O Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio do município de Canela planeja devolver, após o período de romarias, a mão original à estátua da padroeira. A peça foi arrancada da imagem no dia 1º de maio deste ano e estava sumida até esta semana quando foi recuperada pela equipe de assistência social do município.
A mão da santa foi encontrada em meio aos pertences de um morador de rua abordado para atendimento na última segunda-feira (20), no Distrito Industrial da cidade. De acordo com a equipe do santuário, na programação de celebrações deste mês a imagem permanecerá com a mão que foi confeccionada de forma provisória logo após a depredação. A imagem está no local desde 1964 e terá a mão original devolvida após passar por uma restauração.
O homem suspeito de ter depredado a estátua sacra aparenta ter cerca de 40 anos e ainda não foi oficialmente identificado. Ele se apresenta como "Menino Bem" e disse que carregava a mão da santa como forma de proteção. Durante a abordagem, a equipe de assistência social constatou que ele apresentava distúrbios mentais com delírios religiosos e o conduziu para internação na ala psiquiátrica do Hospital de Canela, onde o diagnóstico foi confirmado.
–Ele não tem documentos e as digitais dele não constam na lista que a polícia tem acesso. Estão sendo realizadas buscas para que ele seja identificado – afirma Aneline Schmitt, assistente social que encontrou a mão da padroeira.
Ela conta que procurava por algum documento na mochila dele e, em meio aos pertences pessoais e outros objetos religiosos, encontrou a peça, que tem o tamanho de uma mão adulta real e estava desaparecida há mais de duas semanas.
–Sou muito devota de Nossa Senhora e reconheci na hora que era a mão dela, é perfeita, fiquei emocionada – relata a assistente, que registrou o fato na delegacia da Polícia Civil e comunicou a prefeitura para que recuperasse a peça e a devolvesse ao santuário.
Ela conta que, assim como muitos fiéis devotos de Nossa Senhora de Caravaggio, sentiu-se lesada com o ato praticado pelo homem. Segundo Aneline, ele foi procurado pelo atendimento da assistência social após denúncias de que estaria queimando lixo em diferentes pontos da cidade.
–Fomos atrás porque não é comum este perfil na cidade. Por ser uma região muito fria, dificilmente temos registros de moradores de rua – explica.
De acordo com a assistente, o homem carregava outras imagens religiosas, cabeças de alho e estava com os ouvidos tampados com papel higiênico para, segundo ele, não escutar mais as vozes que o conduziam a praticar este tipo de vandalismo.
A rede de atendimento que o acolheu ainda não conseguiu obter informações a respeito de sua orgiem ou de seus familiares, uma vez que ele não formula respostas coerentes. A investigação trabalha com a possibilidade dele ser natural do Nordeste. Aneline explica que a identificação é necessária para que ele seja encaminhado ao atendimento psiquiátrico especializado em Caxias do Sul.