Os caxienses que precisam deixar a cidade para outras regiões devem estar atentos porque além da geometria das rodovias – cheias de declives e curvas acentuadas – vão enfrentar problemas na pavimentação e na sinalização. Sem falar que, se tiverem alguma intercorrência, terão de contar com serviços particulares, já que apenas um dos trechos é pedagiado e oferece guincho e socorro.
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O Pioneiro percorreu seis rodovias que ligam Caxias do Sul a outras regiões nos dias 27 de novembro, 3 e 4 de dezembro. Os trechos mais perigosos estão no perímetro urbano da RS-122 (entre o Viaduto Torto e o bairro Santa Fé), em Caxias, e no Km 4 da RS-486, em Itati, onde permanecem na pista as rochas que caíram da encosta em maio deste ano. Além disso, novas crateras se abriram na 122, em direção a Farroupilha. Motoristas reclamam das condições da estrada.
– Esse trecho é muito ruim. Está muito abandonado e faz horas que está assim. Deram uma tapada (nos buracos), mas com a chuva abre tudo de novo. Tem uns buracos muito grandes (na 122), danifica bastante o veículo. Tem que desviar e isso é perigoso – comentou o motorista de caminhão Jonatas Herter, 36 anos, que diariamente traz cargas de cilindros hidráulicos de Carazinho para Caxias e Flores da Cunha.
Na tarde da última terça, na RS-453, em Bento Gonçalves, o caminhoneiro Anderson Patricio, estava em uma borracharia na margem da rodovia fazendo manutenção no caminhão.
– Peguei uns buracos e frouxou o ventil (dos pneus). Esse trecho de Bento até Caxias do Sul é o pior. Está bem ruim – desabafou.
O dono da borracharia, Valdemar Pereira, diz que, há tempos, o trabalho de conserto e socorro é intenso em função da condição precária das rodovias da região.
– Tem bastante serviço. Faço muito socorro porque é muito buraco. O pessoal reclama bastante. Essa região da Serra que é muito rica tinha que ter estradas triplicadas, três pistas. Não deveria ser assim. Entra governo e sai governo e fica sempre a mesma situação.
Os caminhos a partir de Caxias:
Para Antônio Prado, pela RS-122
:: De forma geral, boa pavimentação e sinalização. São 49 quilômetros sob a concessão da EGR. A rodovia tem pista simples, com terceira faixa nos trechos mais íngremes. Não tem acostamento. Tem curvas acentuadas. O fluxo de caminhões é intenso e a velocidade máxima permitida varia de 60 a 40 km/h, em média. Os principais problemas encontrados estão no asfalto desgastado e com remendos de tapa-buracos, alguns pontos de ondulações na pista e de deformação no asfalto, os borrachudos. O posto de pedágio fica no Km 100, em Flores da Cunha. O valor é R$ 7. A concessão inclui, serviços de guincho (198) e de socorro (0800 0090 192), manutenção de pavimento e da sinalização, roçada, limpeza de pista e canaletas. O pior trecho fica na altura do Km 126, a dois quilômetros do acesso a Antônio Prado, onde o asfalto está mais deteriorado e com remendos. A sinalização vertical (placas) é muito boa. Na terça-feira pela manhã, estava sendo feita a capina nas margens da rodovia no trecho mais próximo a Caxias.
Para São Marcos, pela BR-116
:: A partir do Km 147, no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Caxias, são 32 quilômetros até o município vizinho. No perímetro urbano, a rodovia é duplicada, tem boa sinalização horizontal (na pista) e vertical (placas) e semáforos. A vegetação está alta no canteiro central, o que, por momentos, atrapalha a visibilidade em relação ao sentido contrário. A velocidade alterna entre 60 e 40 Km/h. Na área rural e no decorrer do trajeto a pista é simples, com trechos de terceira faixa nas subidas e sem acostamento. A pintura no asfalto é regular, mas há muitas curvas sem marcação central da pista, o que pode confundir os motoristas, principalmente, à noite. Em alguns trechos, a pintura lateral também está apagada. Nas margens, muitas placas estão encobertas pela vegetação alta e há pontos com acúmulo de galhos que caíram da encosta. O pavimento é bom na maior parte do percurso, com trechos de desgaste, remendos decorrentes de tapa-buracos e alguns buracos esporádicos. Um dos pontos com problema é no Km 126, onde ficava o antigo pedágio. O esqueleto da estrutura ainda está na margem e, no asfalto, há ondulações e partes de ferro onde eram afixadas as cabines. Não tem pedágio, por isso não conta com serviço próprio de guincho ou de socorro.
Para Nova Petrópolis, pela BR-116
:: Acessando pela Avenida Bruno Segalla (Perimetral Sul), no Km 154 da rodovia federal, são 30 quilômetros de distância e muitas curvas acentuadas. A pista é simples, com terceira faixa nos trechos de subida mais íngremes e sem acostamentos, mas com alguns recuos que permitem a parada. A pavimentação é boa na maioria do trajeto, mas há pontos onde o asfalto apresenta desgaste. O fluxo de caminhões é intenso o que deixa o trânsito lento. A maior parte das placas está escondida pelo mato alto nas margens. No perímetro urbano de Caxias, é preciso ter cuidado no Km 155, porque há terra e pedriscos sobre a pista. Segue um trecho de sinalização ruim no asfalto e buracos esporádicos, como no Km 158, onde há um buraco no centro das duas faixas. Mais adiante, no Km 167, onde houve queda de uma árvore sobre um carro que passava pela rodovia, as toras de madeira ainda estão na margem. Da mesma forma existem outros pontos de deslizamentos de terra e de obstrução das valetas laterais. Já no perímetro pertencente a Nova Petrópolis, a sinalização na pista é melhor e a pavimentação também. Apenas na entrada da cidade há ondulações no asfalto. Não tem pedágio, por isso não conta com serviço próprio de guincho ou de socorro.
Para Bom Princípio pela BR-116 e RS-452
:: O trecho da BR-116 até Vila Cristina (Km 172), em Caxias, é o mesmo do caminho até Nova Petrópolis. A parte pior está na RS-452 e, justamente, no distrito, quando se acessa a rodovia estadual. Logo após o trevo, existem buracos antes e depois da ponte sobre o Arroio Pinhal, no Km 26. Um deles é causado pelo transbordamento de outro curso d'água que danificou o asfalto na extensão das duas pistas. É preciso atenção porque os veículos – muitos, caminhões – diminuem bruscamente a velocidade ao chegar no local. Outros invadem totalmente a pista contrária na tentativa de desviar da cratera, mas acabam encontrando outro buraco. No restante da rodovia, até Alto Feliz, a pavimentação e a sinalização horizontal (na pista) é boa. As placas também estão em boas condições, apenas algumas encobertas pela vegetação. A maior parte da 452 é de pista simples, com acostamento e alguns pontos com tachões no eixo da rodovia. A velocidade máxima permitida é de 80 Km/h. Há trechos de 60 Km/h e de 50 Km/h nas áreas urbanas. Em Vale Real, existe um trecho com terceira faixa no sentido Feliz-Caxias. No acesso a Alto Feliz, há ondulações no asfalto, remendos decorrentes de tapa-buracos e desgastes. Do Km 216 ao 221, o pavimento está ruim com buracos e remendos até o perímetro urbano de Feliz. Depois, até Bom Princípio (Km 226) a rodovia volta a ficar boa. Não tem pedágio, por isso não conta com serviço próprio de guincho ou de socorro.
Para Garibaldi, pela RS-122 e RS-453
:: No trajeto de 34 quilômetros de Caxias até o entroncamento com a BR-470, no chamado trevo da Telasul, em Garibaldi, houve uma alteração nos pontos mais problemáticos. Até um mês atrás, o trecho da RS-453, de Farroupilha até a BR, onde a pista é simples, com terceira faixa nas subidas, estava intransitável, mas passou por um tapa-buracos. Há muitos remendos, mas está trafegável. A sinalização vertical (placas) permanece encoberta pelo mato nas margens e a horizontal (pintura) parcialmente apagada. Agora, os buracos se concentram no trecho da RS-122, entre Caxias e Farroupilha, onde há pista dupla. Uma das crateras é tão grande e estava causando tantos danos aos veículos que o Grupo Rodoviário da Brigada Militar colocou cones restringindo o tráfego a apenas uma faixa. Outro ponto de buracos é próximo à Tramontina entre os semáforos. Há cerca de sete meses, a prefeitura de Farroupilha fez tapa-buracos no local, mas eles reabriram. Uma das crateras ocupa uma pista inteira na largura e os carros e caminhões precisam desviar pelo acostamento. Nesse perímetro, a sinalização é boa. Na parte inicial do trajeto, na RS-453, em Caxias, o problema é a vegetação alta no canteiro central que atrapalha a visibilidade e dificulta os retornos. Não tem pedágio, por isso não conta com serviço próprio de guincho ou de socorro.
Para o Litoral Norte, pela Rota do Sol (RS-122, RS-453 e RS-486)
:: No primeiro trecho de 11 quilômetros pela RS-122, na área urbana de Caxias, entre os Kms 69 e 80, existem buracos profundos e deformações nas pistas. Os piores pontos são na altura do Km 73 e Km 79, onde há sequências de buracos. O fluxo de veículos leves e de caminhões é intenso no local, o que exige que eles desviem pelo acostamento. A ERS-453, do Km 141, em Caxias, até a ligação com a ERS-486, em Itati, tem maior parte do percurso com boa pavimentação, apenas um ou outro buraco e alguns remendos. Há uma parte onde o asfalto é ruim entre o acesso à ERS-110 (Km 239), que leva a Jaquirana, e a entrada para a ERS-020 que vai para São Francisco de Paula (Km 243). Depois de percorrer cerca de 120 quilômetros, a RSC-453 passa a ser ERS-486. Essa rodovia tem o trecho com mais problemas, com asfalto deteriorado e buracos. Além disso, é nela que está o ponto mais crítico da Rota do Sol, a obstrução da faixa sentido Caxias-Litoral pelo desmoronamento de rochas da encosta. Seguem liberadas as duas pistas no sentido oposto, que estão sendo usadas uma para cada direção.
Com pista simples em toda a extensão, a rodovia tem aclives e declives. Nos mais íngremes, há terceiras faixas, o que acarreta a perda do acostamento. A descida da Serra tem curvas fechadas. Atenção para dois túneis nessas situação. O segmento litorâneo da estrada é plano em quase toda a extensão.
O trecho da RS-122 está com a pintura nas pistas (sinalização horizontal) apagada. Além disso, há placas danificadas e em estado precário e faltam indicações de Kms. Na RS-453, de forma geral, ambos os tipos de sinalização estão bons. Na RS-486, há ausência de marcação na pista em alguns trechos. O ponto da queda de barreira está bem sinalizado com blocos de plástico refletivos, mas exige cuidado, principalmente à noite e em dias de chuva e neblina, por ser junto ao Viaduto da Cascata e entre curvas. A RS-122 é a que apresenta vegetação mais alta nas margens, o que acaba encobrindo placas e dificultando a visibilidade. A RS-453, não tem problemas desse tipo. Não tem pedágio, por isso não conta com serviço próprio de guincho ou de socorro.
O QUE DIZEM
O Daer
:: Segundo o Departamento, o recurso liberado pelo governo do Estado em junho, embora considerável (R$ 12,4 milhões para a 2ª Superintendência Regional com sede em Bento Gonçalves), foi limitado. A maior parte foi utilizado na RS-122 (entre Farroupilha e São Vendelino), com melhoramentos nas terceiras pistas e na pavimentação e sinalização da rodovia como um todo. Na 453, foi feito tapa-buracos do Trevo da Telasul até Farroupilha. Conforme o Daer, é preciso mais recursos e uma regularidade nos repasses para programar a atuação da empresa que faz a conservação para atuar em toda a rodovia e não tapar apenas um ou outro buraco. Na RS-452, equipes do Daer trabalharam na limpeza dos bueiros na altura do Km 26 na última terça-feira. Porém, a recuperação do pavimento só será feita com a liberação de verba para pagamento da Encopav e depois da chegada de CAP (insumo necessário para a fabricação do asfalto), que não está sendo fornecido pela Petrobrás nos últimos dias. O fornecimento deve voltar a ocorrer no dia 10. Com isso, será retomado tapa-buracos nas outras rodovias.
O Dnit
:: Não há contrato de conserva em vigor para a BR-116. Uma licitação para escolher a empresa que ficará responsável pela manutenção da rodovia foi feita há cerca de seis meses, mas uma concorrente entrou com recurso. Outras medidas judiciais também atrasaram o processo. A expectativa é de que, até o final do mês, seja definida a vencedora e seja assinado o contrato. À empresa caberá a limpeza, o tapa-buracos, a drenagem e a sinalização de todos os trechos da BR-116 na região. Porém, não há previsão de intervenções mais profundas, em função de falta de recursos. Conforme a unidade local do Dnit, uma manutenção resolverá os problemas pontuais existentes na região. Entre eles, está o caso do antigo pedágio, em São Marcos, onde é preciso demolir o concreto e refazer o pavimento. A expectativa é de que, se tudo der certo, o serviço comece em janeiro de 2020. Assim que iniciado, a previsão é que seja concluído em três meses.