O delegado Rodrigo Veiga Morale, titular da Delegacia de Polícia de Farroupilha, encaminhou na tarde desta terça-feira à Justiça o inquérito sobre a explosão seguida de incêndio no Edifício Veneto ocorrida em dezembro do ano passado naquele município. Segundo o delegado, não foi possível apontar responsáveis pelo que aconteceu. Com isso, o caso foi remetido sem indiciamentos.
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Ainda conforme Morale, um dos fatores que basearam a conclusão foi o laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Caxias do Sul. Os peritos avaliaram o apartamento 302 onde a explosão ocorreu, dando início ao fogo, e determinaram que a origem foi um vazamento de gás de cozinha e que a ignição se deu pelo acionamento do interruptor de luz da peça. Porém, não conseguiram apontar a origem do vazamento, se do sistema de gás central ou se de botijões de gás que a moradora mantinha no interior do imóvel.
Assim que receber o caso, o Ministério Público pode pedir o arquivamento ou solicitar mais diligências, ou seja, mais informações, provas ou depoimentos. Uma das últimas pessoas a ser ouvida foi a moradora do apartamento, Maria Ana Zanetti Mutzenberg, de 68 anos, quando ainda estava internada no Hospital Unimed, na semana passada. Ela teve queimaduras em 90% do corpo e, desde a última quinta-feira, se recupera na casa da filha Andreia Mutzenberg Cenci. Ela recebe atendimento domiciliar de equipe do hospital nas áreas de enfermagem para troca diária de curativos, fisioterapia para retomar os movimentos e nutrição, já que ficou muito tempo entubada. Foram 127 dias de internação, cerca de 90 deles na UTI.
Na última quinta, ao voltar ao Edifício Veneto – Andreia mora em outro apartamento no mesmo prédio – a filha conta que dona Maria Ana sentiu pânico de ter que retornar para aquele mesmo ambiente. Abalada, ela não quis falar com a reportagem. Segundo Andreia, a mãe fala com dificuldade, se desloca por meio de uma cadeira de rodas e recebe alimentação em função de limitação de movimentos dos braços e mãos. Ela passou por diversas cirurgias para colocação de enxertos nas áreas queimadas e terá uma reavaliação em 15 dias para apontar a necessidade ou não de novos procedimentos.
Na manhã do dia 24 de dezembro de 2018, Maria Ana, chegou a cozinha, acionou o interruptor de luz, o que, segundo especialistas na área, deu ignição à explosão já que havia gás no ambiente. Após a explosão, seguiu-se um incêndio. A moradora conseguiu deixar o apartamento e o prédio, que fica na Avenida Independência, e, por conta própria, buscou socorro no hospital São Carlos. Chegou caminhando, consciente. Falou com a filha Andreia e perguntou como ela e os netos estavam.
– Ela lembra da hora em que levantou e acendeu a luz da cozinha. É a parte que ela lembra até o momento da explosão. A partir dali, ela não lembra de nada. Por ela ser muito religiosa, ela aceitou essa força de todo mundo, pessoas que fizeram orações por ela, e conseguiu dar a volta. Ela tem muito ânimo de querer viver, continuar aqui, de ter muita coisa para fazer ainda. Ela chegou em casa na quinta-feira e deu pânico de estar voltando para aquele ambiente. Ela achou que não teria força de entrar e de ficar ali, mas já conseguiu superar isso – relatou Andreia.
Durante esse tempo, Andreia conta que o pai e marido de dona Maria Ana, Romeu Mutzenberg, voltou a tocar a fruteira do casal. A família ainda não sabe se retornará ao apartamento, cuja reforma começou na semana passada e deve ser concluída em 90 dias. O imóvel era segurado pelo condomínio e pelo financiamento feito pela família para compra junto à Caixa Econômica Federal.
– Entramos lá (no apartamento) e não conseguimos acreditar no que vemos... em como ela conseguiu sair e estar em casa de volta. Não conseguimos entender – pondera Andreia.