Os trabalhadores dos Correios definiram, na noite desta terça-feira (17), em assembleias realizadas por sindicatos de todo o país, encerrar o movimento de greve deflagrado há uma semana. A interrupção da greve ocorre até a data do julgamento no Tribunal Superior do Trabalho (TST) do dissídio, que ocorre no dia 2 de outubro. No entanto, os 36 sindicatos orientaram os funcionários a manter o chamado "estado de greve", ou seja, podem iniciar nova paralisação a qualquer momento.
A audiência com o TST ocorre por conta da falta de acordo durante as negociações do dissídio coletivo da categoria. Após rodadas de discussão sem chegar a um consenso, os sindicatos optaram pela paralisação na semana passada devido à insatisfação com o índice de 0,8% de aumento apresentado pela direção dos Correios. O valor é menor que os 3,1% da inflação acumulada em 12 meses pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Na última quinta-feira (12), em novo encontro entre os sindicatos e os Correios, não houve conciliação. Na mesma data, o TST determinou que pelo menos 70% dos funcionários retornasse ao trabalho. Além da questão salarial, a greve foi motivada pela possibilidade de redução de benefícios e de privatização dos Correios — anunciada recentemente pelo Governo Federal.
Em Caxias do Sul, segundo a subsede do Sindicato dos Correios e Telégrafos de Caxias do Sul (Sintect-RS), o movimento afetou aproximadamente 90% do contingente de 120 carteiros no município. Com relação às demais cidades da região, a adesão correspondeu a cerca de 60% dentre os 300 funcionários.
O representante do Sintect em Caxias do Sul, Ricardo Paim, afirma que a discussão do dissídio foi judicializada porque a empresa não apresentou uma proposta condizente com as demandas da categoria.
— Os funcionários decidiram voltar a trabalhar e manter o estado de greve até o dia 2. Caso o TST julge algo que não contemple os trabalhadores, podemos retomar a paralisação a partir dessa data. Mas estamos com esperança de o TST ver que os trabalhadores estão seguindo com as orientações e que empresa se negou a negociar — ressalta Paim.
Contatada pela reportagem, a direção estadual dos Correios afirmou que vai informar ao longo do dia qual a média de atraso nas entregas durante o período em que o movimento aconteceu e em quantos dias o serviço será retomado normalmente.
Sobre as negociações, em nota, a empresa afirmou que "espera chegar a um entendimento razoável com a confiança de que o Tribunal reconhece a importância de, neste momento, retomar o equilíbrio financeiro de uma empresa tão estratégica quanto os Correios." A empresa afirma ainda que "colocou em prática um plano de continuidade dos negócios, que estabelece ações de contingência para amenizar eventuais impactos à população", e que foram realizadas "medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação e a realização de mutirões aos finais de semana para que o fluxo postal seja regularizado o mais rápido possível".
Segundo os Correios, a rede de atendimento está aberta em todo o país e os serviços, inclusive Sedex e PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios.