Seja por costume, distração ou indiferença, o desrespeito com vagas de trânsito para pessoas com deficiência (PcD) ainda ocorre diariamente em Caxias. Por isso, em ato simbólico e alusivo à 7ª Semana Municipal da Pessoa com Deficiência, a Coordenadoria de Acessibilidade e o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPcD) realizaram a chamada Ação da Multa Moral na manhã desta quarta-feira.
Por cerca de uma hora centenas de veículos foram parados pela Fiscalização de Trânsito em simulação de blitz em frente à Catedral Diocesana, junto à Praça Dante Alighieri. Os motoristas e passageiros foram recepcionados por voluntários que esclareceram e reiteraram a importância de não ocupar as vagas exclusivas.
— É sempre no jeitinho brasileiro ou na desculpa do "é rapidinho". Mas não é e prejudica as pessoas que realmente precisam dessas vagas — explica a titular da Coordenadoria de Acessibilidade, Liege Dala Porta.
No ato, cadeiras de rodas foram posicionadas em vagas de estacionamento junto à praça. Apesar de serem parados pela fiscalização, motoristas consideraram válido o propósito da ação:
— Realmente as pessoas não param pra pensar que coisas pequenas que podem facilitar para essas pessoas que tem certa dificuldade — ressaltou o comerciante Fábio Brogliato.
Ao todo, a Fiscalização de Trânsito estima que existam mais de 400 vagas exclusivas para PcD em Caxias. Na área central, em zonas de estacionamento rotativo regulamentado, são 75 espaços especiais. PCD também podem utilizar as vagas comuns.
Ainda assim, conforme reitera a integrante do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPcD), Cassandra Gomes Ramos, os espaços exclusivos devem ser respeitados pois estão posicionados em espaços de maior facilidade de acesso e deslocamento:
— Os espaçamentos dessas vagas é maior e normalmente elas ficam próximas de rampas e estabelecimentos de serviços — comenta.
Infração é considerada gravíssima
O atleta Alexandre Luiz Costa utiliza um kit adaptado e motorizado em sua cadeira de rodas para se locomover. Embora esteja habituado a se deparar com desrespeito do uso das vagas, ele afirma que faz questão de cobrar a autuação de quem infringe a lei de trânsito. Considerada gravíssima, a infração rende multa quase R$ 300 e perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
— Sempre que vejo um carro sem a cartela de permissão de uso de vagas para PcD faço questão de ficar com pisca-alerta ao lado esperando o veículo sair. Quando os amarelinhos chegam, eu mostro minha licença e digo que só saio se eles multarem aquela pessoa — afirma.
E a situação vivenciada por Costa é conhecida: segundo a Fiscalização de Trânsito, são diárias as autuações por uso indevido das vagas exclusivas.
Utilizando cadeira de rodas durante o ato, o titular da Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade, Cristiano de Abreu Soares, ressaltou que a infração é uma das mais praticadas na cidade.
— A punição precisa ser grave mesmo. As pessoas ainda reclamam e dizem que existe indústria da multa. Isso não existe. Tudo que arrecadamos só pode ser usado para educação, sinalização e engenharia do próprio trânsito. Acho importante multar porque só assim as pessoas se sensibilizam e se conscientizam — comenta Soares.
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