A chegada da estação mais quente do ano também muda a rotina dos cães. Com o calor, eles passeiam mais ao ar livre, pelas ruas da cidade, e assim tem mais contato com outros animais. Outro fator que impacta na vida dos bichos são os frequentes abandonos e fugas comuns nesta época do ano, quando os donos saem de férias e deixam os animais pelas ruas ou sozinhos em casa, e durante as festas de final de ano, quando eles fogem por medo dos fogos de artifício.
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Como eles circulam mais em via pública, aumenta o número de casos de viroses, como a cinomose e parvovirose que comprometem a saúde dos cachorros. Essas doenças são altamente contagiosas e podem levar a morte.
Em Caxias do Sul, não há um levantamento oficial, mas o surgimento de casos a cada semana preocupa veterinários e é um alerta aos tutores. Em uma clínica da cidade foram realizados 20 testes de cinomose e 15 de parvovirose, nos últimos 20 dias. Na semana passada, foram confirmados oito casos de cinomose e cinco de parvovirose. A única maneira de prevenir os vírus é manter a vacinação em dia.
A veterinária Cristiane Vieira Fonseca explica que o vírus nos cães é semelhante ao sarampo nos humanos.
— Os sinais clínicos começam com diarreia e vômito e bolinhas de pus na pele. Podem evoluir para pneumonia e deste estágio parte para uma inflamação no cérebro, que pode provocar a perda da função das patas traseiras, convulsão, e normalmente, o cão não consegue se recuperar dos sintomas e sequelas, e morre.
Em outra clínica da cidade, são atendidos por dia quatro casos de cinomose ou de parvovirose. A veterinária Raquel Costa Borges, afirma que os casos começaram a aumentar em dezembro:
— O número de casos aumenta no verão em função dos cães circularem mais nas ruas, e também dos abandonos, comuns nessa época, porque os donos os largam ou deixam sozinhos e com acesso a via pública e eles têm contato com cães doentes e vão passando o vírus para os demais.
VACINAÇÃO É ESSENCIAL
As veterinárias demonstram preocupação com a falta de vacinação.
— Os casos aumentaram porque provavelmente os donos relaxaram no esquema vacinal, assim como aconteceu com o sarampo nos humanos, que estava erradicado, pararam de vacinar de uma hora para outra, e agora começaram a morrer pessoas. Com os animais não é diferente, também é saúde, é vida, e a vacinação é essencial _ aponta Cristiane.
Ela conta que atendeu um caso em que dos seis cães da casa infectados pelo vírus da cinomose, dois morreram:
— Depois de um ano, a vacina deve ser feita uma vez por ano. Os donos tem a cultura de dar apenas a primeira dose e não vacinar mais. O velhinho é mais suscetível ao vírus. Estou com um caso em que seis cães da mesma casa, que são idosos, contraíram a doença, porque a família adotou um filhote, que não tinha sinais conclusivos, eram leves, mas ele tinha a doença, que apresentou depois de dez dias, e passou o vírus aos demais.
Raquel também deixa claro a importância da vacinação, principalmente, quando há mais de um cão na mesma casa.
— A maior parte dos casos que atendemos são de cães que vivem em casas onde há mais de um cão e eles não estão vacinados. Para evitar os dois vírus tem que vacinar. A vacina tem que ser a importada, porque a nacional não tem essa eficácia, e já atendi muitos casos de animais vacinados e que contraíram o vírus.
Cristiane também ressalta que é fundamental que o cães sejam vacinados por um veterinário, e que a vacina seja importada.
— O único jeito de proteger os cães e manter a saúde deles é a vacinação. Não adianta, tem que vacinar, e o ideal é a vacina importada, porque a experiência mostra que o resultado da nacional deixa a desejar.
O custo médio da dose da vacina gira em torno de R$ 70 nas veterinárias de Caxias.
Parvovirose X Cinomose
A parvovirose é considerada mais agressiva se for avaliar os sintomas do paciente, porque os cães apresentam fezes com sangue e ficam extremamente abatidos. O ciclo da doença é de sete dias, com alto índice de mortalidade. No entanto, de acordo com as veterinárias ainda tem como tentar o tratamento, e reverter a doença.
Já no caso da cinomose, o cão pode apresentar os sintomas por meses, e quando o dono ou tutor busca ajuda, o animal já tem danos neurológicos. Na parvovirose há óbitos, mas são menos do que na cinomose. As mortes são elevadas porque na maior parte dos casos, os cães não resistem aos danos neurológicos.
— A cada dez casos, nove morrem. A doença é letal — ressalta Cristiane.
O vírus ataca o sistema nervoso, os animais convulsionam, pode afetar as funções motoras. Em alguns casos, ele ficam agressivos e outros ainda gritam o tempo todo:
— Tentamos tratar os sintomas, mas não há medicamento eficaz para sintomas como esses. Não há o que fazer em relação a parte neurológica. É muito triste, e em muitos casos é necessário eutanásia para que não sofram porque eles não teriam uma qualidade de vida digna. É difícil a cura e optamos pela eutanásia, é muito triste — lamenta Raquel.
NEGUINHA PRECISA DE UM LAR
Entre os casos dos últimos dias, uma das histórias mais comoventes é da Neguinha. Os donos dela vivem nas ruas. Ela tem em torno de quatro anos e foi diagnosticada com cinomose. A cachorrinha foi internada por protetoras independentes em uma clínica da cidade. Além dos custos altos com o tratamento, a cachorra não pode voltar para as ruas. Ela está em um lar temporário, mas Neguinha precisa de uma adoção especial porque ela ficou com sequelas e tem dificuldade para caminhar.
FIQUE ATENTO AOS SINAIS DAS DOENÇAS
Cinomose
É uma doença infectocontagiosa que afeta cães causada por um vírus da família Paramyxovirus, do gênero Morbilivírus.
Sintomas
Apatia
Perda de apetite
Diarreia
Vômito
Febre
Secreções oculares (remela em grande quantidade)
Secreções nasais (pus)
Convulsões
Paralisias
Tiques nervosos
Falta de coordenação
Parvovirose
O contágio do parvovírus ocorre através do contato com cachorros, fezes ou vômito infectados. Isso torna fundamental a quarentena e os cuidados com os cachorros doentes, tanto para o seu próprio bem, como para evitar que esses agentes da parvovirose se espalhem.
Sintomas
Febre
Letargia
Vômito
Diarreia (em geral com sangue nas fezes e cheiro muito forte)
Recusa de comida
Hipotermia
Taquicardia
Desidratação
Perda de peso
Fraqueza
Depressão
Mucosas pálidas (interior das pálpebras e gengiva)
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