A família de Flávio Machado Rosset, 46 anos, estava dormindo no momento em que um incêndio tomou o prédio da Jussara Casa e Colchões na BR-116, no bairro Sagrada Família, em Caxias do Sul, na madrugada do último domingo. Os pais de Rosset, de 73 e 76 anos, são donos da casa ao lado da parte dos fundos do prédio incendiado, na esquina da Rua Júlia Gomes com a Rua José Marquês. O casal mora no local desde antes de Rosset nascer. Agora, a família toda está abrigada com parentes porque a estrutura apresenta muitas rachaduras e foi interditada pelo Corpo de Bombeiros.
A residência de alvenaria tem dois pavimentos. No térreo estavam os idosos. No andar de cima, Rosset, a filha dele, de sete anos, e a atual esposa, de 58.
– Estava em casa e comecei a ouvir uns estouros, como fogos de artifício, e sentir um calourão imenso. Estávamos dormindo. Levantamos, fomos na janela e vimos muita fumaça preta na Jussara (loja). O cheiro era muito forte. Minha prima (que mora ao lado) batia na porta e dizia: "Flávio sai daí". Peguei minha filha no colo e minha esposa e saí correndo com a roupa do corpo – relatou Rosset.
Nesse momento, os pais de Rosset já estavam fora da casa. Segundo o morador se aproximava de 5h. Conforme relatos de vizinhos de frente da loja de colchões, na BR-116, o fogo teria se iniciado por volta das 4h. Ninguém se feriu.
– Todos saíram com vida e estão todos bem. Mas, estamos fora de casa porque ela está condenada. A gente só espera justiça. Precisamos ser amparados – declarou Rosset.
O morador voltou ao local na manhã de ontem com o Corpo de Bombeiros. A equipe do 5° Batalhão de Bombeiro Militar (5°BBM), comandada pelo tenente-coronel Ederson de Albuquerque Cunha, vistoriou a estrutura da casa e manteve a interdição. Da mesma forma, as outras duas residências que ficam na Rua José Marquês, uma delas de madeira, onde moram parentes de Rosset.
– O local está isolado e guarnecido – informou o tenente-coronel.
Cunha diz que solicitou à prefeitura, ainda no domingo, avaliação para verificar se há risco de desabamento do prédio. O comandante iria formalizar o pedido ontem. Ele também disse que mandaria ofício ao Instituto-Geral de Perícias (IGP) em Porto Alegre, pedindo perícia no local do incêndio. A ideia é determinar se o foco inicial foi mesmo na loja de colchões, como apontam os bombeiros, e o que pode ter causado as chamas.
– Pelos danos severos na parede do prédio que desnivelou atrás da casa de madeira, pode ter sido ali o ponto de maior caloria. As imagens (gravadas por populares) também mostram fogo generalizado na parte intermediária do prédio, onde fica a loja de colchões – explicou o coronel Cunha.
A Secretaria de Segurança Pública, a qual está vinculada a Defesa Civil Municipal, disse o engenheiro do órgão deve fazer vistoria nas estruturas hoje.
Por enquanto, uma das duas pistas da Rua José Marquês, em frente às casas, segue interrompida. O trecho da Rua Júlia Gomes, nos fundos do prédio, entre a José Marquês e a Honorato Berti, permanece com trânsito totalmente bloqueado.