A fala do prefeito Daniel Guerra durante coletiva sobre a criação de um Pronto-Atendimento 24 Horas exclusivamente para atendimento de crianças explicita a visão da administração municipal de que um serviço de urgência e emergência é mais eficiente no modelo de gestão compartilhada. Guerra citou como exemplo a UPA, que conta com 14 pediatras e, segundo ele, nunca teve problema de atendimento. No Postão, ao contrário, mesmo com 19 profissionais a dificuldade para compor as escalas vem fazendo com que não haja atendimento pediátrico em diversos fins de semana.
– Nós temos uma grande admiração pelos servidores públicos. A maioria são pessoas extremamente qualificadas e comprometidas. As exceções, nós tratamos como exceções. Agora, o que está se falando são os números da realidade. O modelo do Postão 24h é um ciclo que se esgotou. Não estamos falando de pessoas, mas de um serviço cujo ciclo está completamente esgotado. E, quando se abre um serviço como a UPA, isso começa a ficar gritante para a população – declarou.
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Mesmo com os planos do novo plantão, a gestão compartilhada do Postão segue nos planos da prefeitura e, conforme Guerra, será levada novamente ao Conselho de Saúde.
– E a gente tem que ter a grandeza e humildade de perguntar porque existe o Postão. Ele existe para atender bem a população. Hoje, aquele ciclo vive uma forma que, por mais que estejamos repondo médicos, se esgotou. Por isso, esses profissionais tão competentes vão começar um novo ciclo nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e começamos um novo ciclo no Postão a exemplo da UPA – defende.
Na tarde de sexta-feira, o Pioneiro esteve no Postão após novas reclamações de demora no atendimento pediátrico. Por volta das 15h, pouco antes da coletiva, a sala de espera estava lotada, com mais de 30 pessoas aguardando atendimento.
– Tem gente passando fome aqui. Chegamos a ficar irritados esperando – lamentou Eveline Gonçalves Oliveira, 34, que aguardava atendimento desde as 10h para a filha Adriele, sete anos.
Pelo menos outras três famílias estavam na mesma situação. Questionado sobre a situação caótica no Postão, o secretário da Saúde de Caxias, Geraldo Freitas Júnior, bateu na mesma tecla do prefeito:
– Não vou chover no molhado, com uma estrutura de profissionais tratando todos esses casos nas UBSs, teremos uma realidade muito diferente. Por mais resistência que ocorra, esse é o caminho.