A terceira paralisação dos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) em Caxias do Sul, anunciada na noite da última segunda-feira pelo sindicato da categoria, pode ser suspensa antes mesmo de começar – a data prevista é o dia 17 de abril. O presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei dos Santos, afirmou na manhã desta terça-feira que só depende do prefeito, Daniel Guerra (PRB). De acordo com Santos, basta que ele aceite negociar a contraproposta apresentada por uma comissão de profissionais, ligada ao sindicato. O documento foi entregue na tarde de ontem ao secretário municipal da Saúde, Fernando Vivian.
– Nós não gostamos de fazer greve, mas já que ele (Guerra) não quer conversar com o sindicato, esta foi a nossa única opção. Sabemos que quem mais sofre com isso é a população. Então, ainda estamos abertos para uma conversa – diz Marlonei dos Santos.
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Desde que assumiu a gestão, Guerra entrou em rota de colisão com o sindicalista e não aceita sentar à mesa diretamente com ele. O prefeito exigiu a nomeação de uma comissão de servidores para tratar do reajuste salarial e da carga horária dos profissionais. Santos, por outro lado, vem acusando o Executivo de fugir das tratativas.
Daniel Guerra apresentou no dia 27 de março uma proposta de aumento salarial para os médicos do SUS atrelada a produtividade e qualidade nos atendimentos. Quem a recebeu foi uma comissão de servidores, que levou a sugestão para Marlonei dos Santos, que debateu os pontos com os membros do sindicato. A entidade elaborou uma contraproposta e enviou à prefeitura.
O documento sugere o sistema de R$ 79,91 por hora trabalhada e rechaça ter o atendimento avaliado exclusivamente pela população. O Executivo se negou a analisá-lo porque ele estava timbrado com o logotipo do sindicato. O impasse permaneceu até a tarde de segunda. O secretário da Saúde lamenta o anúncio da nova greve e pede um tempo para que a equipe de governo analise a contraproposta. Toda a agenda do prefeito foi cancelada nesta terça devido à morte do seu sogro.
– O grupo dos médicos certamente estava ciente da situação (do falecimento), há de se respeitar isso. Deflagrar uma greve num momento como esse impede qualquer negociação. Me transtorna, não é uma situação diplomaticamente aceitável. Peço compreensão, a partir de quarta ele retoma os compromissos e esta pauta foi colocada como urgente para a análise – afirma Vivian.
Se for confirmada a paralisação, a rede municipal de saúde deve manter somente os atendimentos de urgência e emergência no Postão 24h. Já nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no Centro Especializado de Saúde (CES), não haverá médicos disponíveis.
– Precisamos aguardar o início da greve para saber quantos médicos vão aderir ao movimento. A nossa expectativa é de que cerca de 70% deixem de realizar atendimentos – avalia Marlonei dos Santos.