Golpistas estão agindo em hospitais com o objetivo de lesar pacientes e familiares em Caxias do Sul. É o que apontam denúncias à polícia. Um dos casos ocorreu no Hospital da Unimed. Um falso médico, que se identificou como doutor Marcos e suposto diretor técnico do hospital, deu uma notícia que apavorou a família do empresário Luís Carlos Borges.
Borges acompanhava a sogra, Sirlei Catarina de Souza, para tratamento de problemas no coração e recebeu um telefonema no quarto do hospital. Segundo o falso médico, a medicação não estava fazendo efeito em Sirlei e era preciso realizar novos exames e aplicar novos remédios, serviços que custariam R$ 3 mil. Caso contrário, a doença evoluiria para leucemia. A promessa do falso médico era de que o dinheiro seria devolvido depois. Assustada com a possibilidade, família se mobilizou para conseguir o valor.
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Por sorte, eles descobriram que se tratava de um golpe quando procuraram pelo suposto doutor Marcos na administração do hospital. Foi ali, que Borges e familiares descobriram que não existia nem exame, nem medicação para serem feitos e nada foi pago. Tampouco os funcionários conheciam o médico.
– Toda a linguagem dele foi bem técnica, bem profissional. Nunca que eu desconfiei que ia ser um trote – conta Borges.
O falso médico não foi identificado. Casos semelhantes ocorreram no Hospital Pompéia em março. Pacientes foram procurados para pagar tratamentos, o que alertou a administração da casa. A direção fez o boletim de ocorrência na polícia, informando que vários familiares receberam ligação no celular, solicitando o pagamento de serviços por meio de depósitos bancários. Os golpes no Pompéia não chegaram a ser consumados.
Conforme a direção, a maioria dos casos aconteceu com familiares de pacientes da UTI. Isso ocorre porque os golpistas se aproveitam do fato de as famílias terem menos contato com quem está internado e também pela gravidade dos casos. Por esse motivo, alertas como esse estão espalhados por vários pontos do hospital.
– Isso não existe dentro da estrutura hospitalar. Se é necessário algum tipo de pagamento, ele é sempre efetuado diretamente ao hospital na tesouraria, nunca por depósito em conta de terceiros. Essa cobrança será sempre feita de forma pessoal por algum funcionário da instituição devidamente identificado. Então, nós fizemos essa campanha, estamos informando constantemente os familiares até porque é um momento bastante delicado, onde esse golpe, muitas vezes, acaba tendo sucesso pela fragilidade do momento em que a pessoa se encontra – alerta a superintendente administrativa do Pompéia, Daniele Meneguzzi.
Caso de estelionato
Na polícia, os casos são registrados como estelionato. O delegado responsável pela investigação, Vítor Carnaúba, explica que apontar a autoria desses crimes é complicada. Ele ainda não se sabe como os estelionatários conseguem as informações dos pacientes. Já houve vítimas que perderam dinheiro, conforme Carnaúba.
– Eles (golpistas) não têm tanta informação, mas algumas eles tem que ter para poder direcionar. É difícil porque o golpista não aparece nunca, ele se utiliza de uma conta bancária e de um telefone, normalmente celular. O celular a gente sabe que o cadastro é falho, é fácil burlar isso. A conta bancária, se for utilizado em nome de um laranja ou com um documento falso também dificulta a identificação do golpista – diz o delegado.
No caso de ligações no telefone fixo, como aconteceu com Borges, o delegado diz que não há como checar de onde veio a ligação porque os números não ficam registrados.
– O que aconteceu com a minha família, a gente não quer que aconteca com ninguém. Nunca achei que eu ia passar por um trote desses, nunca dentro de um hospital, no telefone do hospital – espanta-se o empresário.
Por meio de nota, a direção do Hospital da Unimed disse que está tomando providências para evitar casos assim. A instituição esclareceu ainda que não faz qualquer tipo de cobrança por telefone e que não sabe informar como o golpista teve acesso a informações sobre o estado de saúde da paciente.