Para veículos de passeio que usam a estrada João Edgar Jung, que liga o distrito de Santa Lúcia do Piaí a Linha Sebastopol, em Vila Cristina, as condições da via podem não parecer tão ruins como outros trechos de estrada de chão no interior de Caxias do Sul. Porém, para moradores daquela comunidade e motoristas transportam cargas por ali, a confirmação do asfaltamento de 16 quilômetros do trecho é motivo de comemoração.
Na última semana, o prefeito Daniel Guerra (PRB) assinou, em Brasília, os termos de concessão de empréstimo de US$ 33 milhões — cerca de R$ 100 milhões — para o Programa de Desenvolvimento da Infraestrutura (PDI). Além da Linha Sebastopol, a liberação do recurso também permitirá a pavimentação da Estrada Arziro Galafassi (conhecida como Estrada dos Romeiros), que liga a ERS-122 à comunidade de Nossa Senhora de Caravaggio, em Farroupilha, e trechos da Estrada do Vinho e do Imigrante.
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As obras devem começar ainda neste semestre, mas a prefeitura não detalhou ao Pioneiro como e por onde começam os trabalhos.
Para a comunidade, o ganho na infraestrutura é certeza de melhoria não só no escoamento da produção — em especial de hortifrutigranjeiros —como também na própria qualidade de vida.
— Perdemos bastante frutas e verduras que ficam batidas devido à estrada. No verão, temos o agravante da fumaça de poeira que levanta com a passagem dos caminhões. Ficamos impedidos de cultivar algumas culturas como a alface, por exemplo, que acumulam bastante poeira por morarmos nas margens da estrada — comenta o agricultor Rudimar Witt.
Conforme Witt, embora a prefeitura deposite com frequência cargas de brita para melhorar as condições da via, a medida se torna paliativa e, eventualmente, acaba atrapalhando a própria colheita.
— As britas até resolvem, mas com o tempo elas acabam rolando, invadindo as safras e descem até no rio (Caí) que passa por trás das casas. Além do transtorno, é um investimento que acaba sendo perdido e que com o asfaltamento vai deixar de gerar gastos ao próprio poder público — acrescenta.
O tráfego de veículos pesados na região é constante. O caminho é utilizado por caminhões para encurtar percurso entre os dois distritos e facilitar o acesso a Porto Alegre via BR-116, onde descarregam a produção na Ceasa.
— É uma alternativa que agiliza muito a nossa logística. Se asfaltar, vai melhorar ainda mais — ressalta o produtor Vilson Rodrigues da Silva.
Estímulo a moradores e turistas
Morador antigo da comunidade, o agricultor Renildo Basso não utiliza tanto o percurso quanto outros produtores da região. No entanto, residindo em um trecho próximo ao local, que também não tinha malha asfáltica há alguns anos, ele afirma ser notável a diferença desde que o trecho recebeu a pavimentação.
— Até a autoestima dos moradores melhora. Depois que asfaltaram, teve até gente que reformou as casas. Nos sentimos mais valorizados — destaca.
Ele relata que a mãe dele, que mora na margem de um dos trechos de estrada de chão, lamenta frequentemente as condições da via que ainda está sem asfalto.
— Ela conta que há semanas em que não dá nem para estender as roupas em razão da poeira. Sempre morei aqui e essa é uma demanda histórica — comenta.
Outro fator que indiretamente deve ser beneficiado pelo asfaltamento, segundo ele, é o próprio turismo na região.
— Realizamos duas festas aqui, a do Agricultor e a de Nossa Senhora do Rosário, e muita gente liga para cá antes de vir para saber qual é a condição das estradas. Alguns acabam desistindo, dependendo da situação. Portanto, o asfaltamento, com certeza, vai atrair muito mais visitantes para a nossa comunidade — complementa Basso.
Projeto reformulado
O Programa de Desenvolvimento da Infraestrutura (PDI) foi um projeto desenvolvido originalmente no governo de José Ivo Sartori (PMDB) e, posteriormente, continuado na gestão de Alceu Barbosa Velho (PDT). O financiamento concedido pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) ao município na última semana foi solicitado na administração passada.
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