Foi enterrado na manhã desta quinta-feira (21) um importante personagem das estradas de Caxias do Sul. Nolcy Moraes, falecido aos 68 anos, era conhecido como Chico da Caxiense. Poucos o conheciam pelo nome, já que o apelido tornou-se popular e o identificava como um dos motoristas mais antigos da empresa Expresso Caxiense. Era Chico quem conduzia, quase que diariamente, dezenas de passageiros no trajeto de Caxias ao Litoral. Saía 7h30min da rodoviária de Caxias do Sul e só retornava de Torres por volta das 16h, conforme lembra o amigo e também motorista Artur Braga, 67 anos.
— Nós começamos juntos na empresa como colegas do roteiro urbano. Depois, passamos a fazer roteiro de turismo. Naquela época, o pessoal não viajava de avião. Ia de ônibus para o Nordeste. Nós viajávamos junto, revezávamos o volante. Era um grande amigo — descreve Braga.
Foram mais de quatro décadas de ligação com a empresa. Chico só saiu da Expresso Caxiense no ano passado. Era conhecido também pela segurança que transmitia ao volante - Braga não se lembra, por exemplo, de algum acidente que o amigo tenha se envolvido. Chico também ocupou o cargo de coordenador de temporada. Foi aí que estreitou os laços com Arroio do Sal, reduto caxiense de veraneio: passou a trabalhar da praia e passava de lá mesmo as coordenadas para os colegas motoristas. Tamanha ligação com o município litorâneo fez com que ele comprasse uma casa em Arroio do Sal e se mudasse para lá após decidir pela aposentadoria para descansar, no ano passado.
— Sabe aqueles camaradas que não se encontra mais por aí? Era o Chico. Ele deixou uma lacuna bem grande. Nossos clientes adoravam ele — lembra Braga.
Natural de São Francisco de Paula, Chico deixa esposa, duas filhas e netos. Estava hospitalizado desde o início do mês no Hospital do Círculo e lutava contra o câncer do pulmão. Ainda que tenha se afastado da empresa no ano passado, os colegas da Expresso Caxiense mostraram-se bastante abalados nesta quinta-feira, como reitera o amigo Braga:
— Ele sempre dizia para as pessoas, quando dava um tapinha nas costas: "toca em frente". A gente falava dos problemas, e ele devolvia sempre sorridente "segue em frente". Era a marca dele. Que falta vai fazer.