A estrategia de desenvolvimento sustentável que nasceu ainda em 2007 com a ideia de transformar um complexo de sítios geológicos do Sul do Brasil em Geoparque Mundial certificado pela Unesco avançou mais uma etapa. Ainda no final de 2019, um dossiê formatado pelo Consórcio Intermunicipal Caminhos dos Cânions do Sul — que engloba sete municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina — foi encaminhado à sede da Unesco, em Paris, por meio do Ministério das Relações Internacionais (Itamaraty) e do escritório da Unesco no Brasil.
O documento atendeu aos primeiros requisitos e colocou o complexo entre as 20 áreas, de 16 nacionalidades, que serão avaliadas pela organização. O resultado será divulgado somente em 2021. Atualmente, a Unesco conta com 147 Geoparques em 41 países; um deles é brasileiro: o Geoparque Araripe, no Ceará.
A etapa de avaliação terá visita de avaliadores representantes da Unesco prevista para ocorrer entre os meses de maio e agosto de 2020. O projeto é formado pelos municípios de Cambará do Sul, Mampituba e Torres (no Rio Grande do Sul), Praia Grande, Timbé do Sul, Jacinto Machado e Morro Grande (em Santa Catarina). Além dele, também é candidato brasileiro o Seridó, do Rio Grande do Norte.
— Queremos atrair o turista do Euro e do Dólar. Muitos buscam na Unesco essas regiões com certificação, isso é uma garantia de que ele pode ir com segurança, coloca a região em outro patamar — afirma Cristiano Ramos Vieira, coordenador de turismo na Secretaria de Turismo de Cambará do Sul.
Além do roteiro, lançado em novembro de 2019 na Feira Internacional de Turismo (Festuris) de Gramado, contemplando o pilar do geoturismo, a certificação também exige ações voltadas à geoconservação e à geoeducação. De acordo com Vieira, ao longo de 2018 e 2019 os padrões foram trabalhados nas escolas dos municípios que integram o consórcio, com projetos voltados à preservação, valorização e ao conhecimento dos territórios locais.
Vieira destaca que o selo fornecido pela Unesco não é permanente, sendo renovado a cada quatro anos sob exigência de que os padrões atingidos sejam mantidos.
Saiba mais
Os Geoparques Mundiais da Unesco são áreas geográficas unificadas, onde sítios e paisagens de relevância geológica internacional são administrados com base em um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Os Geoparques favorecem as comunidades locais porque viabiliza o desenvolvimento de parcerias para promover os processos, as características e os períodos geológicos relevantes para a área, bem como temas históricos relacionados.
Entenda o processo de certificação do Cânions do Sul
:: A ideia de constituir um geoparque nasceu em 2007, com envolvimento de 19 municípios gaúchos e catarinenses.
:: Durante uma década, nenhuma ação foi realizada, por isso, em 2017, enxugaram-se os municípios, restando sete envolvidos que formaram o Consórcio Intermunicipal Caminhos dos Cânions do Sul.
:: Em fevereiro de 2018, um evento que reuniu os prefeitos dos municípios da área, além dos secretários estaduais de Turismo do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em Praia Grande, firmou o compromisso coletivo de buscar a certificação junto à Unesco.
:: Em agosto de 2019, uma carta de interesse foi emitida à Unesco e, em novembro do mesmo ano, foi encaminhado à organização um dossiê com trabalhos que os municípios já realizaram e pretendem realizar.
:: A seleção confirmada no início de 2020 estabelece agora um período de avaliação, que ocorre entre maio e agosto, incluindo visita surpresa de avaliação ao território.
:: O resultado oficial deve ser divulgado em 2021. Cada país pode ter até três Geoparques Mundiais, sendo assim, os dois brasileiros encontram-se aptos a serem certificados.