O Pioneiro lança hoje uma importante ferramenta que, além de contabilizar o número de pessoas que já morreram em acidentes na Serra neste ano, mostra quem são as vítimas e os locais mais perigosos. E mais: o Vidas Perdidas no Trânsito surge como um instrumento para cobrar providências das autoridades diante do alto índice de tragédias em rodovias e ruas dos 65 municípios da região. Até a terça-feira, 78 pessoas perderam a vida em acidentes registrados em 23 cidades serranas, número 36,8% superior ao mesmo período do ano passado (com 57 casos). O aumento é consequência de diversos fatores, que começam com o desrespeito às leis de trânsito ou ao pedestre.
As estatísticas mostram que sábado é o dia da semana que concentra maior índice de mortes, bem como janeiro o mês de mais acidentes fatais. Outra revelação dos dados é que ano após ano, os cenários de tragédias que vitimam mais de uma pessoa se repetem. Exemplo clássico é o Trevo da Telasul, entrocamento da ERS-122 com a BR-470, em Garibaldi. Só neste ano, foram quatro mortes neste ponto e outra em menos de um quilômetro de distância. Além disso, outra estatística se mantêm: homens com idades até 39 anos são a maior fatia das vítimas.
– Idosos voltaram a ser um público vulnerável, bem como crianças. Exemplo disso são as duas crianças que morreram recentemente atropeladas. O descuido de um segundo é responsável pela morte de um inocente – analisa Carlos Beraldo, gerente do setor Educação para o Trânsito em Caxias do Sul.
Idosa atropelada sobre a faixa
Marido e mulher que morrem no mesmo acidente e deixam filhos pequenos órfãos, crianças mortas ao atravessar a rua para ir ao colégio e idosos atropelados pertinho de casa figuram entre as tristes histórias deste semestre. A mais recente é o atropelamento de uma idosa em uma das ruas mais movimentadas de Caxias: Rita Cecilia Baroni Cassol, 72 anos, foi atingida na Rua Sinimbu no dia 14 de junho. Internada, morreu no Hospital do Círculo na última quinta-feira, dia 29. Uma van atingiu a aposentada na esquina com a Borges de Medeiros e, segundo a família, ela estava na faixa de pedestres.
– Ela saiu para comprar um travesseiro para o neto e um livro. Não tem explicação, ela não tinha doença e caminhava pelo menos uma hora por dia com as amigas do bairro. Imaginávamos uma vida longa para minha mãe – desabafa a filha Adriana.
Independente e bastante lúcida, Rita era voluntária da Pastoral da Criança. O acidente será investigado, mas a falta de testemunhas dificulta o avanço do caso. A secretaria de Trânsito embriona um grupo de trabalho que atuará na conscientização da participação de idosos no trânsito.
– Nós vamos à Câmara de Vereadores na semana que vem e pretendemos bolar uma ação integrada com toda sociedade civil. Entidades, imprensa, todos focamos no trabalho com pedestres e idosos – lamenta Carlos Beraldo.