Se os bombeiros voluntários de Garibaldi tiverem de atender a um incêndio de grandes proporções, com certeza, irão precisar de ajuda para respirar. Isso porque os cilindros de ar respirável que eles utilizam individualmente tem 20 minutos de autonomia cada, depois disso, têm de ser recarregados. Ocorre que, em setembro do ano passado, o compressor, aparelho usado para fazer a recarga, estragou. O equipamento foi mandado para conserto, mas não foi retirado até hoje porque os bombeiros não têm dinheiro para efetuar o pagamento. Enquanto isso, a cada ocorrência atendida, é preciso deslocar até o município vizinho de Carlos Barbosa e pedir o compressor emprestado dos colegas para abastecer.
Ao todo, a corporação tem oito cilindros de uso coletivo, ou seja, qualquer bombeiro pode utilizar. Eles são necessários para o combate às chamas tanto em locais fechados, como casas e empresas, quanto em lugares abertos em que há muita concentração de fumaça, como fogo em campo, por exemplo.
– A importância dele (cilindro de ar) é para a vida do bombeiro. Sem ele, o bombeiro vai respirar gases tóxicos e pode morrer. Em qualquer queima tem liberação de monóxido de carbono que é altamente tóxico e pode levar a morte. É um equipamento de segurança imprescindível – pondera o comandante Ridan Villa.
Por ser importado, o conserto do compressor custa 60% do valor de um equipamento novo, respectivamente R$ 9 mil e R$ 15 mil. Dinheiro que a corporação não tem em caixa. A verba que mantém a unidade operando – veículos, demandas do prédio, água, luz, telefone e aluguel – vem dos termos de cooperação firmados com os municípios assistidos (Garibaldi e Coronel Pilar) e da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável pelos trechos pedagiados da RSC-453. Ainda sai desse recurso, os salários de sete funcionários (dois condutores e cinco bombeiros) contratados para realizar o serviço durante o dia, turno para o qual praticamente não existem voluntários em função dos empregos regulares. Outros oito servidores são cedidos pela prefeitura de Garibaldi – dois bombeiros e seis condutores. Os voluntários são 32 pessoas.
Ajuda de empresas
A falta de verbas também traz outras dificuldades para a corporação. Sempre que ocorre um incêndio, necessidade de resgate ou salvamento em lugares de média a grande altitude, como acima do segundo andar de edifícios ou mesmo uma árvore de grande porte, os bombeiros precisam se socorrer de empresas que disponham de um sistema de cesto hidráulico porque a escada da corporação atinge apenas 11 metros. Segundo Villa, para atender uma cidade do porte de Garibaldi, cujo plano diretor permite prédios de até cinco pavimentos, é necessário uma plataforma elevadiça que alcance 27 metros. O valor orçado está desatualizado, mas giraria em torno de R$ 110 mil. Além disso, seria preciso um caminhão para adaptar o equipamento.
Até para algo bem mais simples, como o conserto de um desfibrilador (aparelho usado para reanimação de vítimas) os bombeiros precisaram arrecadar dinheiro por meio de um almoço. O custo foi de R$ 1,5 mil. Outros materiais são adquiridos por meio de doações.
Aluguel do prédio custa R$ 5 mil
Uma fonte de recursos para aquisição e manutenção de equipamentos poderia vir da economia com os R$ 5 mil mensais pagos pelo aluguel do prédio atual. Isso se a corporação conseguisse colocar em prática um antigo sonho de construir uma sede própria. O terreno de 2,9 mil metros quadrados foi cedido pela prefeitura de Garibaldi, mas sem verba para a obra, permanece apenas nos planos dos bombeiros. Para terraplanar a área, em parte, rochosa, fazer contenção do nível mais alto e erguer a estrutura seria preciso R$ 1,5 milhão. Os bombeiros já conseguiram R$ 250 mil de uma emenda parlamentar, mas acreditam que a solução para obter o montante seria uma parceria público-privada.
O contexto de dificuldade financeira do Corpo de Bombeiros Voluntários de Garibaldi e a necessidade de pronta-resposta às ocorrências da cidade não foram motivação suficiente para que a prefeitura de Boa Vista do Sul renovasse o convênio com a corporação durante os últimos dois anos. Tempo em que a entidade prestou atendimento de graça ao município. Desde a última segunda-feira, caso algum morador precise do serviço deve contatar a unidade do 5º Batalhão de Bombeiro Militar que fica em de Bento Gonçalves.