Quando o Pioneiro estava prestes a completar 27 anos, a edição de 2 de novembro de 1974 destacava a prosperidade da cidade: a Câmara de Vereadores havia aprovado a lei que criava a Codeca; a nova sede da prefeitura seria inaugurada na semana seguinte; e os servidores municipais teriam um aumento de 30% nos salários. O lojista Agnez Luiz Lima da Silva, 44, nascido no dia 4 daquele mês, viveu a Caxias clássica, conhecida pela pujança de sua indústria. Foi por meio do trabalho no setor que seus pais, moradores do bairro Boa Vista, hoje Cristo Redentor, conseguiram criar a ele e à irmã.
– Meu pai foi mecânico desde os 15 anos, trabalhou na Auto Mecânica e outras empresas da área. Minha mãe trabalhou no Eberle toda a vida – relata.
Leia mais
Os anos de ouro do futebol caxiense
Os incêndios da Câmara de Vereadores e do Cine Ópera
O fim dos aos racionamentos de água em Caxias
Quando Caxias virou Capital da Cultura
A chegada da TV a cores
O pai abriu a própria mecânica em 1970, e nela Agnez começou a atuar 20 anos depois. Cursou Administração na UCS e, em 1998, vendo o perfil da cidade, decidiu mudar de ramo e abriu uma loja de roupas no Centro.
Sempre atento aos negócios pelas páginas do Pioneiro, Agnez acompanhou as flutuações econômicas. Ele lembra bem da crise asiática de 1997, que resultou na queda das bolsas, bem como dos anos gordos entre 2010 e 2013, quando a crise econômica atual começou a dar os primeiros sinais.
Nesse meio tempo, o comerciante conheceu Magali, que se tornou sua companheira em 2000. No dia 12 de maio de 2010, a cidade voltava os olhos à Seleção Brasileira: na capa, o jornal Pioneiro estampava o anúncio da convocação do técnico Dunga. Para Agnez, porém, todas as atenções estavam voltadas para o nascimento da filha Glaucia.
Durante o tempo em que acompanhou o Pioneiro, Agnez lembra de momentos marcantes como as coberturas da Festa da Uva e a Copa do Mundo de 1994. Com o tempo, desenvolveu o interesse em acompanhar os padrões de ocupação da cidade.
Ainda assim, ele não consegue desgrudar da seção de economia, que considera inclusive que deveria ganhar mais espaço.
– O que eu gostava de ver no passado eram cadernos de veículos, com comparativos, valores, e matérias sobre turismo – lembra.
É a economia, também, que o preocupa para os próximos 70 anos de uma cidade que se acostumou com a prosperidade:
– Hoje mudou o perfil do consumidor, o jovem não está querendo muito ter carro nem casa própria. Quer saber de viajar, da experiência. Caxias apostou no setor industrial pensando que nunca ia ter crise. Agora, já está perdendo para Bento, que não se deteve ao polo moveleiro, foi para o turismo. Gramado já saiu na frente. O maior temor é que vire uma Detroit.