Desde que a Diocese de Caxias do Sul comunicou que não recebe mais seminaristas internos no Seminário Nossa Aparecida, em Caxias do Sul, algumas iniciativas têm deixado cada vez mais claro o novo posicionamento da Igreja Católica diante de seu público. Na igreja contemporânea, é possível que condutas diferentes sejam acrescidas ao dia a dia do catolicismo. Exemplo: seminaristas ingressam na caminhada sacerdotal cada vez mais velhos, há padres com formação acadêmica nada usual ou ainda é encaminhada a consolidação do diaconado, que permite que homens casados sejam mais atuantes e até líderes de comunidades religiosas.
Uma das iniciativas mais concretas e inéditas na Serra é a implantação do diaconado permanente na Diocese de Caxias do Sul. Ou seja: leigos que trabalharão nas paróquias e poderão conduzir batismos, matrimônios e sepultamentos. Um diácono pode ter uma esposa, desde que tenha casado antes da ordenação. Também pode exercer funções administrativas na igreja. Além disso, pode estabelecer parcerias com entidades comunitárias, empresariais e órgãos públicos e cooperar para ações de caridade, ou que resultem em benefícios à comunidade. Para que sejam formados diáconos nos 32 municípios da Diocese, uma equipe trabalhará na Escola de Dioconado, que será instalada no Seminário Nossa Senhora Aparecida.
— A criação dessa escola mostra uma igreja aberta ao sopro do Espírito Santo, e que pensa verdadeiramente na comunhão. O ministério, tanto sacerdotal quanto diaconal, não é um status, é um serviço. Tanto que a palavra "status", do grego, significa "serviçal"— avalia o pároco-geral da Diocese, Leonardo Pereira.
Não há data para que a escola entre em funcionamento. No entanto, a equipe que coordenará esse processo já está tomando forma. Assim que definidas as regras e disciplinas do formato que a escola funcionará, o material deverá passar pela aprovação e análise dos padres da Diocese. O diácono pode surgir por indicação da comunidade, apresentado por um padre ou bispo, ou por iniciativa própria. O período de preparo para o diaconado é de, em média, quatro anos. Os encontros podem ser divididos por módulos ou semanais, segundo padre Leonardo.
— Todas as comunidades estão sendo atendidas, mas poderiam ser atendidas melhor com a ajuda de um diácono. Ele é uma vocação da igreja, que Deus dá ao homem, de querer servir. Ele pode ser um líder de uma comunidade que não tem ninguém, onde o padre vai raras vezes. O diácono permanente se desenvolveu mais nas regiões onde havia falta de padres, por isso aqui não teve — explica o bispo diocesano dom Alessandro Ruffinoni.
OS DIÁCONOS
:: Em Caxias, não há diáconos atuando. Será, portanto, a primeira vez que uma escola formará líderes, que podem ter mulher e família, para ajudar padres e bispos nas comunidades.
:: O diácono deverá passar por um período de preparação, estimado em quatro anos, em aulas que serão ministradas no Seminário Nossa Senhora Aparecida.
:: Um diácono pode celebrar casamento, batismo e cerimônias fúnebres. Ele não pode consagrar a eucaristia, mas ajuda na leitura do Evangelho, por exemplo.
:: Já existem escolas de diáconos em Novo Hamburgo e Santa Maria.
:: A idade canônica para ordenação é de 25 anos para solteiros e 35 para casados, mas, em Caxias, deve ser superior. O diácono precisa ter independência econômica-financeira, e escolaridade mínima de Ensino Médio.
:: A dedicação pode ser integral ou exclusiva, sendo considerado voluntário.
:: Não há previsão de data para o início da escola diaconal.
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