Distante cerca de 61 quilômetros do centro de Caxias do Sul, a pequena comunidade de São Jorge da Mulada, no distrito de Criúva, nunca tinha visto algo parecido com o que ocorreu no último final de semana. O cemitério da localidade teve 10 túmulos danificados.
Segundo a administração e funcionários, as famílias responsáveis pelos jazigos foram chamadas e, pelo menos quatro delas, confirmaram aos cuidadores do cemitério que os crânios das pessoas sepultadas foram levados. O número de furto de ossadas pode ser ainda maior, já que outros jazigos que tiveram as tampas quebradas ainda não foram verificados pelas famílias. De dois dos sepulcros, foram levadas as placas que identificavam os mortos.
As violações foram percebidas na manhã da última segunda-feira, quando os servidores que trabalham no local chegaram ao cemitério. Os moradores acreditam que os atos tenham ocorrido na noite de domingo, quando um carro branco foi visto estacionado na estrada e foi percebida a presença algumas pessoas dentro do cemitério.
Em um dos túmulos violados está sepultada, há mais de 10 anos, a mãe de Eroquês Valdoir Rodrigues, 66 anos, Zerilda José Rodrigues. Ele disse que foi ao local e verificou que a tampa de mármore havia sido removida, mas que os vândalos não conseguiram abrir uma segunda placa de metal que protege o caixão.
Com exceção do sepulcro pertencente a Eroquês, a maioria dos jazigos violados eram construídos de estrutura pré-moldada. As tampas vêm em duas partes fechadas por meio de um encaixe, onde é colocado cimento. Elas foram quebradas exatamente nesse ponto de emenda. Na manhã de ontem, algumas tampas ainda estavam deslocadas. Em uma dessas sepulturas, onde estavam guardados os restos mortais de uma mulher, um familiar, que também presta serviços aos demais proprietários, teria constatado o furto do crânio. Em outra, a mais danificada de todas, a família determinou que os ossos fossem retirados e colocados em outra capela. Nessa, o crânio também teria sido furtado, segundo esse prestador de serviços relatou aos administradores do cemitério. O Pioneiro tentou contato com o serviços gerais, mas ele não atendeu às ligações para o celular. A comunidade está assustada.
– É um banditismo isso que fizeram. O que vão fazer com essas coisas (crânios)? – ponderou seu Eroquês que tem outros parentes enterrados no local.
Além da suspeita sobre o veículo branco visualizado nas redondezas, a única pista deixada pelos vândalos foram duas garrafas de bebida alcoólica no corredor de uma das entradas. Preocupada com a segurança, a comissão de voluntários da comunidade que cuida do cemitério pretende colocar câmeras de monitoramento no lugar.
– Vandalismo já teve, mas de abrirem túmulos nunca. Estamos pensando em colocar câmeras lá – disse o presidente da comissão.
O caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia de Polícia de Caxias.
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