Raul Anselmo Randon deixou uma herança que dificilmente será esquecida por famílias que assistiram as suas crianças e aos seus adolescentes se tornarem cidadãos melhores e de futuro mais promissor. O empresário criou o Instituto Elisabetha Randon, fundado em 2003, para onde direcionou ações na educação, na cultura, na assistência social e no voluntariado. Por meio do projeto, filhos de funcionários ou crianças que moram em bairros pobres puderam trabalhar em uma das empresas Randon, falar inglês, dominar informática, ter empregos dignos e até chegar na faculdade. O carro-chefe do instituto é o projeto Florescer (criado antes, em 2002) e que beneficia, gratuitamente, crianças e adolescentes de 6 a 14 anos. Ele disponibiliza atividades pedagógicas, culturais e esportivas, e funciona de segunda a sexta-feira, no turno inverno à escola regular.
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— O que a gente quer aqui é mostrar que existe um futuro para eles. Que, se eles forem pessoas corretas, estudarem e depois trabalharem, poderão um dia ser até diretores de uma empresa — explicou seu Raul em entrevista ao Pioneiro em julho de 2003.
O Florescer surgiu de um projeto pessoal do empresário. Ele queria criar um programa e um local que fosse referência para jovens que enfrentam dificuldades em casa ou na escola e, dessa forma, permitir que recebessem a oportunidade de um futuro mais seguro. Por isso, além do Florescer beneficiar crianças, jovens de 15 a 16 anos podem participar do Florescer Iniciação Profissional. A iniciativa ajuda na inserção no mercado de trabalho, por meio de uma formação técnica e humanística. É possível, inclusive, que trabalhem em uma das empresas do grupo.
— Grande parte desses nossos jovens tinha problemas de repetência no colégio. Depois que vieram para o Florescer, nenhum deles rodou, e eles adoram estudar— explicou Randon.
O índice de aprovação dos participantes na escola já chegou a 100% _ no último relatório de desempenho divulgado no site da Randon, o índice está avaliado em 96%. Estima-se que a Randon desembolse cerca de R$1,3 milhão por ano para a iniciativa. E o resultado deste investimento está estampado nos rostos de mais de 500 jovens que já concluíram os cursos. Johnatan Boeira Rodrigues, 24 anos, é um deles. O professor da rede municipal e estadual é filho de um pintor que completou 25 anos de Randon. João Carlos Rodrigues, 46 anos, apresentou o filho ao departamento de Recursos Humanos para pleitear uma vaga na primeira turma, em 2002. Graças ao Florescer _ e ao empresário Raul Randon _, Johnatan participou do coral, fez aulas de violino, nas áreas de mecânica, comércio e serviço e foi estagiário no Florescer. Fala inglês e domina informática. Começou a faculdade em 2011 no curso de Matemática no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).
— Temos jantares com os alunos da primeira turma do Florescer e percebo que estão todos bem. Há quem tenha feito intercâmbio, tem gente que abriu empresa, que virou advogado, que seguiu vida em família — lembra Johnatan.
O jovem trabalha três turnos por dia em três escolas diferentes e garante que o projeto social guiou sua escolha profissional. Além dele, os outros três irmãos passaram pelas classes do Florescer. Todos estão livres da marginalidade e seguiram pelo caminho que Randon sugeria ao encontrá-los.
— O Seu Raul sempre interagiu conosco. Eu lembro que nós íamos a um galpão, ele nos abraçava, contava suas histórias de criança, de guri. Nos cobrava muito para aprender inglês. Ele nos abraçava, e nos sentíamos próximos dele. Ele nos ensinava que qualquer sonho era possível, era só estudar e trabalhar bastante — ensina.