O Grupo Voges prevê desocupar a área do complexo da Maesa onde opera a fundição somente no fim de 2019. O prazo de 31 de julho próximo, previsto em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) celebrado no ano passado com a prefeitura de Caxias do Sul não será cumprido por motivos econômicos, segundo a empresa. O município entrou com ação na 2ª Vara Cível de Caxias do Sul no fim de junho em função do descumprimento do cronograma de desocupação.
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O empresário Oswaldo Voges não quis se manifestar por telefone sobre a situação, que define como "complexa". Ele recebeu jornalistas do Grupo RBS na manhã desta sexta-feira (13) na empresa de fundição para mostrar a planta industrial e falar sobre o contexto envolvendo o processo de saída do local. Segundo a Voges, 71,4% do total de área construída no complexo da Maesa foi desocupado. O valor total da transferência da fundição para uma área às margens da Rota do Sol é calculado em R$ 6 milhões, conforme a empresa. Desse total, já foram gastos R$ 3 milhões.
Um dos pontos polêmicos do processo de saída da empresa, a central de armazenamento da areia oriunda da fábrica tem previsão de passar por limpeza até 10 de setembro deste ano. Voges assegurou que não se trata de um composto tóxico, apresentando licenciamento obtido junto à Fepam, e relatou que dificuldades com o custo logístico para retirada do material acabaram fazendo com que ele permanecesse até agora na área, que é próxima à Rua Treze de Maio.
Entre outros pontos, Voges também destacou que tanto a empresa de fundição do grupo quanto a de motores, situada no bairro São Cristóvão, dependem do funcionamento da planta do bairro Exposição, já que a fábrica de motores é abastecida pela unidade. As indústrias empregam, atualmente, 430 pessoas. As empresas do grupo estão em recuperação judicial desde 2014, quando o plano de recuperação foi aprovado.
Voges reclama de falta de diálogo por parte da prefeitura de Caxias do Sul que, no dia 6 de janeiro de 2017, encaminhou notificação à empresa determinando que ela saísse do espaço ocupado. O empresário disse que está disposto a negociar, mas que isso, agora, vai acontecer dentro do trâmite judicial, que tem a primeira audiência marcada pela 2ª Vara Cível para o dia 24 de julho.
Sobre o fato de o prazo de desocupação previsto pela empresa ter sido modificado mais de uma vez, já tendo sido projetado para dezembro de 2017, depois para 31 de julho deste ano, e agora só ao final de 2019, e, diante desse cenário, qual a possibilidade de a empresa garantir que realmente poderá sair até o fim do ano que vem, Voges é taxativo.
— Não estamos brincando aqui. Estamos trabalhando muito sério. A recuperação desta empresa é uma luta contínua. Olha a nossa cidade, em termos metalúrgicos e industriais, como era em 2008 e como é hoje; nós lutamos pela nossa sobrevivência. Esse prazo é pensado e trabalhado. Agora, que país é esse? Estamos a três meses da eleição. Posso garantir que o que hoje vemos de cenário, isso aí (prazo previsto) vai ser atendido. Nós acreditamos nisso e queremos muito que isso possa ser antecipado — afirma.
Sobre a conjuntura econômica atual, o empresário afirma que tem observado um aumento nos pedidos a partir do início deste ano, mas faz a ressalva de que a base de comparação dos últimos anos é pequena. De qualquer forma, ele analisa que à medida que a economia se recupera a demanda têm maior concentração entre as indústrias de fundição que sobreviveram, já que muitas empresas fecharam durante a crise.
O secretário da Cultura, Joelmir da Silva Neto, diz que, no processo de ocupação, é necessário fazer um levantamento minucioso das condições estruturais de todo o patrimônio do complexo por meio do contrato de uma empresa especializada via licitação. Mas, para que esse trabalho seja feito, é necessário que a empresa de fundição desocupe o espaço, a fim de não haver interrupções. O secretário reconhece que não será cumprido o prazo de saída de 31 de julho.
Com a permanência da Voges, o início da ocupação da Maesa deverá demorar ainda mais, uma vez que, segundo o secretário, o levantamento estrutural é um trabalho lento, que deve levar pelo menos oito meses. A respeito do escaneamento feito em 2015, que custou R$ 95 mil, Neto diz que foi um trabalho que cumpriu o seu papel, auxiliando no planejamento sobre quais itens poderão ser instalados na área, incluindo órgãos administrativos como a Secretaria da Segurança, mas que é necessário um detalhamento maior por se tratar de um patrimônio histórico. Depois desse levantamento, será necessário fazer ainda o projeto arquitetônico para, depois, buscar os recursos necessários para instalar os itens previstos, como mercado público, teatro, entre outros.
Sobre os problemas de goteira e acúmulo de água no interior do complexo, o secretário falou que a prefeitura irá buscar ações emergenciais em alguns pontos, com cuidado para não descaracterizar o patrimônio. Segundo ele, era aguardada a saída da empresa para não serem necessárias intervenções pontuais mas, agora, diante da impossibilidade do cumprimento do prazo de 31 de julho, a prefeitura terá de fazer consertos emergenciais. A Frente Parlamentar de Ocupação da Maesa na Câmara de Vereadores terá no início de agosto uma audiência pública no colégio Emilio Meyer para tratar da situação do complexo.
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