Uma semana depois de ter sido palco de um dos episódios mais caóticos de baderna e algazarra, o clima no Largo da Estação Férrea, em Caxias do Sul, era de tranquilidade na noite deste sábado e madrugada de domingo. O novo cenário foi consequência da presença da Brigada Militar no local.
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Vinte policiais da Companhia de Operações Especiais (COE) do 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) chegaram por volta das 21h e lá permaneceram durante a madrugada. Eles tiveram o reforço de três cães que participaram das abordagens. Mas, de forma geral, a simples presença do efetivo foi suficiente para garantir a ordem. No Largo da Estação, as pessoas se concentraram nos espaços reservados dos bares e casas noturnas. Eram poucos os que ficaram no lado de fora. Já, na Rua Coronel Flores, centenas de jovens ocupavam as calçadas e consumiam bebidas alcoólicas em frente aos estabelecimentos.
Com isso, a ação coordenada de outros órgãos de segurança pública pode ocorrer simultaneamente em pontos diferentes da cidade. Guarda Municipal, Fiscalização de Trânsito e Polícia Rodoviária Federal (PRF) fizeram fiscalizações em Ana Rech, em um ponto de encontro de jovens que fica junto a um food truck e um posto de combustíveis, e na Rua Sinimbu, na quadra entre a Rua Angelina Michielon e BR-116, que se tornou ponto de concentração e consumo de bebida alcoólica e onde fica um estabelecimento que funciona 24 horas. Motoristas foram submetidos ao teste do etilômetro e diversos carros foram guinchados. Na sequência, agentes da Guarda, da PRF e de trânsito deslocaram para o Largo da Estação Férrea. O balanço da operação só será divulgado ao final da ação. Dois conselheiros tutelares também estiveram na Estação.
As ações dos órgãos de segurança pública e do Conselho Tutelar foi motivada pelo tumulto ocorrido na madrugada do dia 16, quando a aglomeração de jovens terminou com briga generalizada e uma viatura da BM danificada.
Naquele dia, policiais militares, que foram verificar uma denúncia de desordem na Rua Augusto Pestana, foram recebidos com hostilidade. Foi preciso reforços e uso de armamento não-letal para dispersar o motim. Na sequência, um grupo teria arremessado objetos contra a força policial. Uma garrafa atingiu e amassou a porta dianteira de uma viatura.
Em resposta ao clamor dos moradores incomodados com a baderna e algazarra proporcionada pela junção de jovens e dos empresários temerosos em relação à violência e vandalismo, os órgãos de segurança agiram preventivamente neste final de semana.
– Visto que é um esforço sobre-humano da Brigada Militar, diante da falta de efetivo, resolvemos nos unir a eles. Só não conseguiremos resolver o problema se atuarmos sozinhos. Não vejo outra forma a não ser somarmos esforços – disse Cristiano Vitali, que responde interinamente pela Guarda Municipal.
– É um choque de ordem – resumiu o capitão Amilton Turra de Carvalho, que coordenou os policiais militares na Estação.
Um dos donos do Mississipi Blues Bar, Toyo Bagoso, espera ver realizadas as ações apontadas em reunião entre empresários, órgãos de segurança e prefeitura na última segunda-feira. Entre elas estão reforço na iluminação pública e instalação de câmeras de monitoramento no Largo da Estação, até que seja colocada em prática, de fato, a revitalização do local. No total, são cerca de 15 estabelecimentos no entorno, entre casas noturnas, restaurantes, bares e cafés.
– Temos problemas há 12 anos aqui, mas é cíclico. Agora chegou ao ápice, desordem e caos extremo – lamentou o empresário.
Com um trabalho mais voltado para a orientação sobre a proibição da venda de bebida alcoólica para adolescentes, o Conselho Tutelar aposta na realização de uma pesquisa acadêmica que deverá traçar o perfil desse tipo de consumidor para, a partir daí, definir políticas públicas de enfrentamento. O impasse está em quem vai custear a pesquisa.