Em pleno domingo, centenas pessoas se deslocaram até o Centro Especializado de Saúde (CES) de Caxias do Sul, na Rua Sinimbu, para atendimento no mutirão promovido pela Secretaria Municipal da Saúde. As consultas foram agendadas para as áreas de cardiologia, dermatologia, gastroenterologia, hematologia, neurologia, ortopedia, otorrinolaringologia, urologia, ginecologia e fonoaudiologia.
O objetivo da prefeitura era priorizar pacientes que aguardavam há mais tempo na fila de espera do Sistema Único de Saúde. Ao todo, 562 consultas foram agendadas, mas nem todos compareceram.
A manicure Claudete Rodrigues, que acompanhava a mãe no aguardo do atendimento de gastroenterologia exaltou a ação e disse não se importar em ter de buscar o atendimento no domingo.
— Tratar da saúde é sempre uma ocasião especial. Inclusive, o domingo é até melhor em casos como o nosso, pois, por não estarmos trabalhando podemos acompanhar a nossa mãe — destacou.
Para Marlene Cruz, que aguardava uma consulta com cardiologista há cerca de um ano, o dia do mutirão também não foi um problema.
— O importante é ser atendido. Quando se trata de saúde a gente tem que arranjar um tempo, principalmente quando a fila de espera está demorando — ressaltou.
Conforme a diretora de Especialidades da Secretaria Municipal da Saúde, Nicole Golin, o dia foi escolhido visando facilitar o deslocamento de pessoas, por se tratar de passe livre. A ideia, também, afirma, era não interferir nos atendimentos de rotina do CES. Apesar disso, ela lamenta que houve um número de ausências consideráveis em algumas áreas.
— Só pela manhã registramos 50% de faltas em algumas especialistas, como dermatologia e 25% com ortopedia. Teremos que avaliar a possibilidade de novas ações baseando-se nesses dados — comenta.
Por outro lado, ressaltou que a maioria dos pacientes consultados aprovou o sistema de atendimento e que esse critério também será considerado para possíveis novos mutirões.
— Fizemos uma articulação bem planejada. Os pacientes saíam das consultas e já podiam fazer por aqui (CES) exames de sangue, eletrocardiogramas e até raio-x. A ideia era não fazer o primeiro atendimento e mandar as pessoas para uma nova fila de espera. Buscamos então tentar trazer todos os exames de menor complexidade — explicou.
O levantamento com o total de atendimentos e ausências será divulgado nesta segunda-feira pela Secretaria da Saúde.
Avaliação positiva, mas nem tanto
Apesar do alívio em conseguir efetuar a consulta depois de longos meses de espera, alguns pacientes, entretanto, não pouparam críticas sobre a demora.
— Não era assim, há uns dois anos demorava, mas não tanto. Essa ação foi uma boa, mas não adianta fazer isso só uma vez por ano — comentou o aposentado Adelar Gomes de Bitencourt, 61 anos, que esperava atendimento cardiovascular há um ano, mas que ressaltou estar na fila de espera para outras três especialidades.
Opinião semelhante é a do aposentado Tadeu Miola, 68 anos, que há um ano e um mês aguardava atendimento de cardiologia:
— A prefeitura tem que fazer mais mutirões como esse. Nunca vi demorar tanto — ressaltou.
Teresinha de Fátima de Lima, que relatou estar esperando há quase dois anos por atendimento de cardiologia também cobrou mais agilidade.
— O último exame que fiz deu alterado e mesmo assim demorou quase dois anos para eu conseguir atendimento de novo. Ainda aguardo nas filas de reumatologista, ortopedista e psiquiatria. Precisamos que essa agilidade ocorra o ano inteiro e não só num dia — afirmou.
A diretora de Especialidades da Secretaria Municipal da Saúde, Nicole Golin, admite que houve demora em um período do ano passado, mas que a fila de espera tende a reduzir gradativamente.
— Desde o início deste ano e especialmente no segundo semestre houve contratações, portanto, essa espera tende a se diluir gradualmente —destaca Nicole.