Moradoras do distrito de Criúva, no interior de Caxias do Sul, denunciaram o envenenamento, supostamente proposital, de pelo menos 10 animais de estimação nos últimos quinze dias. As amigas Francieli Fidelis da Rosa, 25 anos, Júlia Luiza Vacchi, 19, e Laura Elisa Vaccchi, 15, registraram boletim de ocorrência nesta quinta-feira (26). Elas esperam descobrir o responsável pelo morte dos animais. A tristeza está acompanhada de receio, já que as jovens e os vizinhos têm outros animais.
De acordo com elas, casos de envenenamento sempre aconteceram na região, mas desde o dia 9 as mortes têm sido rotineiras. Em todos os casos, cães e gatos morreram depois de ingerir pedaços de carne moída, provavelmente com veneno, que são jogados dentro dos pátios das residências.
Júlia e Laura foram as primeiras a perder os animais de estimação. Os quatro gatos, Octavia, 3 anos, Glenn, 2 anos, Bellamy , 1 e 6 meses, e Jake, 8 meses, foram envenenados no dia 9, por volta das 23h30min.
— A gente ouviu um barulho de algo correndo na garagem, pensamos que era algum cão de rua, pois como minha casa não tem portão, eles entram às vezes. Menos de dois minutos depois, a gente ouviu barulho de várias coisas correndo e se batendo. Fui correndo para ver, e vi meus quatro gatinhos tremendo, babando e se batendo contra o chão. Meu pai logo que viu a situação e não quis que eu e minha irmã ficássemos lá, provavelmente por saber o que tinha acontecido — conta Laura.
Emocionada, Laura conta que pediu ajuda para Francieli para tentar salvar os bichinhos, mas tudo aconteceu muito rápido:
— Na hora em que a Francieli chegou, apenas a Octavia ainda estava viva e dois já tinham morrido. Tentamos dar ovo para ela, mas ela não sobreviveu. Tudo isso aconteceu em questão de cinco minutos, eu acho, foi muito rápido. Pela cena que vimos, dava para ver que alguém jogou o veneno na garagem da minha casa.
Revoltada, a jovem ressalta o sentimento de vazio com a morte dos animais e a preocupação com os dois cães da família:
— Nós éramos muito apegadas a eles. Me sinto vazia de uma forma inexplicável, como eu fico em casa sozinha de tarde, era 24h com eles. Chegar em casa era sempre uma festa e agora é a pior parte. Só quem ama e tem bicho consegue entender o que estamos sentido — desabafa a menina.
Indignada e emocionada, Francieli conta que perdeu Max, de um ano e meio. Ela conseguiu salvar o cão do envenenamento em duas ocasiões, mas na terceira tentativa, no último domingo (14), o cachorrinho não resistiu:
— É horrível ver eles sofrendo. Desesperador presenciar aqueles minutos. Todos eram bem cuidados, o meu cachorro ficava no nosso pátio e nunca incomodou ou fez mal a alguém. A maneira como encontramos eles é muito triste e revoltante. Não tem explicação a tristeza que sentimos.
Elas dizem que estão revoltadas em busca de punição para quem cometeu o crime.
— Matam os animais que tratamos com tanto amor, que fazem parte da família. A situação está revoltante e imensamente triste_desabafa.
O que diz a Polícia Civil
A Polícia Civil orienta que, em casos como esses, sempre seja registrado boletim de ocorrência para que seja instaurado um procedimento policial para esclarecimento do crime de maus tratos aos animais. O titular da 1ª Delegacia Policial, Vítor Carnaúba, explica que as provas que indicam envenenamento são elementos que ajudam nas investigações.
— É importante recolher o resto dos alimentos que possam estar com substâncias que tenham provocado a morte. As pessoas devem enviar ao Plantão da Polícia Civil para que sejam analisadas pelo Instituto Geral de Perícias e, caso os donos levem os animais ao veterinário, o laudo do médico também deve constar no processo para ajudar nas investigações.
A lei
A lei prevê detenção de três meses a um ano, além de multa, para quem "praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar" qualquer tipo de animal. Se houver a morte do bichinho, a pena aumenta até um terço.