Os pais dos alunos da Escola Municipal Professora Arlinda Lauer Manfro, em São João da 4º Légua, em Galópolis, no interior de Caxias do Sul, estão apreensivos com a possibilidade de o colégio ser desativado. Para evitar que a localidade fique sem escola, eles estão organizando um abaixo-assinado e também tentam marcar um encontro com o prefeito Daniel Guerra (PRB) para tratar do assunto.
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Na noite de terça-feira (04), os pais participaram de uma reunião com a Secretaria Municipal da Educação (Smed), onde sugeriram alternativas para que as crianças não precisassem sair do interior de Galópolis. Uma delas é reativar a Escola Municipal Felipe Camarão, fechada pela prefeitura em 2017, porque tinha apenas quatro alunos.
Mãe de duas crianças, uma de dois e outra de quatro anos, Gilmara Strapasson Dal Picol é uma das organizadoras do movimento. Ela ressalta que a transferência para Galópolis foi imposta pela Secretaria de Educação.
— A nossa ideia é que reformem a Felipe Camarão para que as crianças tenham aula mais perto do interior, porque sabemos que o município não tem verba para reformar ou construir uma escola nova. Temos medo que se eles forem para Galópolis não voltem mais a estudar na localidade — diz.
Ela afirma que a comunidade está mobilizada para garantir que a escola volte a funcionar:
— Nos passaram um prazo de até dois anos para que eles voltem para São João da 4ª Légua, mas o município não tem sequer projeto.
A presidente do Círculo de Pais e Mestres da escola, Marina Menzomo Strapasson, tem o mesmo receio. Ela conta que a comunidade se dispôs a ajudar na reforma da escola para garantir a segurança dos alunos.
— Estamos lutando pelo bem das nossas crianças e da comunidade e estamos dispostos a reconstruir a escola para manter os alunos na comunidade. Estamos preocupados com o retorno, porque dois anos é muito tempo e se o colégio não for reformado ou não tiver recurso as crianças não vão voltar para a localidade e precisamos de uma escola perto de casa.
O vereador Velocino Uez (PDT), que mora em Galópolis, está acompanhado a situação. Ele participou da reunião e apoia a luta da comunidade para manter a escola:
— Os pais são contra sair da 4ª Légua e estão revoltados com a transferência, porque acreditam que a escola será desativada. Eles não querem que os alunos saiam da comunidade onde vivem porque não há incentivo para que eles sigam no meio rural quando crescerem.
Uez acrescenta que sugeriu que os estudantes fiquem na capela mortuária, como sala improvisada, até que município apresente um projeto.
— A secretária disse que antes de dois anos não há possibilidade dos alunos retornaram antes de dois anos, então tememos que seja mais uma escola extinta no interior.
Dezessete estudantes do 4° e 5° ano já foram transferidos na manhã desta quarta-feira (5) para uma capela mortuária, junto à Igreja de São João da 4º Légua, onde terão aulas improvisadas até o início das férias de inverno, que devem começar em 15 de julho. No retorno às aulas, todos os alunos passam a estudar em um prédio que funciona atualmente como Centro de Eventos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer na área central de Galópolis.
O que diz a Secretaria de Educação
A reportagem contatou a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação, que informou que a titular da pasta, Marina Matiello, estava em reunião e não conseguiria falar sobre o assunto. Por meio da assessoria ela afirmou que sabe do abaixo-assinado, mas que não deve mudar a posição sobre a transferência dos alunos.
Em entrevista pela manhã, ela ressaltou que a prefeitura irá realizar projetos e estudos técnicos para verificar a viabilidade de reforma.
— A reforma não é muito indicada, porque parte da estrutura é de madeira e temos uma normativa que diz que escolas com crianças têm que obedecer a uma série de normas, como questões relativas à vigilância sanitária, Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI), acessibilidade para portadores de deficiências físicas. Nesse período de até dois anos, temos que ver a possibilidade de lançamento do projeto e como serão feitas as licitações. Sabemos que a comunidade quer que a escola permaneça, e como é uma escola que tem alunos de várias regiões, sabemos da importância que ela tem — destacou.
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