A primeira turma de militares que participaram do programa Soldado Aprendiz do Exército de Caxias do Sul se formou na manhã desta quinta-feira (12). Em cerimônia no CTG do quartel, 38 soldados receberam certificação profissional. Com a adesão ao programa Aprendizagem Profissional, neste ano, o 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) do Exército, situado na cidade, é a primeira organização militar a certificar a formação profissional dos jovens. Na prática, as atividades que já eram desenvolvidas no serviço militar pelos rapazes agora serão reconhecidas e certificadas nos currículos.
O Exército conta com a certificação de cinco programas de aprendizagem profissional: auxiliar mecânico - auto, auxiliar mecânico - elétrica, motorista, cozinheiro e garçom. Todos os programas têm 30,90% de aulas teóricas e um total entre teoria e prática de 851 horas, como previsto no programa.
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Exército de Caxias é primeira organização militar a certificar formação profissional de jovens
Com a adesão do Exército como entidade formadora de aprendizado, Caxias passa a contar com 14 instituições parceiras para incentivar os jovens a construírem um futuro melhor. Atualmente, a Aprendizagem Profissional é considerada o melhor programa de inserção do jovem no mercado de trabalho. As empresas de médio e grande porte são obrigadas a contratar, no mínimo, 5%, e, no máximo, 15% do total dos empregados que demandem formação profissional.
Para o comandante do 3º GAAAe, coronel Leandro Fernandes Moraes, a formatura é um momento de orgulho. Segundo ele, a certificação qualifica uma profissionalização que já existia no Exército.
— Estamos felizes em concluir a primeira etapa deste processo. Os novos soldados terão mais esta possibilidade de inserção no mercado de trabalho, mas de maneira ainda mais qualificada, porque eles têm uma profissão.
O certificado irá refletir uma qualificação diferente de outras seleções porque, no Exército, os soldados são selecionados conforme aptidões físicas e intelectuais. O coronel ressalta, ainda, que já estão sendo fechadas novas parcerias de cursos para o ano que vem e estão em andamento conversas com empresas sobre os currículos dos jovens.
— Começamos com cinco cursos e já passamos para sete. Para 2020, os soldados terão disponíveis aulas de auxiliar de motorista e de vigilante. Também estamos conversando com vitivinicultores para desenvolver atividades na área. Estamos em contato com empresas para que conheçam o currículo desses jovens militares, para que eles tenham mais oportunidades ao ingressarem no mercado de trabalho.
OPORTUNIDADE DE APRENDER
Entre os formandos, estavam os jovens Bruno Dalpra Zuanazzi, 18 anos, e Eduardo Guerreiro, também de 18. Dalpra, como é chamado no quartel, foi voluntário, ou seja, quis prestar serviço militar. Pelo perfil, o jovem cursaria mecânica, mas aceitou o desafio de aprender a cozinhar.
Já Eduardo Guerreiro atua como garçom. Ele comemora a formatura e tem planos para o futuro:
— Passamos o ano todo aprendendo algo diferente, recebendo instruções, e percebi que a prática é o que ensina mais. É uma experiência e uma chance única que vivemos. Eu quero seguir no quartel e fazer o curso de cozinheiro; depois, seguir nessa área da gastronomia. Estou feliz porque tenho chance de me colocar bem no mercado — comemora Guerreiro.
INICIATIVA
A ideia da parceria no programa surgiu da tese de doutorado da advogada Sandra Liana Sabo de Oliveira. Graduada em Direito pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), mestre em Direitos Fundamentais e Relações de Trabalho pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e doutoranda em Direito Público na Universidade de Coimbra (UC), ela escreveu sobre Políticas Públicas de Empregabilidade aos Jovens.
O conhecimento do tema e a proximidade com o Exército, visto que é esposa do subcomandante do 3º Grupo de Artilharia Antiaérea (3º GAAAe) Júlio Cezar Dutra de Oliveira, inspirou a iniciativa. Sandra procurou o gerente regional da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia (antigo Ministério do Trabalho e Emprego), Vanius Corte, em março deste ano para apresentar a proposta.
Se o projeto for ampliado e colocado em prática em outras cidades, considerando que aproximadamente 70 a 80 mil jovens em todo Brasil prestam serviço militar, poderiam ser beneficiados em torno de 20 mil jovens brasileiros.