Uma vistoria do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) apontou falta de médicos, medicamentos e equipamentos, entre outros problemas, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Norte de Caxias do Sul. A visita ocorreu no dia 8 de março, entre 23h10min e 00h30min, e o resultado foi divulgado na noite de quarta-feira (20) à imprensa em um documento de 49 páginas.
Um dos pontos da vistoria trata do "subdimensionamento crítico da equipe médica", que significa que, para o Cremers, o número de médicos está aquém do esperado para uma unidade do porte da UPA Zona Norte.
— Pelo tamanho da sala de observação nós deveríamos ter três médicos neste espaço e mais um médico para atender a parte de parada cardíaca. E só tínhamos um durante a visita. Ou seja, pela resolução do Conselho Federal de Medicina, estavam faltando três — explica o conselheiro coordenador da Fiscalização do Cremers, Geraldo Pereira Jotz.
Outro ponto relacionado à equipe médica destacado por Jotz é a falta de especialistas em pediatria durante os plantões:
— Outra questão é que havia três clínicos 'lá na frente' e dois pediatras. Os dois 'ditos pediatras' não têm título de especialista. A instituição não pode anunciar que tem pediatra quando não tem. São médicos que se formaram e estão atendendo como pediatras sem serem pediatras.
Em relação à medicação e aos equipamentos de urgência e emergência, O Cremers observou a falta de, por exemplo, estetoscópio infantil, drenos para tórax, serra de gesso, entre outros. Sobre os medicamentos, não foram localizados pelo menos 25 opções, como cefalexina, codeína, e fenitoína.
A vistoria também apontou irregularidades quanto aos alvarás de Vigilância Sanitária e do Corpo de Bombeiros. O documento ainda reforça que a UPA Zona Norte está sob "indicativo de interdição ética", ou seja, está passível de interdição.
— Interdição ética significa que nenhum médico pode trabalhar naquelas condições. Mas indicativo de interdição não é interdição. Se os problemas persistirem, nós podemos solicitá-la. É como se fosse um alerta laranja, estando quase no limite — explica o coordenador da Fiscalização do Cremers.
A direção da UPA tem prazo de 15 dias para se manifestar quanto os apontamentos do documento.
O que diz o IGH:
O Instituto de Gestão e Humanização (IGH) esclareceu que tem conhecimento dos contrapontos apontados na vistoria do Cremers e informou que todos os esclarecimentos que competem ao Instituto serão apresentados ao órgão. Destacou ainda que a Unidade de Pronto Atendimento possui alvará da Vigilância Sanitária e alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndios.
O que diz a Secretaria da Saúde:
De acordo com o titular da pasta, Júlio César Freitas da Rosa, até a tarde de quinta-feira (21) a secretaria não havia recebido nenhum relatório da vistoria.
— Não tenho como me manifestar sem ter em mãos o relatório. Tomei conhecimento da vistoria e me causa estranheza ou é no mínimo má fé da parte de quem fez este relatório divulgá-lo primeiramente junto à Câmara e à imprensa e não entregá-lo à prefeitura — reclama.
O secretário aguarda a entrega do documento para, então, se manifestar sobre a vistoria que apontou irregularidades na UPA.