Uma cama aconchegante, uma refeição gostosa, a possibilidade de tomar um banho quente ou algo mais simples como escovar os dentes, calçar chinelos novos e vestir uma roupa limpa. É dessa forma que o Projeto Hospedagem Solidária capitaneado pela Diocese de Caxias e desenvolvido por meio de parcerias e trabalho voluntário voltará a atender as pessoas que vivem em situação de rua na cidade nos meses de frio. Para além disso, os beneficiários encontrarão no projeto um tratamento respeitoso, momentos de oração e conforto espiritual.
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Neste ano, a iniciativa, que oferece pernoite, jantar e café da manhã para os homens desse público, atenderá a mais gente e será mais longo do que no ano passado, quando ocorreu a primeira edição. O início será em 1º de maio, um antecipação de 41 dias em relação a 2018, quando começou em 11 de junho. O encerramento está previsto para 13 de setembro. No total, serão 136 noites, 53 a mais do que em 2018 (83). Um aumento de cerca de 65%. O número de beneficiários também será ampliado, passando de 50 para 80 ou 90, acima de 60% de acréscimo. A sede do projeto também mudou. Será no salão da Paróquia Sagrada Família, no bairro de mesmo nome, na área central da cidade. A edição anterior ocorreu no salão da Igreja São Leonardo Paróquia Murialdo, no Centro.
A ação seguirá o mesmo formato: em cada dia haverá uma equipe responsável pela acolhida dos beneficiários (homens) que ocorrerá sempre a partir das 19h30min. Será ofertado banho, janta, pernoite e café da manhã.
Parte das refeições é fornecida por restaurantes da cidade e padarias e outra parte é feita pelos colaboradores com alimentos doados pela comunidade. No ano passado, foram 375 voluntários. A expectativa é que este número aumente nesta edição.
Como doar
:: O quê: Colchões de solteiro (há necessidade cerca de 30), lençóis também de solteiro, cobertores, roupas de inverno para homens (incluindo meias, cuecas, cachecóis e toucas), toalhas de banho, produtos de higiene pessoal (creme e escova dentais, aparelho e creme de barbear, sabonetes), chinelo de dedos e de tecido.
:: Onde: As doações podem ser entregues nas sedes das paróquias da cidade, em horário de expediente ou nos horários de missas.
Como ser voluntário
:: Quem quiser se voluntariar pode se apresentar nas sedes das paróquias que participam do projeto, Sagrada Família, Catedral, Nossa Senhora de Lourdes, Pio X, São Pelegrino e Santa Catarina.
Preconceito impede aluguel de sede permanente
Por mais que a ação tenha sido ampliada, os organizadores lamentam não terem conseguido uma sede para desenvolver o projeto permanentemente, algo estabelecido como meta pela equipe.
– Faremos de forma provisória, em local provisório, ainda neste ano, porque não conseguimos encontrar um lugar permanente para esta atividade e outras que a Pastoral (Pastoral das Pessoas em Situação de Rua) pretende desenvolver – explicou o padre Eleandro Teles, pároco da Igreja Nossa de Lourdes, uma das integrantes do projeto.
Segundo o religioso, até agora, as tentativas de encontrar um imóvel para alugar para servir de sede do projeto foram frustradas pelo receio que os proprietários têm em relação ao destino que será dado ao local e pelo preconceito que os moradores do entorno demonstram à presença das pessoas assistidas que acabam se concentrando em frente ao abrigo antes do horário de entrada, à noite, e na saída, pela manhã.
– Nosso ideal, e estamos trabalhando para isso, é encontrar um local que seja definitivo para podermos realizar essas atividades permanentemente, tanto da hospedagem solidária quanto outras, como projetos de geração de trabalho e renda, atividades educativas e culturais. Mas, não estamos encontrando. Procuramos bastante, tentamos alugar... mas, infelizmente, a nossa sociedade caxiense apresenta uma resistência muito grande, quando informamos a finalidade do espaço. Os proprietários dos imóveis não aceitam alugar para este propósito, para esta atividade, para estes projetos – lamentou o padre.
A procura também é dificultada pela limitação de localização. É que a sede precisa ser na área central, para facilitar o acesso das pessoas ao serviço. Isso reduz o número de imóveis para alugar.
– De fato, existem essas dificuldades que revelam uma mentalidade ainda muito preconceituosa de alguns setores da nossa população caxiense. Por outro lado, temos o apoio de outra parte que ajuda e incentiva – revela o sacerdote.
Segundo o pároco, o recurso para custear o aluguel viria da Fundação de Assistência Social (FAS). A compra de um espaço também foi cogitada, mas implicaria em um valor muito alto, o que inviabilizou a ideia. Outra possibilidade seria utilizar um imóvel do município. Porém, os prédios existentes na área central já estão ocupados e demandariam tempo para desocupação, o que não está descartado para o próximo ano. Um imóvel do município que está vago fica em uma região mais afastada, por isso, também foi rejeitado.