O padrasto do estudante caxiense Leonardo Cláudio da Rosa, 23 anos, jovem que morreu no último final de semana na China, não acredita na tese de suicídio sustentada pela polícia do país asiático. O escritor Mário do Amaral Teixeira diz que é bem mais provável que o caso tenha relação com um possível assassinato. A família pede ajuda de autoridades, pois está enfrentando grandes dificuldades para obter informações e não tem recursos financeiros para trazer o corpo para o Brasil.
Leonardo era criado desde criança pelo padrasto e pela mãe Rosane de Souza Teixeira — o pai do rapaz já é falecido. Mãe e filho residiam no bairro São José, em Caxias do Sul, nos anos 1990 e mudaram-se para Canoas quando tinha quatro anos.
— Não acredito em suicídio porque ele era uma pessoa muito feliz. Inclusive tinha renovado a permanência dele na China por mais um ano, o sonho dele era estar lá. Daí chega a informação de que ele saiu de noite e aparece morto. Disseram que pulou de um prédio. Ele jamais faria isso — desabafa o escritor.
Em entrevista a GaúchaZH, nesta terça-feira (16), Rosane demonstrou aflição por não acreditar na causa apontada pelo governo chinês para a morte de Leonardo Cláudio da Rosa, 23 anos. Em documento, a polícia chinesa afirma que o jovem teria caído de um prédio entre a noite de sábado (13) e a madrugada de domingo (14).
— Meu filho não se suicidou. Ele estava muito feliz, fazia uma semana que tinha conseguido visto de permanência para mais um ano. A ideia dele era trancar a faculdade e seguir na China — conta Rosane.
Conforme o padrasto, Leonardo havia viajado para cidade de Chongqing, no sudoeste do país, acompanhado do namorado. Naquela noite, o companheiro do caxiense teria permanecido no hotel e Leonardo teria saído para dar uma volta e visitar amigos, não retornando. O namorado relatou o desaparecimento e a família buscou informações no Ministério de Relações Exteriores. O Itamaraty confirmou a morte do estudante na segunda-feira (15).
Teixeira diz que está complicado obter dados. A família, por exemplo, só conseguiria contatar a China por volta das 3h da quarta-feira (17) em função do fuso horário. Outra dificuldade será trazer o corpo para o Brasil. O custo do traslado é de US$ 20 mil. Se a tese de suicídio for mantida pela polícia chinesa, não há garantias de que o seguro fará o pagamento do valor. Segundo o governo federal, os custos com o transporte devem ser arcados pela família.
— Eu preciso do corpo dele, eu preciso vê-lo mais uma vez, mas não tenho como arcar com os custos. Ele era bolsista, não temos dinheiro — suplica a mãe.
Quem está acompanhando o desenrolar do caso na China é o namorado de Leonardo, que faria o reconhecimento do corpo.
— Estamos tentando reverter isso, de que foi suicídio — afirma Teixeira.
Leonardo cursava Licenciatura em Letras e, há cerca de um ano, teria ganho uma bolsa de estudos na Communication University of China. O intercâmbio é promovido por uma parceria da UFRGS com o Instituto Confúcio, instituição vinculada ao Ministério de Educação da China, que tem o objetivo de promover a língua e a cultura chinesa pelo mundo. Segundo amigos, Leonardo teria afirmado, por meio de mensagens de WhatApp, que estava recebendo diversas mensagens de ódio nas redes sociais. Ele era engajado na causa LGBT.