A Casa Anjos Voluntários aposta na assistência social e na convivência para acolher cerca de 200 crianças e adolescentes e educá-las para que saiam da instituição preparadas para enfrentar qualquer desafio. Além dos jovens, a casa realiza um acompanhamento com as famílias e a comunidade. A associação conta com 14 funcionários que teriam sua situação revista, conforme o novo modelo apresentado pelo estudo da UCS.
– Criamos um vínculo entre educadores, jovens e as famílias que, se quebrado, pode prejudicar o usuário que depende de um serviço qualificado e que leva tempo para ser construído – destaca a psicóloga Melissa Canever.
O educador social Gamaiel Porto Bourscheidt, 26 anos, sabe que a importância de manter um vínculo afetivo com os jovens é fundamental no processo de assistência oferecido pela Casa. Ele iniciou os trabalhos há três anos quando era oficineiro. Passou para a nova função há dois anos e realiza atividades de dinâmica de grupos com crianças e adolescentes. Uma delas é a orientação no jogo de xadrez. Segundo Gamaiel, estimular o raciocínio é uma ferramenta importante para a mente dos jovens. A cada orientação que ele passa, as crianças, respondem, indagam e participam efetivamente da atividade.
– Se reduzirem a equipe, os resultados serão menores. A criança que chega aqui já vem com muitas perdas lá de fora –aponta o educador.
A Anjos Voluntários tem uma despesa mensal entre R$ 11mil e R$ 14 mil. Em caixa, segundo a presidente Isamar Ordovás Sartori, há pouco mais de R$ 2 mil. A entidade conta com doações e realiza eventos para dar conta dos gastos, como uma rifa com 10 mil números que está sendo vendida por R$ 10. Apesar dos esforços, demitir para depois recontratar um funcionário exigiria um passivo que, conforme Isamar, estaria fora das possibilidades financeiras da instituição.
– É uma discussão difícil porque necessitamos de uma equipe completa. Até pode haver uma demissão, mas não sabemos ainda como vamos encontrar todos os recursos. Com o novo modelo, ficamos amarrados. Precisamos encontrar um jeito – revela.
Além dos 200 jovens atendidos, mais de 300 estão na fila de espera aguardando assistência.
Preocupação compartilhada
A Associação Mão Amiga - que encaminha para escolas particulares crianças carentes de zero a quatro anos que não conseguem vaga no ensino gratuito – também será afetada com a mudança. Atualmente, 180 funcionários prestam serviços para o projeto, que atende a cerca de 3,6 mil pessoas. A presidente do projeto, Maria Lúcia Bettega, afirma que a ONG não tem recursos para complementar os valores que estão sendo reduzidos.
– Temos a preocupação de atuarmos dentro da legalidade. Não temos condições de colocar um valor adicional para manter as equipes, as nossas doações não são para pagar honorários. Ninguém pode baixar salário, pois nós somos celetistas. O que resta às entidades que estão atuando na condição de parceiras será trocar a equipe. O nosso contratante é um CNPJ vinculado a uma ONG. Isso está acontecendo com todo mundo que estiver pagando mais que a nova tabela – destaca Maria Lúcia.
Na Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev), 137 usuários são atendidos por 18 funcionários. A gerente Marisa Cadorin Marques informa que o número já foi maior.
– Tínhamos 28 funcionários, mas não havia condições para manter todos. É complicado. Como vou dizer para uma oficineira que ganhava R$ 22 que vou demiti-la e depois de 90 dias vou recontratá-la pagando R$ 10? Temos pessoas capacitadas, que levaram tempo para trabalhar com deficientes visuais. Não se aprende de uma hora para outra – reclama Marisa.
Criança Feliz
A Associação Criança Feliz, com 230 crianças e adolescentes, conta com 18 funcionários. A gerente administrativa Cibele da Rosa ressalta que apenas uma demissão está prevista para ocorrer nos próximos dias.
– A gente está com dificuldades para manter a associação. Apenas uma demissão deve acontecer porque nosso quadro é enxuto. A entidade fez uma força-tarefa para poder dar conta de tudo – conta a gerente da entidade.
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