Em meio à campanha nacional do Novembro Azul, que busca levar conscientização sobre a prevenção do câncer de próstata, a necessidade dos homens estarem mais atentos à saúde é ilustrada por um dado importante: 44% dos pacientes atendidos pelo Instituto do Câncer de Bento Gonçalves, do Hospital Tacchini, chegam à instituição em estágio avançado da doença, o que dificulta a cura. A estatística apresentada pelo instituto que serve como referência para 24 municípios da Serra Gaúcha é semelhante às estimativas de Caxias do Sul.
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_ Quem vem para o serviço de oncologia, notoriamente, já vem, de modo geral, em estágio avançado. Uma boa parcela deste tipo de paciente encerra o tratamento já no cirurgião_ explica André Reiriz, médico oncologista, coordenador médico da Unacon e diretor de Ensino do HG.
Para tentar reverter este índice - e também desmistificar a doença que ainda é tida como tabu _ prefeituras se esforçam em divulgar informações para esclarecer o assunto. Mesmo assim, é visível que a participação do público masculino é consideravelmente inferior que a movimentação do Outubro Rosa, por exemplo, que leva mulheres a lotar as Unidades Básicas de Saúde (UBS).
– É difícil comparar, são cânceres completamente diferentes. O difícil do câncer de próstata é saber quando o paciente tem, e qual é o tipo. Mas é claro que as mulheres tem mais prática de consultas justamente por passarem pelo período de gestação e precisarem de acompanhamento com mais frequência – afirma o diretor de Programas e Políticas de Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, médico Dino de Lorenzi.
Ações desenvolvidas ao longo do ano são fundamentais para reverter este cenário. O programa Programa Municipal de Vigilância, Verificação Precoce e Controle do Câncer de Próstata (VivePróstata), desenvolvido pela Secretaria Municipal da Saúde há dois anos, é um destes esforços. As 47 UBSs do município estão aptas para realizar os dois testes de diagnóstico, o de sangue e o de toque retal. A amostra sanguínea é coletada nos postinhos, e todos os médicos realizam o exame de toque. Há encaminhamentos no Centro Especializado de Saúde (CES) ou ao Ambulatório Central da UCS. A fila de espera é de dois meses.
Se constatada a doença, uma biópsia determina a agressividade o tumor. O SUS também garante o tratamento do doente.
– Nem todo câncer de próstata é mortal, mas homens com mais de 45 anos com irmãos ou filhos tem maior incidência. O VivePróstata faz o rastreamento a partir dos 40 anos – afirma Dino.
ESTATÍSTICAS
:: No Rio Grande do Sul, Porto Alegre, apresenta as mais altas taxas de incidência e mortalidade desta doença no Brasil.
:: Trata-se de tumor maligno mais frequente entre homens, após câncer de pele.
:: Instituições sugerem que os homens com pele negra, com mais de 45 anos com fatores de risco ou com mais de 50 anos sem fatores de risco procurem o serviço de saúde para, juntamente com seu médico, avaliarem a necessidade ou não de investigação.
:: Em Caxias do Sul, a SMS pretende fechar 2016 com uma boa notícia: menos mortes por câncer de próstata do que 2015. Em todo o ano passado, foram 49 óbitos – até setembro este ano, o era de 27. Ou seja, a média mensal caiu de 4,08 para 3.
QUEM DEVE FAZER EXAMES
:: Homens de qualquer idade que apresentem sintomas compatíveis com a doença. O alerta é para obstrução do fluxo urinário, urgência para urinar, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga e dor na região da bexiga.
:: Homens com 45 anos ou mais, cujos pai ou irmãos tiveram câncer de próstata.
:: Homens da etnia negra a partir dos 45 anos (a propensão ao câncer é maior aos negros).
:: Todos os homens a partir dos 50 anos.
Chance de cura de 95%
No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma, de acordo com os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A taxa de incidência é maior nos países desenvolvidos em comparação aos países em desenvolvimento, segundo o instituto, mas segundo o oncologista André Reiriz, a expectativa de vida em território brasileiro é semelhante ao índice de países desenvolvidos.
– Estima-se que 90 a 95% dos pacientes diagnosticados vão estar bem, vão estar vivos após dez anos. A justificativa é que o acesso aos tratamentos tem sido facilitado. Nosso exemplo local é o acesso à radioterapia –afirma Reiriz.
Mensalmente, o serviço de radioterapia recebe seis a sete novos pacientes. Cerca de 100 já passam por tratamento.