A longa espera na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central 24 Horas em Caxias do Sul gerou revolta entre os pacientes que buscaram atendimento nesta sexta-feira (03). Entregue à comunidade no último dia 20, a recepção da unidade estava lotada por volta das 9h. A principal reclamação de quem aguardava há pelo menos cinco horas pela consulta era a mesma: por pelo menos quatro horas nenhum paciente foi chamado pelo médicos. De acordo com relatos repassados à reportagem, pacientes que chegaram por volta das 2h cansaram de esperar e foram procurar atendimento nas unidades básicas de saúde (UBSs) dos bairros ou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte.
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Entre os que ficaram na UPA Central, estava a cabeleireira Cátia Andrea Cardoso, 47 anos. Ela chegou no local por volta das 4h. Cátia estava com dificuldade de respirar devido aos sintomas de uma forte gripe.
— Tossia muito e ficava sem ar. Eu passei muito tempo indo até o banheiro porque estava passando mal e não tem nem copos descartáveis para tomar água. Não tinha nem condições de perguntar sobre os médicos, mas os demais pacientes perguntavam e a cada momento era uma desculpa diferente. Estava visível que não tinha médico porque por quatro horas ninguém foi chamado — conta.
A aposentada Rosa Maria Lazzarotto Bernardi, 64, enfrenta uma maratona em busca de atendimento. Ela tem desgaste no joelho e precisa de um raio X depois de uma queda.
— Na quinta-feira (02), eu estive na UPA Zona Norte e depois de seis horas de espera me informaram que o raio X está quebrado. Nesta sexta (03), vim na UPA Central e, agora, mais uma longa espera. Estou sentindo muita dor —afirma ela.
A situação é semelhante ao caso de Luís Carlos Milder, 53 . Ele foi diagnosticado com pedras nos rins. Com dor, buscou atendimento primeiro na UPA Zona Norte e depois de uma longa espera sem atendimento foi até a UPA Central:
— Estou com dor, e a espera é longa porque quem tem dor não pensa se é urgente ou não, apenas busca atendimento.
Moradora do bairro Esplanada, a confeiteira Janifer Chagas Ramos, 44, levou o filho Gustavo Forni, 14, para consultar:
— Meu filho acordou às 4h com muita dor de ouvido. Eu perguntei se ele conseguia esperar, mas ele disse que doía demais, e deve ser inflamação. Por quatro horas ninguém foi chamado. Eu tive que sair e pedir a minha mãe que viesse aqui ficar com ele, retornei e ele segue aqui esperando. Sei que não é um caso de urgência, mas como inauguram sem uma escala de médico? Quem tem dor, tem urgência — reclama ela.
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Morador do bairro Bela Vista, o aposentado Erni dos Santos, 54, tem uma prótese no quadril. Ele aguardava de pé pelo atendimento, já que a recepção estava lotada.
— Estou com a prótese há três meses. Como acordei com muita dor e não aguentava mais, vim até aqui em busca de atendimento. Não imaginei que a situação já estaria assim.
O QUE DIZ O MUNICÍPIO
Em relação à demora no atendimento da UPA Central, a secretária da Saúde, Marguit Weber Meneguzzi, irá apurar o que aconteceu e o retorno será repassado à reportagem na tarde desta sexta-feira. Sobre a UPA Zona Norte, a prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, confirma que o raio X está quebrado há um mês. Ainda segundo o município, a peça é importada do Japão. O Instituto de Gestão e Humanização (IGH) já fez o pedido do aparelho. A secretaria de Saúde analisa a possibilidade de alugar um aparelho para suprir a necessidade dos pacientes.