Um trecho de 5,6 quilômetros da Estrada Velha, que liga Caxias do Sul a Flores da Cunha, coloca em perigo motoristas e moradores. De chão batido, a maior parte da via, denominada Vittore Toigo, tem cerca de quatro metros de largura. Isso significa que quando um caminhão ou ônibus transitam em um sentido, outro (mesmo de pequeno porte) no sentido contrário, tem que ir para a valeta para poder dar espaço. São centenas de veículos por dia passando pela estreita estrada o que explica os frequentes acidentes na via.
Além disso, a poeira ocasionada pelo trânsito intenso torna a vida das cerca de 30 famílias que moram no local, insuportável.
— É de chorar — reclama o morador Francisco Borges, 52 anos.
Com a chegada do verão, a situação tende a piorar. Pelo menos seis empresas de médio e grande porte estão instaladas na região. A metalúrgica Franciele Ramos, 27, diz que a fábrica em trabalha, por exemplo, vai triplicar a produção a partir de janeiro. Além disso, ainda este mês vão abrir as sedes campestres do Sindicato do Metalúrgicos e do Sindicato dos Comerciários, localizadas na região.
—O trânsito de veículos deve pelo menos duplicar. Vai ficar insuportável — prevê Franciele.
O excesso de poeira prejudica não só os móveis, as roupas, os objetos, mas também a saúde das crianças e idosos que moram por lá.
Vanessa Oro, 36, que o diga. Com duas filhas pequenas, diz que ficam doentes frequentemente, principalmente com problemas respiratórios. Os idosos também sofrem com o barulho e a poeira.
— Minha mãe (87 anos) só pode sair de casa com máscara — observa Jacinta Montauro, 64.
A diarista Iraci Borges afirma que não dá conta de tirar o pó. As casas ficam sempre fechada.
— Mesmo assim, nos roupeiros e balcões se formam grossas camadas de poeira. Estender roupas para secar ao ar livre é quase impossível. A situação está cada vez pior. Não dá mais para aguentar — diz Iraci.
Os moradores contam que quando a prefeitura de Flores da Cunha resolve patrolar o trecho, a situação fica ainda pior. As nuvens de poeira tomam conta da região e as casas quase desaparecem.
— Queremos que seja asfaltada. Já faz um ano que anunciaram que a verba seria liberada. Enquanto isso, poderiam ao menos baixar a poeira com caminhões de água — diz Franciele.
O QUE DIZ A PREFEITURA DE FLORES DA CUNHA
O município é responsável pela pavimentação de 4,4 quilômetros. Em janeiro de 2018, em visita à cidade, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, sinalizou a liberação de R$ 4 milhões para pavimentar o trecho e que seriam liberados em 30 dias. O prazo não foi cumprido e a prefeitura ainda aguarda a resolução de trâmites burocráticos para pavimentar a via.
O secretário de Obras do município, Almir Zanin, informa que, de lá pra cá já, foram realizadas várias etapas do processo. O empenho da verba ocorreu em julho de 2018 e o convênio com o governo federal foi assinado em maio deste ano. O projeto da obra (com detalhamentos específicos) foi encaminhado em setembro.
Zanin diz que a pressão para a liberação da verba é constante. Representantes da prefeitura, incluindo o prefeito Lídio Scortegagna, já viajaram a Brasília para forçar o andamento do processo.
Ele explica que, se a prefeitura começar a pavimentação por conta própria, o município deixa de receber a verba do governo federal.
— Não temos muito o que fazer, a não ser esperar e pressionar.
O QUE DIZ A PREFEITURA DE CAXIAS
Cerca de 800 metros de Estrada Velha pertencem ao município de Caxias do Sul. A última parte da pavimentação foi entre em dezembro de 2014. A Secretaria de Obras informou que não há previsão de asfaltamento da via. A prefeitura, segundo a nota, está investindo R$ 100 milhões em 70 quilômetros de asfalto no interior, contemplando diversas localidades.