Circular por bairros distantes da área central de Caxias do Sul é um desafio para quem desconhece determinadas ruas. No entanto, o problema antigo e que afeta, principalmente, carteiros, motoboys, policiais e serviços de socorro, deve começar a ser solucionado ainda no primeiro trimestre deste ano: placas de identificação serão instaladas e consertadas em centenas de ruas. Hoje, há diversos trechos urbanos que se quer contam com a localização exposta. Em determinadas ruas, os painéis até existem, mas estão danificados ou com palavras indecifráveis.
Com o fim do processo licitatório, quando a análise da documentação da empresa selecionada para o trabalho for concluída, novas placas com nome de ruas serão colocadas pela cidade. Conforme a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, responsável pelo edital, a manutenção e a instalação dos novos materiais deve iniciar por ruas da área central. Depois, o serviço será executado em locais mais movimentados de bairros populosos e, posteriormente, os demais pontos. Para determinar a ordem das ruas atendidas, um levantamento deve ser feito por uma equipe técnica, conforme determina o Plano Municipal de Identificação de Vias e Próprios Municipais (como praças, parques e viadutos) lançado em 2015.
As novas placas seguirão o mesmo modelo já existente em toda a área central e principais bairros: chapas pretas com letras em amarelo instaladas em esquinas de ruas. Quando a calçada não permitir a fixação de postes de alço, as placas serão colocadas na parede de casas. Nos conjuntos de esquina irão constar, nas duas faces, o letreiro e os números. Informações como CEP (código de endereço postal), bairro, loteamento e numeração do quarteirão também vão permanecer.
Assim que a for selecionada na licitação, a empresa terá 15 dias para iniciar o trabalho. Enquanto isso, os registros já feitos pela população através do Alô, Caxias ficarão parados. Segundo a prefeitura, de janeiro a dezembro, cerca de 60 pedidos solicitando a manutenção ou a instalação de chapas com nome de ruas foram encaminhados ao canal e aguardam atendimento. Estes pontos também farão parte do estudo de locais e devem ser concluídos de acordo com a prioridade.
Para evitar erros de nomenclatura, a empresa vencedora da licitação usará as informações do banco de dados da prefeitura. A expectativa é que 40 placas sejam substituídas por mês.
"Todo dia encontro alguém perdido aqui"
Morador da Rua dos Caminhoneiros há 28 anos, o eletricista automotivo Adão Alves, 58 anos, não passa um dia se quer sem ser indagado por alguém que deseja saber o nome da via. Sentado numa cadeira na porta da mecânica que mantém no bairro Belo Horizonte, na Zona Norte de Caxias do Sul, ele também garante que é frequentemente abordado em outras ruas do bairro que não possuem placa de identificação.
— Não passa um dia sem que alguém pergunte que rua é esta. E são várias ruas que estão sem o nome na placa. Todo dia encontro alguém perdido pelo bairro. O problema é maior para quem não conhece a região, que aí pode se perder bem fácil — conta.
A situação não é diferente na Rua José Zambon, no bairro Portal da Maestra. Só que neste caso, a placa existia até uns anos atrás, porém, foi vandalizada. Um dos moradores mais antigos, o aposentado Rubens Bonczkowski, 76, lamenta a falta da identificação. Conforme ele, transtornos com motoboys, carteiros e visitantes são recorrentes.
— Para explicar onde moro, sempre tento usar um ponto de referência aqui próximo. O pior é quando preciso de algum serviço de manutenção ou entrega de algo que comprei. Quase sempre preciso ir até a esquina para esperar e mostrar o caminho — lamenta.
A entrega de correspondências, aliás, é a que mais tem impacto com a falta de identificação das ruas. Conforme os Correios, o problema é maior quando muda o carteiro que vai atender determinado ponto. Ruas com numeração irregular e CEP errado na carta também prejudicam a entrega.
_ É difícil avaliar bairros com mais problemas na identificação, pois a cada ano surgem loteamentos e ruas novas. Mas temos dificuldade de entrega em vários bairros. Quando um endereço não é localizado, o carteiro retorna para o centro de distribuição e parte para a pesquisa interna nos mapas, até localizar o local. De toda forma, a identificação correta é uma condição essencial para que a entrega ocorra _ explica Paulo Roberto Pante, coordenador de Atividades Externas dos Correios, em Caxias.
