Dez dias depois da explosão seguida de incêndio que praticamente destruiu um apartamento e danificou severamente outros dois no Edifício Veneto, no centro de Farroupilha, a reportagem voltou ao local na tarde de ontem e acompanhou o trabalho que está sendo feito pela empresa Verona Engenharia, contratada para avaliar os danos e elaborar o projeto de reforma do prédio.
O cenário deixado pelo acidente começa a se mostrar à medida que se sobe as escadas acima das sobrelojas em direção aos quatro últimos pavimentos onde ficam localizados os apartamentos. O elevador já está funcionando, mas não pode ser utilizado por questão de segurança. Os degraus de pedra branca ainda mantêm resíduos da fuligem, que também é visível em escorridos nas paredes que circundam a escadaria, em função do contato com a água ou de vazamentos ou dos jatos dos bombeiros ao conter as chamas. Nos corredores do quarto, quinto e sexto andares, o preto toma conta do teto recoberto de fuligem. Mas os danos foram visivelmente maiores no quinto pavimento, onde fica o apartamento 302, local da explosão. Os quadros que enfeitavam as paredes da área de circulação estão no chão, aos pedações. Há cacos de vidro e muita fuligem. O cheiro da fumaça parece impregnado no ambiente todo.
Poucos moradores retornaram a seus apartamentos, em torno de três famílias. Onde conseguimos entrar, a sensação é mesmo de abandono. Os objetos ainda estão revolvidos, móveis desarrumados. Alguns locais têm rachaduras ou fissuras nas paredes, mas nem todas têm relação com a explosão, já estavam lá antes do episódio. Além do 302, os apartamentos abaixo (202) e acima (402) permanecem interditados pelos bombeiros após avaliação da equipe de engenharia da empresa e da Defesa Civil. As portas foram lacradas com tapumes e o acesso não foi permitido. Um vídeo feito pela equipe de engenharia mostra como ficou o 302 após a explosão. Eles são os únicos que estão sem fornecimento de energia elétrica, água e gás – nos demais o abastecimento foi restabelecido. Uma empresa está verificando toda a tubulação de gás para certificar de que não há vazamentos.
Necessidade de reforço estrutural
Da sacada do 303, é possível ver a destruição na sacada do vizinho. A onda de ar gerada pela explosão projetou parte do reboco do 302 contra o prédio que fica no outro lado da rua e os estilhaços rebateram e voltaram ao 303, quebrando os vidros que circundavam a sacada.
– O apartamento sinistrado está praticamente destruído. Sobraram paredes, uma parte delas, e tão somente isso. O restante tem de ser refeito. É preciso fazer todos os revestimentos, todas as aberturas, pisos, forros, inclusive, o reforço na laje do forro da sala de jantar e estar e da cozinha, onde o incêndio foi mais forte, teve maior impacto. A ferragem da laje, ou dessas lajes, escoou, então, houve a deformação da ferragem. Tem de fazer o reforço estrutural para posterior uso – explica o engenheiro civil Césio Verona.
No 202, por exemplo, a avaliação aponta que é preciso substituir pisos, janelas e portas, gesso do teto de algumas peças e restaurar fissuras. Parte da rua em frente ao edifício permanece isolada, mas as lojas e sobrelojas estão com o acesso livre – e funcionando – sob a marquise que não teve a estrutura alterada e, além disso, serve de proteção a quem passa pela calçada.
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