serem selecionados. Ali, no palco, também estava a cabeça da águia, símbolo da escola. Para os dirigentes, quase nada poderia ser aproveitado. No lado externo, estava a estrutura de ferro de carros alegóricos.
– Não tem como fazer o Carnaval que eles (prefeitura) propuseram, de desfile, em um mês. Isso tudo é programado, estudado, com meses de antecedência. Tem que fazer tema de enredo, gravar samba, definir alas, contratar harmonia...
Além disso, com o fim do Carnaval de rua, as pessoas se desmobilizaram. Segundo Solano, entre 2015 e 2016, a escola chegou a desfilar com 360 componentes. Agora, será preciso fazer um trabalho de resgate:
– O povo fica desanimado, dispersa. As pessoas gostam do samba, mas não têm como desfilar, uma escola para participarem, daí elas migram para os carnavais dos blocos. As escolas têm que resgatar de novo a comunidade delas, aquela coisa de ensaiar, de defender o samba.
– O que afeta para nós, comunidade, não ter Carnaval? Se olhar no bairro tem um monte de gente carente (de baixa renda). Se vier a um ensaio, vai ver essas pessoas aqui. São pessoas que não têm condições de ir à praia ou qualquer outra diversão. Então, talvez a única diversão de verão que elas tinham era vir aqui, fazer essa festa. Também afeta aquelas crianças que eram protagonistas em alguma coisa durante o ano e não são mais – comentou Robinson Paim, integrante da diretoria.
"Foi um sufoco"
A Nação Verde e Branco não vai para a Plácido de Castro neste mês. A decisão da diretoria da escola de samba está relacionada ao que aconteceu nos últimos três anos, principalmente, à interdição da quadra e do barracão. Além da falta do recurso repassado pelo município, a agremiação ficou sem sede.
O espaço fica na Avenida Júlio de Castilhos quase esquina com a Rubem Bento Alves. O local era usado pela entidade há mais de 10 anos. É um pequeno terreno, cercado com tapumes, com uma estrutura de alvenaria de seis metros quadrados ao fundo. No pátio, há dois banheiros também em alvenaria. A área foi solicitada pela prefeitura e o caso foi parar na Justiça em 2018. Desde então, a prefeitura não pode entrar no imóvel que segue cadeado e a escola não pode tirar as fantasias do prédio.
Algumas peças que estavam prontas para serem usadas no Carnaval de 2017 foram guardadas na casa de dona Rosaura Moreira Pinto, 67, presidente da escola. A residência fica a alguns metros distante da quadra. Ela exibiu à reportagem a composição da baiana, a roupa da bateria e da porta-bandeira e o estandarte da escola. Tudo parecia intacto. Segundo ela, situação bem diferente estão as peças que ficaram no barracão e que não podem ser mexidas.
– Não posso limpar, movimentar, não posso fazer nada lá – lamentou a dirigente.
Dona Rosaura diz que, quando a prefeitura interrompeu o Carnaval de rua, o samba enredo estava gravado e a harmonia contratada, “foi um sufoco”. Os 250 integrantes da Nação dispersaram e, nesse período, tudo permaneceu fechado. Para este ano, segundo ela, não seria possível aproveitar o mesmo samba, nem mobilizar a harmonia que é de Porto Alegre. Os instrumentos foram cobertos por lonas, mesmo assim, sofreram com a ação do tempo, já que a estrutura precária permite que a chuva chegue ao interior. A esperança dela é que a atual administração desista do processo e que a sede seja devolvida à escola.
"Foi muito triste, muita gente chorou"
Assim como a maioria das escolas de samba de Caxias, a Acadêmicos do Arsenal, no Vale da Esperança, estava com as portas da sede fechadas até recentemente, quando surgiu a possibilidade de realizar um evento de Carnaval neste ano na cidade. A casa que serve como barracão fica ao lado do centro comunitário na Rua Adiles dos Santos.
– Tinha crescido muito o Carnaval, estavam sendo valorizadas as escolas de samba. Tanto que teve escolas que conseguiram adquirir barracões. Foi muito triste, muita gente chorou – lembrou Tatiane Duarte, presidente da escola, sobre o momento do anúncio do fim do Carnaval de rua em 2016.
Ela disse que, desde então, teve negados os pedidos feitos à prefeitura de limpeza, capina e corte de galhos de uma árvore que danificou o telhado e as janelas da casa.
– Tinha meia dúzia de pessoas que estavam no poder e não queriam o Carnaval. Durante esses três anos, ficamos sem apoio – critica Tatiane.
Na parte de cima do imóvel funcionava o clube de mães e, embaixo, oficina de hip hop. Essas atividades cessaram. O golpe mais recente foi o corte de energia elétrica. Enquanto isso, a Arsenal participou de eventos promovidos nos bairros por outras agremiações.
– Dizer que estávamos em atividade é difícil. Não estávamos. Era algum evento que a gente fazia para deixar no ar uma esperança de que a gente voltasse – relatou o líder comunitário José Mariani.
Cansada de esperar pelo poder público, em outubro de 2019, a Arsenal protocolou pedido na prefeitura para poder desfilar no dia 15 de fevereiro deste ano. Depois, ocorreu o impeachment do prefeito e uma nova gestão assumiu e chamou as agremiações para conversar.
– Agora que o Carnaval vai voltar, a gente chora de novo, mas de alegria – disse Tatiane.
No porão, peças de fantasias repousavam junto das onças pretas, símbolo da escola. Na parte superior do imóvel, mais adereços e umas poucas caixetas. A maioria dos instrumentos foi retirada do lugar por segurança. Vendo os materiais, Tatiane não escondia o entusiasmo no dia em que a reportagem esteve no local:
– Isso aqui é um luxo para nós. Por que temos real chance de voltar ao Carnaval? Porque temos tudo isso, é armação, ferro... A gente limpa e recicla e monta novas alas. É uma coisa que nunca vai acabar...
A dirigente disse que irá recorrer às entidades de Porto Alegre e patrocinadores para conseguir ajuda para desfilar em Caxias no dia 29. Tatiane disse que a troca e colaboração com agremiações de outras cidades é comum. A surpresa da Arsenal deverá ser o samba enredo que promete ser polêmico: a Caxias dos últimos três anos.
"Praticamente cortaram as escolas"
De todas as escolas de samba de Caxias, a XV de Novembro é a que tem as melhores instalações, mais nova e ampla. Mas, foi justamente no ano em que a agremiação conseguiu o novo prédio, 2016, que a cidade tinha vivido seu último Carnaval de rua. O imóvel é cedido pela prefeitura e também abriga o Centro Cultural Beltrão de Queiróz.
Como em outros barracões, partes de fantasias foram guardadas para quando a festa de momo fosse retomada.
– Só guardamos porque tem a estrutura de arame que pode ser reaproveitada. O resto não tem como. Panos que apodreceram, estragaram, foram jogados fora. Até porque trabalhamos com crianças aqui, fica complicada a questão da saúde – declarou o presidente da escola Paulo Roberto da Rosa Teixeira, mais conhecido como Cara Preta.
Segundo ele, a maior parte dos instrumentos foi emprestada e acabou não sendo devolvida. Poucos restaram na sede, tornando impossível formar uma bateria, atualmente. Isso remete a uma das características do Carnaval em Caxias em que as escolas costumavam emprestar materiais umas para as outras. Várias relataram esse aspecto de solidariedade. É comum também entre os dirigentes as lembranças dos áureos tempos do Carnaval. Cara Preta lembra de quando o líder comunitário Adão Borges da Rosa ia até os bairros convidar os moradores para participar da folia.
Com o fim do Carnaval de rua, a XV de Novembro ficou tocando o projeto que desenvolve com as crianças, o Ampliando Horizontes.
– Tentamos fazer o melhor para as crianças, tirá-las das ruas, porque paradas elas só vão pensar algo errado. Aqui elas têm tudo. O nosso sonho também era ensinar eles a tocar um instrumento, a fazer fantasias... Inseri-las no Carnaval e para que saiam cidadãos de bem – comentou o dirigente referindo que não conseguiram colocar esse plano em prática por falta de recursos.
Cara Preta acredita que o movimento da nova gestão municipal de resgatar o Carnaval tenha viés eleitoral, em função do pleito em outubro. Mesmo assim, a escola vai participar do evento do dia 29, com componentes, mas sem bateria.
– Se fosse um ano, conseguiria juntar as pessoas. Mas foram três anos. Eles praticamente cortaram as escolas de samba.
"Não deixamos morrer 100% o Carnaval aqui"
A Protegidos da Princesa é um departamento do Clube Gaúcho e ocupa parte das dependências da entidade, na Rua São José, no bairro Pio X. O estandarte verde e rosa traz a data da fundação: 24 de julho de 1934, o que faz da agremiação uma das mais antigas da cidade. A ligação com o clube e o fato de ter uma sede ajudou a Protegidos a manter atividades relacionadas ao Carnaval nesses últimos três anos.
A escola se preparava para o Carnaval de 2017, tinha começado a comprar novos instrumentos e materiais quando soube que não haveria Carnaval de rua. De lá para cá, a escola participou de bailes no clube.
– Não foi como antes, mas não deixamos morrer 100% o Carnaval aqui – declarou Maria Rodrigues, tesoureira da escola de samba.
Para a dirigente, o fim da folia na rua trouxe diversas consequências sociais e culturais:
– Por trás, nos bastidores, uma série de coisas acontecem, que o Carnaval realiza. Trabalho para pessoas que estão desempregadas, novos artesãos que são lançados... Sem falar que acabou com a festa popular brasileira. Ali estavam representadas todas as áreas, da nobre até a baixa (renda), onde todos se reuniam para fazer a festa. Isso acabou se perdendo.
Segundo Maria, as pessoas procuraram suprir a falta das atividades participando dos blocos, mas para ela, não é como estar envolvido com uma escola. Ela conta que, na Protegidos, a movimentação começava em outubro, com levantamento dos materiais, e acelerava com o passar dos meses até fevereiro.
Recentemente, quando a reportagem esteve na sede da escola, o porão do imóvel onde as costureiras trabalhavam, os integrantes ensaiavam, reservava armações de fantasias, algumas peças soltas.
– Não é material que dê para se montar uma escola e sair na avenida, porque, com o passar do tempo, as coisas vão se perdendo, mas conseguimos guardar uma coisa ou outra – disse a tesoureira.
A participação no evento do dia 29 não deve ter os 360 integrantes que se reuniram na última edição, até porque a entidade não representa uma comunidade específica e junta pessoas que vieram das demais agremiações. Porém, marca um recomeço.
– Acho bem viável a gente voltar a se apresentar, por mais que seja de maneira diferente, uma apresentação em cima do palco, não vai ter aquele desfile, mas mostra que as escolas ainda estão vivas, que o Carnaval ainda pode voltar a acontecer em Caxias. É um passinho de cada vez. De repente, nessa volta não triunfal como seria com desfile, a gente consiga se unir mais e se preparar para 2021, e com as próprias pernas, montar um Carnaval para o próximo ano – ponderou Maria.
As agremiações e os projetos para obter recursos
Para alguns dirigentes de escolas de samba, o fim dos desfiles levou a um movimento natural de migração das agremiações para os blocos. De acordo com o presidente da Incríveis do Ritmo, Solano dos Santos Garcez, há espaço para todas as manifestações e a organização dos blocos também deve ser exemplo para as entidades. Ele foi um dos dirigentes que aproveitou o período para se aprimorar. É que a Secretaria de Cultura ofereceu oficina sobre captação de recursos por meio do Financiarte e Lei de Incentivo à Cultura (LIC).
– As escolas estando todas regulares, não precisam tanto (de recursos públicos)... Não vou dizer todas, porque seria hipocrisia. Muitas precisam porque não têm barracão, mas, as que têm barracão conseguem fazer promoções, festas... Com isso, (a escola) conseguiria gerar renda para acrescentar nos valores que a prefeitura repassava. Além disso, dá para pedir patrocínio, inscrever projetos. Só que para isso é preciso estudar, não ficar preso só ao poder público – disse Solano.
Paulo Roberto da Rosa Teixeira, o Cara Preta, da XV de Novembro, também participou da oficina. Segundo ele, o custo para remontar uma escola de samba com enredo, harmonia, fantasias e carros fica em torno de R$ 80 mil. A tesoureira da Protegidos da Princesa, Maria Rodrigues, acredita que o valor seja um pouco maior, cerca de R$ 90 mil. Significa dizer que mesmo com a verba do município, o montante não seria suficiente. Em 2016, último ano em que as escolas organizaram os desfiles com dinheiro público, o município gastou cerca de R$ 380 mil (R$ 200 mil a menos do que em 2015). A premiação para as escolas ficou em R$ 318 mil, divididos entre nove agremiações. A campeã recebeu R$ 57,9 mil, e a vice, R$ 45,4 mil. A partir de 2017, o corte de recursos foi total.
– Se o pessoal fosse atrás de fazer um Carnaval mesmo, não precisaria do dinheiro da prefeitura. Faz almoço, rifa, um baile... É um pouco falta de organização das escolas, e a XV está incluída nisso também. Tem muitas que só esperam dinheiro da prefeitura e outras que têm bastante patrocínio. Acho que a prefeitura deveria abrir portas – disse Cara Preta.
Prefeitura reivindicou sedes
Além da falta de apoio público, o fantasma do despejo rondou as escolas que ocupam espaços cedidos pelo município nesses últimos três anos. Pelo menos cinco agremiações passaram por isso: Pérola Negra, Incríveis do Ritmo, Nação Verde e Branco, Acadêmicos do Arsenal e XV de Novembro. Os casos da Pérola, Arsenal e XV não avançaram, mas a Nação e a Incríveis estão com as sedes interditadas.
Neste ano, quando completa o cinquentenário, a Incríveis acredita que conseguirá reverter a interdição feita pelos bombeiros e renovar a cessão de uso do espaço que é emitida pelo poder público municipal e está vencida, para realizar ensaios e se preparar para a apresentação na Plácido de Castro.
– Podemos usar como depósito, mas não podemos utilizar para atividade nenhuma – lamentou Solano dos Santos Garcez, presidente da entidade.
A Nação, por outro lado, já disse que não vai participar do evento no dia 29 justamente porque não pode usar a sede, nem mexer no que está guardado. Com isso, a escola fica inviabilizada, segundo ela.
– Lá não sai nada e não entra nada. E eu vou ensaiar onde? – comentou Rosaura Moreira Pinto, presidente da escola.
A prefeitura também pediu a casa da Arsenal e o prédio do centro comunitário que fica ao lado.
– Eles entraram com pedido que queriam a casa. A prefeitura (Guarda Municipal) veio e queria entrar. Os instrumentos ainda estavam aqui. Eu disse: “se sumir alguma coisa vocês vão dar conta”, porque eu não estava no bairro quando me ligaram. Queriam estourar o cadeado – contou Tatiane Dutra, presidente da Arsenal.
Ela disse que foi até a prefeitura e falou que tinha a cedência do espaço. Segundo ela, a prefeitura queria demolir a casa. O caso teria ficado na esfera administrativa. A entidade não recebeu nenhuma notificação.
O presidente da XV de Novembro, Paulo Roberto da Rosa Teixeira, conta que o município também pediu que a escola desocupasse o prédio. A Guarda Municipal chegou a ir até a sede, mas, depois disso, o processo não andou.