Quando a turma com 16 alunos do projeto Crianças e Adolescentes no Esporte (CAE) desembarcou de um ônibus cedido para que pudesse ir do Euzébio Beltrão de Queiroz até o SESI, no Fátima, o ambiente calmo se tornou irreconhecível. A empolgação de chegar a um espaço diferente e experimentar algo novo se confirmou como um grande presente de Natal aos pequenos, com idades entre 8 e 16 anos.
A turma do projeto social que enxerga no esporte uma alternativa de ocupação e aprendizado conheceu o Remadas Solidárias, programa que oferta canoagem gratuita para 322 crianças de 12 escolas da cidade. A experiência de navegar pelo Complexo Dal Bó envolveu ansiedade e bastante concentração das crianças.
– O esporte dá outra oportunidade a eles. No bairro não tem muita ocupação para a mente deles. E onde vivem, é visível a droga, a violência. Então usamos o esporte para dar outro rumo na vida deles – descreve o professor de educação física Jeferson Borges, que acompanhou a gurizada na manhã da sexta-feira.
Com roupas de banho, eles sentaram e empunharam coletes de salva-vida. Dividiram-se em dois grupos para embarcar em botes. Ao receber os remos, precisaram de sincronia e força. Assim que o ritmo engrenou, ouvia-se muitas risadas, cantos e gritos de euforia. Luis Henrique Morais dos Santos, de 11 anos, conhecido como Binho, era um dos mais falantes. Fez questão que o professor acompanhasse a turma na empreitada.
– Eu queria mesmo era entrar na água – brincou.
Cauã Borges, de 11 anos, não cansava de agradecer a um dos instrutores do projeto pela experiência. Também disse que gostaria de voltar assim que o projeto retornar do recesso de férias, na segunda quinzena de janeiro. Cauã contou que a mãe trabalha dando comida para quem não tem, e o pai já faleceu. Este ano, não escreveu cartinha ao Papai Noel, já que a "profe do colégio não pediu". Quando questionado o que queria de presente, desconversou.
_ E para a mamãe, pediu algo de Natal, Cauã?_ perguntou a repórter.
_ Ela já me dá tudo que eu tenho, todos os dias. E tu quer mais?