A estudante Vitória Jardim da Silva, 18 anos, atropelada por um carro na manhã desta terça-feira (30), havia perdido o avô dois dias antes do acidente. Vilson Vanderlei Jardim, 67 anos, morreu de causas naturais no domingo (28) e foi sepultado por volta das 14h de segunda-feira (29). Cerca de 16 horas após o enterro, um Fiesta atingiu a estudante no bairro Desvio Rizzo. A jovem foi submetida a uma cirurgia e permanece estável no Hospital Pompéia, em Caxias do Sul.
O acidente aconteceu por volta das 6h30min na Rua Vereador Otto Scheifer, no Desvio Rizzo, a cerca de 150 metros da moradia da jovem. Embora as causas do atropelamento ainda não estejam esclarecidas — a investigação é da Polícia Civil —, o pai de Vitória e moradores das imediações exigem a instalação de quebra-molas ou outro equipamento que ajude a reduzir a velocidade de veículos no trecho. A rua tem grande movimento no trânsito e é caminho de estudantes da Escola Professora Ivonne Lúcia Triches dos Reis.
— Minha filha saiu para trabalhar e foi atravessar a rua para pegar o ônibus. O carro atingiu ela e o corpo foi jogado muito longe — conta o metalúrgico Indanelcio Ferreira da Silva, 40, que retornou ao ponto do atropelamento na tarde desta terça-feira para mostrar que a alta velocidade no local seria constante.
No local, ele encontrou uma mecha de cabelo da filha e uma haste do óculos dela, além de pedaços do farol do carro.
O acidente
Vitória havia saído de casa para ir até a Visate, onde atua como menor aprendiz no turno da manhã. O trajeto é sempre o mesmo: ela sai sozinha de casa na Rua Eduardo Libardi, vai até a parada de ônibus da Vereador Otto Scheifer, embarca no coletivo e segue até o Centro. Do Centro, ela troca de ônibus para seguir até o bairro Esplanada, onde fica sede da Visate. Nesta terça-feira, a jovem atravessou a via para pegar o ônibus quando foi atingida por um Fiesta que seguia no sentido Otto Scheifer-Alexandre Rizzo. Segundo testemunhas contaram para Indanelcio, Vitória chegou a tocar o meio-fio da calçada com um dos pés antes de ser atingida. A família soube do atropelamento minutos depois. O metalúrgico recém havia acordado quando um homem bateu palmas na frente de casa.
— Ouvi o meu cachorro latindo e ele faz isso para nos avisar de alguma coisa. Quando saí para fora, essa pessoa me disse que havia uma moça atropelada e pediu se não era minha filha. Eu não acreditei que pudesse ser ela. Então, voltei para casa e liguei no celular dela. Daí alguém atendeu e contou o que tinha acontecido — detalha o metalúrgico.
O trabalhador encontrou Vitória caída de bruços perto do meio-fio da calçada. Segundo ele, havia um grupo de pessoas em volta dela tentando reanimá-la.
— Minha filha estava inconsciente. Alguém fez massagem cardíaca dela por cima, pelas costas. Em seguida, chegou o Samu e ela foi para o hospital — diz Indanelcio, bastante abalado com a perda do sogro e com o acidente da filha.
Com o choque contra o corpo de Vitória, o para-brisa do carro estourou e a lataria ficou amassada. O corpo foi projetado por cerca de 40 metros. Segundo Indanelcio, Vitória quebrou um dos braços, a clavícula e a bacia. Ela também teve sangramento interno, mas um exame descartou traumatismo craniano. O condutor do Fiesta, que não teve a identidade divulgada pela polícia, permaneceu no local do acidente.
— Está sendo muito difícil. Perdi meu sogro, a avó da minha filha está abalada, requer cuidados e acontece isso. Mas minha filha está reagindo — desabafa o metalúrgico.
Além de ser menor aprendiz, Vitória cursa o 3º ano do Ensino Médio e frequenta um CTG.
Vistoria
O secretário municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Cristiano de Abreu Soares, esteve no final do dia no ponto do atropelamento para avaliar se a via requer mudanças na sinalização. Ele diz que a instalação de quebra-molas, como exige o pai e alguns moradores, pode não ser a solução.
— Desde maio de 2016, uma resolução do Contran dificulta a instalação de quebra-molas e além disso nem sempre é a saída mais viável, pois esse tipo de equipamento só consegue controlar a velocidade num trecho de até 30 metros, pois em seguida o carro retoma a velocidade. Em alguns caso, um quebra-molas pode até mesmo ser causador de acidentes quando não é visto por um motorista distraído. Mas vamos avaliar a situação — argumenta o secretário.
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