Escoteiros do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se reuniram em Caxias do Sul neste sábado (5) para colocar em prática a essência do escotismo: servir a comunidade. A cidade foi palco de um mutirão de ação comunitária realizado pelos Escoteiros do Brasil. O evento, chamado AstroMut, contou com a participação de cerca de 380 jovens e adultos, que se dedicaram a atividades em 13 pontos da cidade para transformar a realidade de escolas, entidades e comunidades caxienses.
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O grupo atuou junto a crianças, idosos, portadores de necessidades especiais, moradores de áreas de vulnerabilidade social e promoveram melhorias em escolas. Entre as principais ações, destacam-se a pintura das paredes da Escola Estadual de Ensino Fundamental José Venzon, no bairro Bela Vista; manutenção, confecção e pintura de casinha de cachorros, visita e atividades no Lar da Velhice São Francisco de Assis; pintura de telas na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev); preparação de refeições para moradores carentes na região do Esplanada; arrecadação e separação de tampinhas para a Domus; recreação na Estrela Guia; e organização de brechó beneficente para a Associação Criança Feliz.
Caxias do Sul já recebeu dois mutirões escoteiros nesse formato, o primeiro em 2011, a nível regional, e o segundo em 2013, a nível interamericano. Em ambos os eventos foram aproximadamente 300 participantes que realizaram atividades comunitárias. O mutirão regional pioneiro é realizado duas vezes ao ano, em cidades diferentes do Rio Grande do Sul.
Integração e inclusão social
Na Apadev, dez deficientes visuais pintavam telas com o auxílio de um grupo de escoteiros. Uma das mais animadas e concentradas na atividade, Carla Facchin, 54 anos, ressalta que a ação é uma maneira de incentivar a inclusão social:
— Eu adoro pintar. Gosto de esculturas, de arte e de culinária. Sabemos nos virar, mas a maioria das pessoas não nos vê assim. Claro que há dificuldades, mas conseguimos viver bem, e são ações como essa que ajudam e incentivam essa vida em sociedade — afirma Carla.
A escoteira Betina Guerra Godoy, 20, se emociona ao contar que entrar para os escoteiros, há dois anos e meio, mudou a vida dela.
— A maioria está nos grupos desde pequeno, e eu entrei pouco antes dos 18. Minha mãe insistiu para que eu entrasse nos escoteiros porque era tímida e tinha poucos amigos. Esse contato que tenho hoje com a sociedade mudou a minha visão de mundo. Vivemos em uma bolha, e poder se doar para outras pessoas é transformador— diz Betina, sorrindo.
Servir, cuidar e fazer parte da transformação da sociedade
Mais de 60 jovens confeccionavam e pintavam casinhas na Escola Estadual de Ensino Fundamental José Venzon, no bairro Bela Vista. Felipe Machado Feijó, 20 anos, coordenava o grupo. Para ele, a participação de escoteiros de diversas cidades e estados mostra que é possível acreditar em um mundo melhor:
— Ajudar ao próximo é gratificante. Estamos dispostos a ajudar sem esperar nada em troca e esse é o nosso lema: servir a comunidade e cuidar uns dos outros. Essa transformação é possível e nos faz acreditar que o mundo pode ser melhor a cada dia — orgulha-se Felipe.
A mãe de Felipe, Fabiana Machado Feijó, 43, acompanha o filho desde que ele ingressou nos escoteiros, aos sete anos. As irmãs de Felipe, de 16 e nove anos, também fazem parte do escotismo.
— Nos apaixonamos por esse ideal e temos muito orgulho do conceito e do lema do escotismo. Conviver com os meus filhos e com os demais jovens que estão nos grupos de escoteiro é inspirador, porque sei que são pessoas do bem, pessoas que transformam a sociedade e que vão se doar durante a vida toda ao próximo. Eles levam esse cuidado para a vida e melhoram a vida das comunidades — acredita Fabiana.
Separação de tampinhas e almoço para moradores do Esplanada
Vinte e dois escoteiros separavam tampinhas na Domus para ajudar crianças e adolescentes que lutam contra o câncer. Para Leonardo Barbosa Giasson, de 20 anos, a experiência é transformadora.
— Ajudo a Domus, mas hoje conseguimos reunir pessoas diferentes, de fora da cidade e do Estado, e juntamos um número maior de voluntários para se dedicar a uma causa tão importante, que é combater a doença. A dedicação ao próximo é uma experiência única, pela qual todos deviam passar — diz Leonardo.
No salão da Igreja Frei Pio, no bairro Esplanada, 30 escoteiros estavam desde cedo com a mão na massa para preparar um almoço para 275 moradores da região. Guilherme Rudzewicz, 20 anos, coordenava o almoço e esperava ansioso o momento de servir a comunidade.
— Sou escoteiro desde pequeno, mas esses momentos são emocionantes, porque nos colocamos no lugar do outro e acreditamos na mudança quando ajudamos o próximo e estamos dispostos a ajudar — ressalta Guilherme.
Daniela Arcanjo de Vargas, 23, também acredita na transformação. Moradora do Esplanada, ela estava com a mãe dela, Marisnete Gomes de Arcanjo, de 44 anos, e a filha, Vitória Rafaela de Vargas, de três, esperando para almoçar.
— Essas ações mudam um pouco o dia das pessoas que vivem nessa região, porque precisamos ajudar, e são os pequenos atos que transformam o mundo — disse, sorrindo.
As ações seguem até às 14h30min deste domingo (6).