Oportunidade. Essa pode ser a diferença na vida de jovens que tem a chance de participar de projetos sociais. Aprendizado que leva os estudantes para o mercado de trabalho mais preparados para encarar as exigências e cobranças da vida adulta. Iniciativas como o Projeto Escolas, da Fundação Marcopolo, de Caxias do Sul, que conta com oficinas de Reciclagem, Costura, Coros e Orquestra de Flautas, muitas vezes incentivam a busca por um futuro diferente e inspiram a construir sonhos.
O trabalho desenvolvido na Fundação tenta seguir a risca a frase marcante do fundador da empresa Paulo Bellini: "O mais importante são as pessoas". Focado em desenvolver atividades educativas em colégios de Caxias do Sul, o programa foi lançado em 2003. Em 16, anos, mais de 4.200 estudantes foram beneficiados com o projeto.
Os cursos são voltados ao aperfeiçoamento profissional e às atividade culturais e de lazer, que podem descobrir talentos entre os alunos. O Coro Infantil, Juvenil e a Orquestra de Flautas foram criados há dez anos. O Recicla foi lançado em 2018 e já arrecadou 7500 toneladas de materiais, que foram transformados em 2500 kits entregues às escolas.
A novidade é a oficina de Costura que surgiu após a Fundação perceber que as sobras do material da Marcopolo poderiam ser utilizadas no projeto. Para ampliar e qualificar o atendimento, a Fundação inaugurou no dia 06 os novos espaços para as oficinas. As três casas, com área total de 500m², ficam na rua Pedro Zaparolli, ao lado da unidade da Marcopolo, em Ana Rech. Os alunos são recebidos em uma ambiente alegre, colorido e acolhedor.
O diretor executivo da Fundação, Alberto Ruy Calcagnotto, conta que as casas eram da empresa e estavam vazias, Daí surgiu a ideia de construir o complexo:
— Nossa proposta é retribuir a comunidade por tudo o que tem feito pela empresa ao longo dos anos. Hoje com as casas no mesmo espaço além de otimizar o material também conseguimos pensar em ampliar os projetos porque até a logística melhorou. Há espaço para mais atividades.
Calcagnotto acrescenta que participar das oficinas é uma oportunidade de profissionalização.
— O projeto é lúdico, mas tem o lado profissionalizante e pedagógico que é positivo. Eles comparecem ao programa no turno inverso à escola, e assim não ficam o dia inteiro assistindo televisão ou na internet, e tem a chance de aprender como funciona uma empresa, desde a produção até a entrega do produto _ explica ele.
Disciplina e comprometimento são rotinas
Sorridentes, mas em silêncio e concentrados, os estudantes que participam da Oficina Recicla, demonstram disciplina durante a produção de kits, que serão entregues às escolas. É nesse espaço que a transformação acontece: cadernos, canetas, lápis, giz de cera, canetinhas, régua, livros, mochilas, estojos, borrachas e apontadores usados são transformados em novos. O processo similar a de uma empresa é o que abre horizontes às crianças:
— A transformação não é apenas do material, os alunos também se transformam, porque o projeto estimula eles a seguir em frente, a estudar e ser solidário também. Ele são educados, disciplinados e comprometidos, e os pais também precisam participar de pelo menos um encontro, porque a ausência conta como falta dos filhos, e eles não podem faltar para não perder o acesso ao programa — afirma a analista de Responsabilidade Social da Fundação Marcopolo, Creice Arse.
Ela aponta ainda que eles agarram as oportunidades.
— Não existe bolinha de papel, por exemplo, porque eles sabem o valor do material que estão produzindo, e valorizam a oportunidade de estar no programa. É uma chance de mudar o futuro — acrescenta Creice.
A educadora social Cláudia Saavedura de Carvalho, convive diariamente com os alunos. Ela conta que trabalhou na produção da Marcopolo e o projeto é inspirado na empresa:
— Trabalhamos organização, disciplina, limpeza e solidariedade, assim como na Marcopolo, e assim instigamos os alunos a aprender, passamos o conhecimento, e eles buscam cada vez mais aprendizado e saem daqui preparados para o mercado que é cada vez mais exigente.
A professora Cleusa Pereira, da Escola Rosário de São Francisco, acompanha os alunos na Oficina. Ela afirma que além do aprendizado, os estudantes amadurecem.
— Eles estão sempre felizes pela chance de viver o dia a dia do mercado de trabalho. Aproveitam a oportunidade e saem das oficinas mais responsáveis e maduros — destaca, Cleusa.
"Tenho oportunidade que muitos não tem", ressalta aluna do Recicla
Andrelise Soares de Mello, 15 anos e Eduardo dos Reis Souza, 15, não escondiam a alegria e o orgulho de liderar as equipes de produção do Recicla. Os jovens conhecem o processo e explicaram cada detalhe desde a coleta dos materiais, que são doados pela comunidade, até a finalização dos kits que vão voltar para os bancos escolares.
A adolescente explica que o grupo é unido e liderar é trabalhar em equipe:
— Todos ajudam porque liderança é estar junto e desenvolver as tarefas lado a lado. Tenho a oportunidade que muitos não tem. Antes eu ficava a tarde toda em casa e agora tenho a oportunidade de adquirir conhecimento.
Eduardo pensa de maneira semelhante e projeta o futuro.
— É uma oportunidade de saber como se portar em uma empresa, são aprendizados que levamos para a vida, porque vamos saber como nos comportar no mercado de trabalho. A cada dia aprendo algo novo e isso é importante para meu futuro profissional — aponta.
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