Segunda causa de morte na faixa etária entre 1 e 19 anos, o câncer infantil deve passar a ser visto com olhar mais atento por parte da comunidade de Caxias do Sul. Um encontro ocorre hoje na Câmara de Vereadores com a coordenadora de campanhas do Hospital de Câncer de Barretos, Naima Khatib, para conscientizar pais e professores sobre sintomas da doença.
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A instituição é referência no país no tratamento e prevenção da doença, e a ideia é convencer a comunidade de que os sinais geralmente são silenciados no dia a dia, e que muitas vezes, o diagnóstico pode levar até dois anos - o que obviamente prejudica bastante a cura da enfermidade. A instituição de Barretos se consolida como parceira de Caxias do Sul já que em novembro, o município passará a ser um dos 500 brasileiros que integrará uma caminhada para alertar à doença.
– Nossa intenção é despertar a população para o diagnóstico precoce do câncer infantil juvenil, já que os sinais dele geralmente podem ser confundidos com outras patologias. Crianças do Brasil inteiro são atendidos no nosso hospital, inclusive de Caxias do Sul – lembra a assistente social e coordenadora de programas na instituição.
A taxa de cura do câncer infantil no país é de cerca de 50%. Quando descoberto precocemente, alcança 70%. Outra estatística preocupa: estima-se que pelo menos metade das crianças chegam para tratamento médico com a doença em estágio avançado. Por isso, a luta que especialistas travam é para que médicos passem a desconfiar mais dos sintomas, e que pais, munidos de informações, possam acompanhar e investigar com os profissionais se uma simples dor de cabeça não se trata de algo mais grave.
– A peregrinação dos pais até chegar ao diagnóstico correto leva, em média, dois anos. Com pais instruídos, e profissionais de pronto-socorro e unidades básicas de saúde atentos aos primeiros sintomas, o tratamento é mais rápido – afirma Naima.
Participe
A palestra ocorre nesta terça às 14h, no Anfiteatro da Câmara de Vereadores. A entrada é gratuita. Este mês é chamado também de Setembro Dourado, para divulgar a importância do diagnóstico da doença.
Um ano e meio depois, diagnóstico de tumor maligno
A família da caxiense Giovana Vargas Haendchen, 15 anos, é testemunha de que o diagnóstico preciso de um câncer infantil pode resultar em muita peregrinação e ansiedade em todos familiares. A adolescente reclamava de dores na hora de mastigar por pelo menos um ano e meio. Passou por três médicos relatando os sintomas: só depois do desconforto se transformar em um nódulo externo é que exames específicos, como um ultrassom, foram solicitados. A sequência de consultas e exames levou quase um ano, até chegar a confirmação de um carcinoma de células acinares na parótida, glândula que fica na região do pescoço. O laudo de um tumor maligno assustou Giovana, que por meio de indicação médica, recebe tratamento 100% SUS no Hospital de Câncer de Barretos.
– Nunca diria que tratava-se de um câncer. O que oriento aos pais é que não desistam na primeira opinião, que pesquisem e busquem informações sobre o assunto – afirma a mãe de Giovana, a professora Simone.
PRIMEIROS SINTOMAS
:: Dores de cabeça pela manhã e vômito;
:: Caroços no pescoço, nas axilas e na virilha, ínguas que não resolvem;
:: Dores nas pernas que não passam e atrapalham as atividades das crianças;
:: Manchas arroxeadas na pele, como hematomas ou pintinhas vermelhas; aumento de tamanho de barriga;
:: Brilho branco em um ou nos dois olhos quando a criança sai em fotografias com flash.
Os sinais precisam ser frequentes. Com o diagnóstico precoce as taxas de cura podem chegar de 70%.