Há 10 anos, o administrador, Wilker Moura, 46 anos, mora no Loteamento Cidade Industrial, em Caxias do Sul. Desde então, ele, a família e os vizinhos convivem com o mesmo problema: a falta de pavimentação no acesso ao bairro. A Rua João Rippel, paralela à ERS-122, é utilizada pelo transporte coletivo. A principal reclamação é em relação ao pó e às doenças crônicas enfrentadas por crianças que passam pelo trajeto, uma vez que esse é o único acesso para quem chega ou sai da localidade de ônibus.
— Temos dois acessos ao Cidade Industrial, um deles asfaltado recentemente em função de um novo loteamento que está sendo construído na região, e o outro por essa rua sem calçamento. Mas para quem precisa apenas do transporte coletivo é a única alternativa. Os moradores pagam IPTU e estão cansados do descaso — reclama Moura.
A moradora Maria da Silva, 56, que mora no trecho asfaltado da João Rippel, também enfrenta problemas com o pó:
— É muita poeira na casa toda. É bem complicado para quem mora na região— afirma.
A técnica em enfermagem, Albertina Talia Pinheiro Carvalho Moura, 42, precisa utilizar o ônibus diariamente. Mãe de uma menina de seis anos, ela enfrenta problemas respiratórios.
— O ônibus entra o bairro pela João Rippel. É apenas um trecho de chão batido, mas que afeta os moradores. Minha filha tem alergia ao pó e a poeira, tem renite e eu tenho asma. É bem complicado. Precisamos de calçamento— cobra.
Para Moura, é inadmissível que o município não tome atitudes para resolver a situação.
— No verão é um terror de tanta poeira, o que a prefeitura gasta com cascalho e patrolamento já dava para ter pavimentado o acesso mais de uma vez. Os ônibus estão sempre empoeirados. Em dias quentes e secos quando o ônibus passa sobe uma nuvem densa de poeira— reclama.
COBRANÇAS AO PODER PÚBLICO
O administrador conta que ligou há meses para solicitar ao município a pavimentação da rua. A prefeitura alega que não há solicitação ou até mesmo a mudança do trajeto do ônibus.
— Liguei para o Alô Caxias e me disseram que eu teria que ir lá pessoalmente preencher um papel. Estamos na iminência do século 22, mas ainda faz-se necessário preenchimento de papel para abrir uma solicitação, que acredito eu, seria apenas mais uma na estatística.
Moura reitera que os moradores já cobraram inúmeras vezes ao longo dos anos a pavimentação da via.
— São dez anos. O município desconhece isso?— questiona, ele.
CONTRAPONTOS
O QUE DIZ A SECRETARIA DE OBRAS
De acordo com a Secretaria de Obras, o procedimento de solicitação de asfaltamento é via protocolo geral, abrindo processo administrativo. Com isso, o pedido vai ser analisado tecnicamente e será dado um retorno. Então, o solicitante precisaria abrir a solicitação na prefeitura. Ou então, em caso de manutenção, o pedido pode ser via 156.
A secretaria informa que a manutenção é regular na via, mas quando chove, fica prejudicada e precisa ser feita novamente. Outra possibilidade aos moradores, segundo o município, seria a pavimentação comunitária. Nesse caso, o solicitante deve procurar a Coordenadoria de Relações Comunitárias para solicitar orientações e abertura do pedido. O retorno sobre a viabilidade de asfaltamento será dado de forma oficial, por esse meio.
O QUE DIZ A SECRETARIA DE TRANSPORTES
Sobre alteração da linha, a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM) afirma que não há solicitação, mas reitera que a Rua João Rippel integra o itinerário da AL-55-Cidade Industrial, do transporte coletivo urbano, porque é a única via de acesso ao lado norte do loteamento. Durante a análise técnica para definição do roteiro verificou-se que não há outra alternativa na região para o deslocamento dos veículos.
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