O resultado do exame de DNA que vai identificar as vítimas do acidente ocorrido há uma semana na Rota do Sol pode ficar pronto na sexta-feira da semana que vem. A projeção otimista é do Laboratório da Divisão de Genética Forense do Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre. Com isso, a tão esperada liberação dos corpos para velório e sepultamento pode ocorrer antes da previsão inicial dada à família pelo Posto Médico-Legal (PML) de Caxias do Sul de 40 dias.
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Segundo Gustavo Lucena, perito criminal do laboratório, o material genético coletado nas vítimas (fragmentos de ossos e dentes) e nos familiares para comparação chegaram ao local nesta sexta-feira. Até o momento, não foi feita a avaliação sobre a condição das amostras. É ela, a partir do grau de carbonização, que determina o tempo que levará o processo.
– Se as condições do material forem favoráveis para identificação levamos, geralmente, uma semana pra análise e liberação do laudo – disse Lucena.
O tipo de material coletado também interfere no prazo para resultado. Conforme o perito, se a amostra do cadáver for de sangue, por exemplo, e do parente também, o resultado pode sair entre um e três dias. Porém, no caso em questão, deve ser de uma semana. O laudo é digital, o que permite que seja visualizado pelo PML de Caxias no mesmo dia. De posse dele, os médicos legistas locais emitem o atestado de óbito com a identificação da vítima, o que libera os corpos para o translado.
Desde o dia do acidente, os familiares tentam agilizar o processo de liberação. Para eles, não há dúvida de que se tratam das primas Eloiza Araújo, 54 anos, e Renatta São Pedro, 42. Moradoras de Rinópolis, São Paulo, elas vieram a Caxias acompanhando o filho de Eloiza, Lucas Araújo, que estava de mudança para cidade gaúcha. Na tarde do acidente, elas saíram da área central em um Astra, com placas de Rinópolis, e foram até Fazenda Souza para buscar uma máquina de lavar roupa. Quando retornavam do distrito, ao tentar acessar a RSC-453, colidiram em um caminhão. O carro se incendiou após o choque e os corpos foram carbonizados.
– Está nesse impasse, há uma semana. A cada dia a gente vive um velório porque é sofrimento. Está esta ferida e quando chegarem os corpos aqui será uma pancada novamente – desabafou o genro de Eloiza, Marcos Elias Monteiro, 34 anos.
O delegado Rodrigo Kegler Duarte, que investiga o caso, diz que a liberação dos corpos não têm influência sobre o inquérito em andamento. Ele aguarda o laudo do DNA e do local do acidente para concluir o procedimento.
O Laboratório da Divisão de Genética Forense é o único a fazer esse tipo de análise no Estado e examina os materiais de todos os municípios gaúchos. Para chegar ao laboratório, na Capital, um carro do IGP faz uma especie de ronda recolhendo as amostras nos postos do interior. Isso é feito a cada 15 dias. Essa parte burocrática demora mais do que propriamente a análise laboratorial.
– Existe esse atraso inicial, principalmente, em função do déficit de pessoal. Tem de ser um motorista do IGP por causa da custódia do material. Devido à carência estrutural, não temos tantos motoristas como gostaríamos. A análise é feita no tempo mínimo necessário, que é quase o mesmo do praticado no exterior. As identificações humanas são sempre prioridade para nós – avalia Lucena.