O embarque e desembarque de estudantes que utilizam o transporte escolar em Caxias do Sul tem enfrentado dificuldades em frente às escolas da cidade. Motoristas que atuam em diferentes rotas, atendendo principalmente aos turnos da manhã e da tarde, reclamam da falta de respeito de condutores de carros, que estacionam irregularmente para deixarem seus filhos na escola, em um espaço que seria destinado exclusivamente aos veículos coletivos escolares.
Os transportadores relatam que, por conta disso, acabam vendo-se obrigados a pararem em locais que colocam em risco a segurança dos passageiros, além de colocarem-se em uma situação de vulnerabilidade perante a aplicação de multas de trânsito.
O transporte escolar se dá de forma particular e também por meio de subsidio fornecido pela Prefeitura no caso de estudantes do meio rural. Somente no convênio municipal, são mais de seis mil alunos transportados diariamente em 143 roteiros feitos por mais de 100 veículos.
Escolas como o Colégio Estadual Imigrante, que atende mais de 1,5 mil alunos na rua Antônio de Gasperi, bairro Cruzeiro, registram engarrafamento principalmente na saída do turno da manhã, que ocorre próximo ao meio dia, na chegada e também na saída dos estudantes da tarde.
Mesmo com a sinalização horizontal e vertical, por meio da pintura dos cordões e das placas restritivas em relação aos estacionamento perante a escola, a chegada e saída dos estudantes é marcada por uma sequência de automóveis que param no local para o desembarque individual.
Esta ocupação impede, em determinados momentos, que os transportes coletivos escolares estacionem para o desembarque dos passageiros que também frequentam o educandário. A situação é agravada com a permissão de estacionamento do outro lado da via, que tem mão dupla, além da circulação de ônibus do transporte coletivo urbano.
— A gente acaba tendo que buzinar ou parar em fila dupla, o que faz com que as crianças parem quase no meio da rua, isso bota elas em risco e nós, que podemos levar uma multa. Em geral são pais que estacionam em local onde não é permitido nestes horários — relata Eduardo Bonatto, da Valdetur, que encontra esse tipo de situação e, pelo menos, quatro das escolas que atende diariamente.
As placas instaladas em frente ao Imigrante indicam a proibição de parada e estacionamento nos horários de intensificação do fluxo escolar, registrados das 7h às 8h, das 11h às 14h e das 17h às 19h.
— Estou reclamando com a fiscalização desde o início do ano e não adiantou nada. Em dia de chuva fica pior ainda, parece que todos os pais resolvem estacionar no local do transporte — desabafa o motorista.
Espaço reduzido
A situação se repete em outros educandários verificados pela reportagem, também no bairro Cruzeiro. Localizada na Rua Travessão Solferino, a Escola Estadual de Ensino Médio Província de Mendoza também registra momentos de comprometimento do trânsito na via onde tem sede e no desembarque dos estudantes. Motoristas entrevistados no local indicaram outra causa para a dificuldade: a extensão reduzida do estacionamento destinado ao transporte escolar.
De acordo com os relatos, a faixa que ocupa parte da frente da escola teria sido aumentada pelo departamento responsável da Prefeitura, ocupando a frente de uma loja que fica ao lado do prédio escolar. Recentemente, a placa e a pintura da faixa recuaram, em uma ação que teria partido de populares, segundo os motoristas.
— Assim fica ruim, porque tem quebra molas, semáforo e faixa de segurança. Tem muito carro escolar e a gente tem que parar, às vezes, em cima da faixa de segurança, do quebra-molas ou embaixo dos semáforos — comenta Bonatto.
— A gente acaba tendo que esperar e isso gera um engarrafamento na rua — relata Márcio Dutra, que também atua como motorista de van escolar e lida com a situação na rota em que opera.
Fiscalização diz atuar em pontos críticos
O diretor do departamento de Trânsito e Transporte da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMTTM) de Caxias do Sul, Pedro Cogo, disse que há registro de reclamações em relação ao embarque e desembarque de alunos, sobretudo referentes a escolas localizadas na área central da cidade. De acordo com ele, a fiscalização acaba ocorrendo nos pontos mais críticos, de acordo com a capacidade de efetivo disponível no quadro de agentes, que hoje conta com uma média de 15 fiscais por turno.
— Acabamos atendendo mais por demanda, onde percebemos maior incidência do problema e de congestionamento. A gente procura utilizar o efetivo da melhor forma possível — justifica o responsável, lembrando que somente na rede municipal, são 80 escolas em funcionamento e que a fiscalização também precisa acompanhar o fluxo em outros locais da cidade, atentando para outros tipos de veículo além dos escolares.
Cogo destaca que é dever do fiscal autuar no momento em que flagra qualquer tipo de irregularidade, de acordo com a sinalização disposta no local. Sobre o problema em frente às escolas ele afirma:
— A gente lamenta essa situação, porque muitas vezes são pais que estão levando seus filhos para uma instituição de ensino, deveriam estar dando o exemplo e respeitando a sinalização.
:: SOLUÇÃO NO IMIGRANTE
A diretoria do Colégio Imigrante afirmou que uma obra iniciada na última quinta-feira deverá contribuir para a fluidez do trânsito na rua da escola. Isso porque o embarque e desembarque de estudantes será transferido para outra entrada do prédio, que fica na Rua José Bison, conforme o diretor da escola Leandro Fanchin.
O espaço, que fica no terreno do educandário, comportaria o estacionamento dos ônibus e vans escolares sem comprometer o fluxo de outros veículos, tornando também mais seguro o deslocamento dos estudantes até o interior do prédio. Ainda não há previsão para conclusão da adequação, que inclui o cercamento do terreno e a colocação de cascalho, com verba recolhida junto ao Conselho de Pais e Mestres (CPM) e à iniciativa privada.
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