A tradicional queima de fogos que marca a passagem de um ano para outro atrai olhares e encanta. O barulho, no entanto, não agrada aos animais de estimação. Nesta época, são comuns histórias de cães e gatos que fogem de casa, se machucam em correntes e até morrem em função do incômodo produzido pelo som das comemorações. A alteração no comportamento dos bichinhos é muito comum, pois eles possuem a audição aguçada e sensível.
Para evitar problemas, algumas dicas de como proteger seu fiel companheiro são essenciais para amenizar o sofrimento. De acordo com a veterinária Giovana Dall'Agnol, o primeiro passo é manter o animal o mais longe possível do barulho. Porém, se isso não for possível, é bom ter cuidado com o local onde ele ficará.
— É importante não deixar o animal sozinho. Procure um cômodo fechado, feche as janelas, cortinas, ligue uma TV ou rádio em volume mais alto e fique lá com ele. Nestes minutos em que os fogos estouram, é importante que o dono do bicho também fique tranquilo. Não há necessidade de ficar com ele no colo. Apenas preste atenção no comportamento dele e tente, ao máximo, camuflar o barulho dos foguetes — orienta.
Os cuidados devem ser redobrados com mascotes que já possuem histórico de fobia. Além disso, animais que apresentam algum problema cardíaco ou respiratório devem ser levados ao veterinário antes da virada do ano.
— Em alguns casos, são receitados sedativos, mas, para isso, deve ser analisada a condição médica do animal. Existem também doses fitoterápicas que podem ser dadas aos bichos nos dias que antecedem o evento. Outra forma mais comum como, por exemplo, colocar algodões nos ouvidos do animal pode ajudar. Neste caso, o material não pode ficar mais que um dia na orelha — alerta Giovana.
Caso não seja possível manter o bicho num local fechado, é preciso soltá-lo de correntes e manter os portões da casa bem fechados.
— Presos, os animais ficam mais irritados e podem se enforcar na própria corrente. Em situações de medo, eles não conseguem dominar os estímulos e acabam correndo em busca de um abrigo. Porém, como não têm percepção de cuidados, eles podem, sim, morrer.
COMO PROTEGER CÃES E GATOS DOS FOGOS DE ARTIFÍCIO
:: Prevenção é a palavra. Os fogos vão acontecer, mas a vida do seu bichinho depende muito da sua atitude.
:: Mantenha a calma. O comportamento alterado pode gerar tensão para o animal. Pegar o animal no colo e tentar acalmá-lo pode, inclusive, intensificar o medo.
:: No dia 31, coloque todos os animais dentro de casa, inclusive os que ficam em canis. Não esqueça de soltar os cães da corrente.
:: Evite colocar muitos animais no mesmo ambiente, eles podem brigar ou até se matarem na hora do desespero.
:: Não deixe o animal sozinho. Quem mora numa casa deve ficar atento aos portões e muros, pois a tendência é que o animal tente fugir para longe do barulho. No caso dos apartamentos, a atenção deve ser direcionada para a varanda e janelas, onde há risco de queda na tentativa de fuga.
:: Animais de porte grande, se possível, devem ser levados para dentro de casa e mantidos sem correntes ou coleiras. No desespero em fugir do barulho, que para eles é ensurdecedor, muitos podem se ferir.
:: Escolha um cômodo que possa servir de abrigo para o bicho e que tenha pouca interferência de barulho externo. É bom ligar a TV ou o rádio para amenizar o som dos fogos.
:: No caso dos gatos, a dica é deixar armários com as portas abertas para que eles possam se esconder. Cães costumam ficar embaixo de camas ou móveis que lhes garantam segurança.
:: Não tente tirá-los do local escolhido: permita que eles encontrem um local onde se sintam protegidos (embaixo da cama, dentro do armário, no meio das almofadas do sofá, dentro do box do banheiro, etc).
:: Jamais medique seu pet. Apenas um veterinário pode fazer isso.
:: Coloque chumaços de algodão grandes nas orelhas do animal. Isso pode ajudar eles a ouvirem menos o barulho dos fogos.
:: Não dê muitos alimentos neste dia, pois o medo pode gerar torção gástrica que pode matar.
:: Mantenha seu pet com medalhinha de identificação.
:: Cubra gaiolas de pássaros com um cobertor grosso: eles também ficam apavorados com o barulho (lembrando que lugar de passarinho é na natureza, jamais em uma gaiola).
fontes: Sociedade Amigos dos Animais (Soama) e Animali Centro Médico Veterinário
AJUDA
Se mesmo com as dicas seu animal fugir de casa, poste o desaparecimento nas redes sociais e peça ajuda para ONGs de proteção animal, que também podem divulgar. Vale espalhar cartazes em locais movimentados como padaria, farmácia, supermercado e bares.
O anúncio deve conter dados como, por exemplo, a foto atual do bichinho, nome, porte, se usava algo, características que ajudem na identificação, bairro que se perdeu, telefones com o DDD e se haverá gratificação.
Identifique seu amigo
É com um vídeo de um minuto, onde um cachorro que está perdido nas ruas passa por situações de medo, solidão, maus-tratos, saudades, tristeza, desespero, fome e sede, que membros da Sociedade Amigos dos Animais (Soama) decidiram mobilizar a comunidade. Por meio do vira-latas Costelinha, encontrado debilitado às margens da BR-116, a entidade lançou a campanha ''Identifique seu amigo".
A ideia é alertar para o triste número de animais que se perderam ao longo dos últimos cinco anos em Caxias do Sul e região e reforçar a importância de o mascote usar a plaquinha com nome e telefone.
— Quando vemos um animalzinho na rua, não sabemos se ele está perdido ou foi abandonado. Se houvesse a cultura da identificação, pelo menos estes que se perderam teriam mais chances de voltar para casa. Foi pensando nisto que lançamos a campanha. Queremos inspirar as pessoas a fazerem este pequeno e tão importante gesto que é identificar o seu amigo — explica a diretora de marketing da Soama, Natasha Oselame Valenti.
De acordo com Natasha, na maioria das vezes as fugas acontecem por negligência e excesso de confiança, além de também existir registros de acidente. Independentemente da situação, Natasha também reforça a eficácia da medalhinha na localização dos donos.
— As pessoas confundem o microchip com medalhinha: os dois são importantes, mas a plaquinha é muito mais ágil para uma rápida localização do dono do animal. Já os dados do microchip precisam de um leitor específico para ser lido. A plaquinha é visível, todos podem ver e isso facilita muito na hora do resgate e da devolução do bichinho.
As medalhas podem ser adquiridas em pet shops, joalherias, lojas de ferragens e até livrarias.
Acompanhe
Os vídeos do Costelinha podem ser acessados através da página do Facebook - Costelinha RC Costelinha. A campanha também é veiculada em canal aberto de televisão e em anúncios diversos.
"Não ter colocado uma medalhinha de identificação foi um erro"
Foi num final de tarde de um dia 31 de dezembro, quando os foguetes já começavam a estourar na praia de Tramandaí, que a cadela Shiva, à época com sete anos, passou por baixo do portão e fugiu de casa assustada. Naquele momento, a cachorrinha estava sozinha na moradia, pois os donos tinham saído para finalizar as compras de Ano-Novo. Bastou poucos minutos para o dia de festa se transformar num pesadelo.
— Chegar em casa e não encontrar ela foi desesperador. Nunca tinha passado pela minha cabeça que ela poderia fugir, afinal, o portão estava bem fechado e ela era acostumada a ficar solta no pátio. Colocar numa corrente me dava agonia, queria deixar ela livre, mas não imaginei o perigo. Passamos horas procurando por toda a redondeza e questionando moradores se haviam visto ela. Foi uma agonia terrível — lembra a aposentada Nilva Bergozza, 62 anos, moradora de Caxias do Sul.
E Shiva foi longe: caminhou por horas, passou por diversas ruas e até deixou rastros, porém, nada que fosse capaz de indicar o seu paradeiro. Na peregrinação em busca da cachorra, Nilva encontrou algumas pessoas que, minutos antes, haviam visto Shiva. Para alguns, ela deixou o contato de telefone e apostou num milagre para localizar a fiel companheira.
— Voltamos para casa já era noite e aí, minha filha e eu nos apegamos na fé. Chegamos a sonhar com o reencontro e acordamos determinadas a encontrar a Shiva. No dia seguinte, logo cedo, saí pelas ruas gritando pelo nome dela. Até que o telefone tocou: era um homem que tinha visto ela perambulando e com o qual eu havia deixado meu número de celular. Ele só disse que havia encontrado a cachorra e nós fomos correndo até lá — conta.
Sem a placa, Shiva foi abrigada numa casa distante e, por sorte, conseguiu reencontrar os donos. Mas este final feliz não representa nem 10% dos casos de cães e gatos que fogem e, sem identificação, não conseguem voltar para os donos. Segundo a Soama, em torno de 98% dos animais que se perdem jamais retornam ao lar.
— A partir do momento em que se opta por ter um bichinho de estimação, se assume uma responsabilidade enorme. É preciso ter consciência disto. Os animais não são mercadorias, temos que ter atenção e muitos cuidados com eles. Por mais que eu sempre tivesse isso em mente, não ter colocado uma medalhinha de identificação foi um erro que poderia acabar em tragédia — afirma Nilva.
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