Sete horas de diferença no fuso horário, o contato com uma cultura exótica e a missão de explicar um projeto científico em inglês fluente. Estes são alguns desafios que a estudante Adriana Elisa Hentges de Moraes, 16 anos, vai encarar a partir do dia 18 de setembro, quando embarca para Abu Dhabi.
A aluna do La Salle Carmo nunca imaginou que viajaria para a capital dos Emirados Árabes Unidos, mas é para lá que seu experimento com plástico biodegradável produzido a partir de amido de batata a levará.
Credenciada para a Expo-Sciences International 2019, feira mundial que ocorre de 22 a 28 de setembro, a jovem estudante aguarda ansiosa pela experiência.
— Espero aprender mais, conhecer outras ideias. Vai ser uma responsabilidade representar toda a escola — avalia Adriana, que irá acompanhada pela avó, pela primeira vez sem a professora orientadora que está em licença-maternidade.
Foi com auxílio da professora de Química Daniela Boff, aliás, que Adriana alçou voo no mundo das ciências sendo essa uma das primeiras pesquisas desenvolvidas pela estudante.
— É uma feira mundial muito importante que envolve aprendizagem sobre outra cultura, além de proporcionar melhorias para aprimorar a pesquisa científica — observa a professora, que acompanhou a estudante desde a primeira mostra, em 2017, dentro da escola.
Da Mostra Científica anual promovida pelo Carmo, o projeto foi para a Mostratec Junior, que ocorreu em Novo Hamburgo no mesmo ano. Uma nova premiação ao projeto resultou no credenciamento para a 9ª Expo-Ciências Latinoamericana ESI AMLAT 2018, realizada em Antofagasta, no Chile. A experiência internacional garantiu a ida da estudante caxiense para a feira mundial em Abu Dhabi.
— Isso acaba motivando a participação de outros estudantes nessas feiras locais que acabam sendo o caminho para quem almeja esse tipo de viagem e conhecimento — afirma Daniela.
Preocupação ambiental
— O plástico demora um século pra se decompor, então daqui algum tempo não vai dar mais para aguentar, a gente já vê como estão os oceanos e como muitos animais morrem com isso. Além disso, o petróleo um dia vai acabar — justifica Adriana, que pensou no projeto “Biopolímeros de Amido de Batata” como uma alternativa para o problema ambiental gerado pelo uso de plásticos.
Ela encontrou na internet a receita do plástico biodegradável feito a partir da batata e iniciou os experimentos, bem como o aprofundamento teórico, enaltecido pelos avaliadores das feiras que participou.
Na tradicional sequência de tentativa e erro, usando diferentes ingredientes, Adriana extraiu de forma caseira o amido da batata e, em uma mistura que leva ainda vinagre e glicerina, chegou ao plástico que dura aproximadamente seis meses e que poderia ser usado principalmente para a fabricação de sacolas.
— Quando completa cerca de seis meses, o material começa a se decompor, fica um pouco mais grudento, podendo ser descartado na terra ou no lixo orgânico.