Uma espécie de acordo de cavalheiros vai manter o prédio onde funcionava a boate Kiss, em Santa Maria, fechado até o final deste ano. O acordo foi selado entre a Econn Empreendimentos de Turismo e Hotelaria, empresa dona do imóvel, e a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).
– A Econn fez uma proposta de o prédio permanecer fechado até dezembro, quando sentaremos de novo para conversar. É um prazo para que a associação veja se tem interesse em adquirir o prédio ou se há interesse do ente público em desapropriar – disse o advogado da empresa, Paulo Henrique Corrêa da Silva.
Segundo o advogado, a prioridade é dar à associação a oportunidade de comprar o prédio, mas caso isso não ocorra, a empresa mantém o projeto de construir um hotel no local.
O vice-presidente da associação, Flávio Silva, diz que os familiares vão tentar a desapropriação do imóvel por parte da prefeitura:
– Vamos conversar com o próximo prefeito para que desaproprie o prédio para que possamos fazer um memorial.
Ainda não há uma definição sobre onde ficarão os pertences das vítimas que atualmente estão dentro do prédio. A Polícia Civil tenta intermediar uma solução.
Conforme Flávio Silva, os familiares querem deixar os objetos dentro onde estão, dentro da boate e que a fachada do prédio seja lacrada com uma parede de tijolos. A entidade deve ter um segundo encontro com o representante da Econn para decidir a questão.
Um policial militar permanece em frente ao prédio, na Rua dos Andradas, até sexta-feira, quando encerra o prazo de cinco dias determinado pela Justiça, a partir da comunicação oficial, o que ocorreu na última segunda-feira.
Na quarta-feira passada, o juiz Ulysses Fonseca Louzada determinou a devolução do imóvel à proprietária e liberou a Brigada Militar da segurança 24 horas que era feita no local, desde o incêndio que levou à morte 242 pessoas em 27 de janeiro de 2013.