Garantir a conservação da Praça do Trem tem sido uma tarefa difícil para a prefeitura de Caxias do Sul. Nas últimas duas semanas, vândalos furtaram cabos de energia, deixando o espaço público às escuras. Foram quatro ataques desde o dia 19, sendo o último na noite de terça-feira. Para quem costuma utilizar a praça para lazer ou para praticar exercícios, já não é novidade deparar com pichações nas paredes e nos bancos, uma guarita de vigilância em pedaços e diversos pontos com a calçada quebrada.
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Construída num projeto de revitalização da antiga Estação Férrea, a Praça do Trem, localizada ao lado do Shopping San Pelegrino, na Avenida Rio Branco, era considerada, juntamente com a Praça das Feiras — erguida no outro lado da avenida —, um refúgio na movimenta área urbana da cidade. Agora, frequentadores dizem ter medo de circular pelo local no final da tarde e durante a noite. A situação gera indignação de moradores próximos, que também cobram a presença mais constante dos órgãos de segurança.
— Já não temos a liberdade de usar a praça no horário que quisermos. Estamos carentes de espaços assim, feitos para proporcionar mais qualidade de vida para as pessoas, e tudo por conta do vandalismo que tomou conta. Andar aqui durante a noite é pedir para ser assaltado. De dia, é preciso cuidar também, já que não se vê um policial ou guarda municipal passando — lamenta o aposentado Fernando Marcon, 59 anos, que na manhã de ontem caminhava com a mulher, Isabel Marcon, pela praça.
A aposentada Marilene Reis Castro, 63, que frequenta o espaço desde a inauguração, em julho de 2015, está entristecida com o atual cenário que encontra. Para ela, a situação impacta diretamente na rotina dos moradores e, inclusive, na questão financeira do município.
— É triste. Domingo, cheguei aqui e levei um choque quando vi a destruição. Eles tiveram a coragem de quebrar a calçada para arrancar fios. Onde vamos parar? Para quem nunca vem, talvez sejam estragos pequenos. Mas, tudo isso gera um gasto. Aquele valor que poderia ser utilizado na saúde e na educação, agora vai ser usado para tapar buraco. E isso é um problema de todos — analisa.
Prejuízos se multiplicam
A ação dos vândalos também prejudica a população de outra forma: calcula-se que técnicos do setor de iluminação pública da Secretaria de Obras e Serviços Públicos terão de trabalhar no conserto dos estragos (desenterrar a fiação, substituir o material e aterrar novamente) por cerca de uma semana. Isso significa, por exemplo, que eles não poderão atender aos cerca de 30 pedidos diários de consertos da área solicitados ao Alô Caxias.
A secretaria também contabiliza uma despesa de cerca de R$ 5 mil na compra de novos cabos para a praça.
A pasta aguarda a liberação de materiais para restabelecer a iluminação da praça. Como a fiação é subterrânea, os fios são mais grossos e a compra depende de um processo de dispensa de licitação. A ideia é concretar as caixas de inspeção para evitar novos furtos. O conserto é tratado como urgente e deve ser realizado nas próximas semanas.
"Fizemos rondas, mas precisamos do apoio da comunidade"
O chefe da Guarda Municipal, Ivo Rauber, afirma que agentes fazem rondas diárias e em diversos horários para garantir a preservação da Praça do Trem. Porém, ele alega ser impossível deixar guardas 24 horas parados na praça devido à demanda exigida por toda a cidade. A Praça do Trem tem uma câmera de vigilância, que registra apenas a movimentação ao vivo, sem gravação.
— Todas as praças de Caxias fazem parte das rondas diárias da Guarda Municipal. Essa situação de furto de fios e pichações ocorre em vários pontos, não é exclusividade desse espaço. O que faz a diferença é o apoio da população, com denúncias sobre atitudes suspeitas. Dos últimos quatro ataques na Praça das Feiras, em três houve prisões graças às denúncias — revela.
Na noite de terça-feira foram justamente os relatos de moradores que ajudaram os guardas a interceptar a ação de duas pessoas: um homem e uma mulher foram presos após serem flagrados furtando fios. Com ela, foram encontradas uma chave de fenda, uma faca de cozinha, um pedaço de arame e um ventilador roubado da guarita da Guarda. Ainda durante a revista, outro guarda seguiu vistoriando a praça quando deparou com um homem agachado, mexendo em uma luminária. Ao perceber a aproximação do agente, o ladrão saiu correndo e fugiu. Após buscas, o suspeito foi localizado próximo ao bairro Euzébio Beltrão de Queiroz e capturado. Durante a fuga, o marginal jogou uma sacola no chão, onde foram encontradas chave de fenda, alicate, lâmpada de chão, fotocélula e aproximadamente três metros de fio.
— Fomos acionados por moradores que flagraram o furto. É por isso que precisamos reforçar o pedido de apoio. Não temos o que fazer além das rondas e de averiguar as denúncias. Infelizmente, os atos são realizados por vândalos e usuários de drogas. Não temos como ter um controle constante em toda a cidade — lamenta Rauber.
Denuncie
A Guarda Municipal recebe denúncias da população sobre furtos e vandalismo nas praças pelo telefone 153.
CHECK-LIST
Bancos: além da pichação, a ação do tempo deteriorou alguns bancos, que são de madeira.
Paredes: por ser localizada entre prédios, as paredes que cercam a praça são particulares. Pedaços maiores, principalmente na lateral esquerda de quem entra pela Avenida Rio Branco, também foram pichadas.
Iluminação: o furto de fios deixou a praça sem luz. Porém, as luminárias não foram danificadas. Por serem de um formato diferente, as lâmpadas também não foram depredadas ou furtadas.
Parque infantil: brinquedos estão funcionando e em bom estado, mesmo com a exposição ao tempo.
Academia da Melhor Idade: os aparelhos de ginástica estão funcionando sem problema.
Calçadas: há vários pontos quebrados, principalmente, abaixo das luminárias, onde foram abertos buracos para o furto dos fios de luz.
Árvores: as áreas verde e de jardinagem não sofreram danos de vândalos. Apenas em pontos de cascalho é que também houve a abertura de buracos para a retirada de fios.
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