Quando tudo parecia encaminhado para a haitiana Monette Esperance reencontrar os três filhos, o sonho da moradora de Caxias sofreu um novo revés. Recentemente, a documentação que havia sido remetida para confecção do vistos de uma das crianças retornou, pois o nome de Monette estava com a grafia errada na certidão de nascimento. Com isso, a viagem para buscar Djodly, 11 anos, Adjy, 10, e Betchnaille, oito, foi novamente frustrada.
— Cada dia é uma novela diferente. É inacreditável. O pior é que tudo havia sido aprovado em dezembro ainda. Agora, na última hora, mandam o pedido de correção — comenta o advogado de migrações do Centro de Atendimento ao Migrante (CAM), Adriano Pistorelo.
Há mais de cinco anos Monette não vê os filhos, que permanecem no país caribenho, onde vivem com a avó. Há quase dois anos, ela luta para viabilizar a ida até o Haiti para buscar as crianças e retornar para Caxias. Em 2017, conseguiu angariar recursos por meio de uma vaquinha online que arrecadou cerca de R$ 24 mil para custear a vinda dos três filhos de Monette. Desde então, no entanto, diversos entraves impediram o reencontro.
Desta vez, Pistorelo explica que o problema foi tanto na emissão da certidão da criança quando ela nasceu, quanto no descaso do procedimento recente por parte da embaixada do Haiti.
— O governo do Haiti é uma bagunça. Já encaminhamos o pedido de correção via retificação judicial. Neste momento, aguardamos a chegada da nova documentação, que, inclusive, já deveria ter vindo em julho, mas até agora nada — acrescenta.
Contudo, ele garante que o valor arrecadado está seguro e será devidamente utilizado no momento que Monette tiver toda a documentação.
— O recurso arrecadado para as crianças está depositado em conta corrente e não foi mexido. As pessoas que doaram podem ficar tranquilas. Realmente são só esses transtornos burocráticos que estão trancando. Mas, uma vez expedido o visto, a viagem vai ser feita o quanto antes — garante o advogado.
Embora o histórico de empecilhos dificulte qualquer nova estimativa, a expectativa é de que nas próximas semanas o visto seja encaminhado e a viagem, enfim, agendada.
— Queria estar com os meus filhos, mas não está sendo possível. Não dá mais para aguentar, não tenho mais força. O que mais revolta é que eles ficaram um tempão com os documentos e disseram só na última hora que tinha erro. Por que não avisaram antes? — lamenta Monette.
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