O surto de sarampo em estados brasileiros motivou o Ministério da Saúde a divulgar, nesta semana, um novo balanço da doença no país. De acordo com os dados repassados, até o dia 18 foram confirmados 1.845 casos. Destes, 1.680 são considerados ativos. No total, a doença foi diagnosticada em 88 municípios brasileiros.
O levantamento preocupa os gaúchos, uma vez que o Rio Grande do Sul não atinge a meta de vacinação da Tríplice Viral que protege de doenças como sarampo, caxumba e rubéola desde 2014. Mesmo sem casos de mortes por sarampo neste ano, especialistas alertam para a probabilidade do vírus chegar ao Estado. Na região da 5º Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), há apenas um caso suspeito da doença, mas a Secretaria de Saúde do Estado não informou qual é o município. Contudo, com a redução do número de pessoas vacinadas, o risco da entrada de qualquer doença, mesmo as eliminadas e controladas é alto.
Para evitar um novo surto da doença como o registrado em 2018, quando 11 estados do país contabilizaram mais de 10 mil ocorrências do vírus e 12 mortes, sendo que a doença havia sido eliminada no Brasil em 2016, o Ministério da Saúde lançou ações para proteger a população. A partir desta quinta-feira (22), todos os bebês de 6 meses a 11 meses e 29 dias tem que ser vacinados no país. A medida deve alcançar 1,4 milhão de crianças, que não receberam a dose extra, chamada de 'dose zero', além das previstas no Calendário Nacional de Vacinação, aos 12 e 15 meses. Para isso, o Ministério da Saúde irá enviar 1,6 milhão de doses a mais para os estados.
A Diretora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Caxias (SMS), Andréa Dal Bó, explica que o sarampo é um vírus de fácil contágio, já que pode ser transmitido pela tosse e espirro. Ela esclarece que a vacinação é essencial para evitar casos.
— Temos um surto de sarampo no país e, mesmo que não tenham sido registrados casos em Caxias do Sul, a imunização é importante para proteger a população. Como o contágio é fácil, a possibilidade de surtos da doença é maior, então temos que trabalhar fortemente a prevenção, considerando que a vacina é a principal forma de se proteger do sarampo.
O Ministério da Saúde lançou a campanha, mas, segundo a médica, o município ainda não foi comunicado oficialmente sobre a vacinação. Mesmo assim, ela esclarece que as vacinas estão disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde da cidade.
Todas as pessoas entre 15 e 29 anos devem ser vacinadas, incluindo os jovens que estejam em dia com o calendário vacinal e tenham recebido as duas doses indicadas. Os profissionais de saúde também têm que ser vacinados com as duas doses. Além disso, todas as pessoas que não fazem parte do público-alvo e não tomaram ou não têm certeza se tomaram as duas doses recomendadas devem se vacinar.
Alerta
Os pais e responsáveis devem levar os filhos para tomar a primeira dose da vacina tríplice viral (D1) aos 12 meses e aos 15 meses para tomar a vacina tetra viral ou a tríplice viral + varicela, respeitando o intervalo de 30 dias entre as doses. A vacinação de rotina das crianças deve ser mantida independentemente de a criança ter tomada a "dose zero" da vacina.
Bloqueio Vacinal
O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, também orienta aos estados e municípios a realizarem o bloqueio vacinal. Isso significa, que quando identificado um caso da doença, é preciso vacinar todas as pessoas que tiveram ou tem contato com aquele caso suspeito em até 72 horas. Recomenda-se que a vacinação seja realizada de forma seletiva, ou seja, não há necessidade de revacinação das pessoas que já foram vacinadas.
O sarampo é uma doença infectocontagiosa grave, que pode ser transmitida pela fala, tosse e espirro.
Por que a doença voltou ao Brasil?
No ano passado, o vírus voltou a circular no Brasil, principalmente na região Norte, quando imigrantes tiveram contato com uma grande quantidade de pessoas não imunizadas. Para uma pessoa ser considerada imunizada contra o sarampo, são necessárias duas doses da vacina. Em 2017, a cobertura vacinal da primeira, que protege contra sarampo, rubéola e caxumba foi de 85,2%. Já a segunda dose, a tetra viral, que, além da imunização contra as doenças citadas protege contra a catapora, foi de apenas 69,9%. Acredita-se que o surto atual, localizado em São Paulo, tenha começado em fevereiro dentro de um cruzeiro em Santos. A embarcação saiu da Europa e percorreu toda a costa brasileira. Na época, 21 pessoas contraíram sarampo. Assim, o vírus pode ter vindo da Europa. No Rio de Janeiro, onde também há surto, um caso na capital fluminense foi associado ao mesmo cruzeiro. Os outros casos permanecem em investigação.
Quais são os sintomas?
Febre alta, acima de 38,5 graus, mal-estar, coriza, conjuntivite, tosse, falta de apetite, erupções cutâneas vermelha e indisposição com duração de três a cinco dias. Manchas brancas podem ser observadas na face interna das bochechas e as vermelhas aparecem inicialmente atrás da orelha e se espalham para o rosto, pescoço, membros superiores, tronco e membros inferiores.
Quais são as complicações?
O sarampo apresenta complicações que, em casos graves, podem até mesmo levar à morte, particularmente em crianças desnutridas e menores de 1 ano de idade. Entre as complicações estão: otite média aguda, pneumonia bacteriana, laringite e laringotraqueite. Em casos mais raros, há manifestações neurológicas, doenças cardíacas, miocardite, pericardite e complicação rara que acomete o sistema nervoso central após sete anos da doença. As complicações do sarampo podem deixar sequelas, especialmente se contraído na infância, incluindo cegueira, surdez, diminuição da capacidade mental e retardo do crescimento.